Os municípios de Quelimane, no centro de Moçambique, e de Blantyre, a capital económica do Malawi, vão "revitalizar" os acordos de geminação, disse na segunda-feira fonte oficial.
Manuel de Araújo, presidente do município de Quelimane, eleito pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força política no país), assegurou que os acordos, que serão revistos e assinados "dentro de dias", após anos de interregno por "razões burocráticas" da anterior gestão, vão centrar-se nos domínios socioeconómico e cultural, juventude e desporto, além do turismo.
"Queremos que Quelimane seja o ponto de entrada turístico para o Malawi e a geminação com Blantyre vai reforçar o crescimento, sobretudo económico, pois o nosso porto já movimenta cada vez maior volume de carga para aquele país", explicou Manuel de Araújo.
O reforço das relações foi relançado com a visita de três dias a Quelimane do alto comissário de Malawi em Moçambique, que considerou a geminação fundamental, sobretudo para as trocas comerciais dos privados entre os dois países.
"Eu fiquei impressionado em ver como a democracia funciona em Quelimane, onde o governo local (da Frelimo, no poder no país) e municipal têm fé nas suas relações" disse Marry Manonga, durante uma palestra sobre desafios de cooperação entre os dois países.
Moçambique e Malawi viveram nos últimos anos relações diplomáticas controversas, face à recusa de Maputo em permitir o uso dos rios Chire e Zambeze, como acesso daquele país do interior ao Índico.
Também um suposto ataque da polícia do Malawi a uma localidade moçambicana, junto da fronteira comum, azedou as relações bilaterais.
"Em algum tempo, fomos considerados de arrogantes na navegabilidade dos rios Chire e Zambeze, mas na verdade os barcos não saíram dos portos. No incidente da fronteira o inquérito bilateral concluiu que as balas disparadas não eram nem da polícia do Malawi ou de Moçambique, o que indica ter havido um terceiro para azedar as nossas relações", explicou Marry Manonga, insistindo que 99 por cento da população dos dois países "não entendeu as clivagens".
Ivone Soares, deputada pela Renamo, maior partido da oposição moçambicana e membro da comissão parlamentar dos assuntos internacionais, criticou a "diplomacia silenciosa" do governo, admitindo que, nalgumas vezes, alimenta pequenos focos de controvérsia.
Fonte: Rádio Mocambique/Lusa - 12.02.2013
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