A lista das pessoas mais endinheiradas do mundo da revista Forbes deve ganhar mais um nome neste ano – e não, não é o de mais um novo rico chinês. Trata-se de Isabel dos Santos, a primeira mulher africana a entrar no cobiçado ranking de bilionários, graças à sua trajectória meteórica de bons investimentos e a influência política herdada do seu pai, o actual presidente da Angola, José Eduardo dos Santos.
O primeiro bilhão de dólares conquistado por Isabel é resultado dos seus investimentos em Portugal e em Angola nos últimos anos, o suficiente para que os jornais de ambos os países a rotulem como “a dona de parte de Portugal” e a “nova cara da realidade angolana”.
Hoje com 40 anos, Isabel estudou engenharia na Kings College, em Londres, onde vivia com a sua mãe, divorciada do presidente angolano. Ela abriu o seu primeiro negócio em 1997, aos 24 anos, em Luanda. Nada muito complexo como os seus actuais negócios, mas um restaurante chamado Miami Beach.
Desde então, a filha mais velha do presidente da Angola trilhou um longo caminho até o seu primeiro bilhão. Fez investimentos em empresas de diversos sectores, de telecomunicações a energia e exploração de diamantes, sempre em empresas de sectores considerados prósperos. Além de fazer parte do conselho de administração de várias empresas.
Nos últimos tempos, ela vem fazendo com que o seu poder nessas empresas aumente. Em maio do ano passado, ela elevou a sua participação de 4,9% para 14,9% na ZON Multimedia, uma das maiores empresas de TV a cabo de Portugal, percentagem que subiu para 28,8% meses depois, com mais compras de ações no valor de 385 milhões de dólares – iniciativa que a elevou ao posto de actual maior acionista da empresa.
Ela também é dona de 19,5% do Banco BPI, um dos maiores bancos portugueses de capital aberto. Banco Espírito Santo, Energias Portugal e Galp Energia também fazem parte da sua lista de investimentos. Em Angola, Isabel é membro do conselho do Banco BIC, do qual possui 25% das ações – mesma percentagem que o mercado estima que ela detenha na empresa de telefonia móvel Unitel, onde ela também faz parte do conselho.
De onde veio?
Mas, afinal, como uma engenheira africana de 40 anos, com uma carreira iniciada com a abertura de um restaurante, promoveu tal fortuna? Para a imprensa internacional, é um tanto difícil explicar.
Numa, Peter Lewis, professor de estudos africanos da Universidade Johns Hopkins, tenta explicar a falta de detalhes sobre a ascensão de Isabel com a maneira como os negócios são feitos em Angola. "Claro que o poder político e o círculo de influências do seu pai deve ter contribuído, mas o facto é que a governança de Angola ainda é obscura", disse.
Angola situa-se na costa ocidental de África, um país de 18 milhões de pessoas que vivem numa área rica de petróleo e diamante. O país sofreu 27 anos de uma guerra civil, que terminou em 2002. José Eduardo dos Santos é presidente desde 1979, quatro anos após o país ganhar a sua independência de Portugal.
Fonte: revista Exame in Rádio Mocambique - 02.02.2013
Sem comentários:
Enviar um comentário