A imprensa malawiana alega que, a não ser que haja um milagre, tudo indica que o DPP de Mutharika já tem os dias contados e este ano poderá culminar com o seu desaparecimento total e definitivo da arena política nacional.
Já antes do funeral do seu dirigente, milhares de membros do DPP, entre ministros e deputados, já estavam a abandonar em massa esta organização política para se juntar ao Partido Popular da Presidente Joyce Banda.
Depois das cerimónias fúnebres, a afluência ao Partido Popular ultrapassou as expectativas e cada dia que passa membros séniores do DPP estão a abandonar a organização para se juntar à nova liderança, e alguns até foram vergonhosamente escorracados alegadamente serem oportunistas.
Outro sinal que marca a crise que afecta o partido do falecido Presidente Bingu wa Mutharika, aconteceu esta semana quando apenas vinte e sete dos cento e nove deputados do DPP no Parlamento juntaram-se à reunião realizada em casa de Peter Mutharika em Lilongwe para analisar o futuro do partido, na sequência da morte do seu fundador.
Peter Mutharika, irmão mais novo do falecido Presidente Bingu wa Mutharika, dirige interinamente o DPP.
Inesperadamente, o Partido Popular acabou assumindo o protagonismo no Malawi, quando Joyce Banda foi empossada no passado dia sete de Abril, após a súbita morte de Bingu wa Mutharika devido a uma paragem cardíaca.
O Partido Popular foi fundado o ano passado por Joyce Banda, depois desta ter sido expulsa do DPP por não ter endossado a candidatura de Peter Mutharika, para as eleições gerais de 2014.
Como tem sido prática no Malawi, os partidos políticos só sobrevivem enquanto estiverem no poder e logo depois da morte de Bingu wa Mutharika a cinco de Abril último, alguns analistas já vaticinavam também a morte inevitável do partido que fundou em 2005 depois de desertar da UDF, porque a sua sustentabilidade dependia apenas do erário público.
Durante o seu regime e com recurso a fundos do Estado, Mutharika comprou dezenas de carros e outros bens para o seu Partido, para além de ter ordenado as âlfandegas malawianas a depositarem dez por cento das suas receitas mensais para a campanha eleitoral do seu irmão mais novo, Peter Mutharika, em 2014. Com a sua morte, esta torneira secou para sempre.
Analistas dizem que depois da introdução do multipartidarismo no país em 2003, os partidos políticos no Malawi são geralmente um clube de amigos, que está a procura do poder para viabilizar os seus interesses pessoais e não a causa nacional.
Esta pode ser uma das razões que explica o facto da maioria dos partidos políticos malawianos não terem estatutos e programa, e muito menos uma agenda nacional de desenvolvimento.
À semelhança de outros partidos do continente africano, os partidos políticos malawianos também pecam pela ausência da democracia interna e por não realizarem Congressos regulares para a eleição dos órgãos directivos.
Em função deste cenário, quase oitenta ou noventa por cento dos políticos malawianos já passaram por mais de dois ou três partidos, apenas a procura do poder e em todos os casos provou-se que a filiação partidária era apenas um golpe de oportunismo.
Nos últimos dias, a imprensa malawiana escreve que mesmo o veterano político e líder do Malawi Congress Party, John Tembo, está a tentar persuadir a Presidente Joyce Banda para lhe nomear como seu segundo Vice-Presidente.
Aliás, John Tembo já anunciou publicamente que está disposto a aceitar o cargo caso seja convidado pela Presidente Joyce Banda.
John Tembo é igualmente líder da oposição no Parlamento e estes dias tem vindo a desfilar ao lado da presidente Joyce Banda, aparentemente com o intuito de ganhar alguns dividendos políticos.
Por Faustino Igreja, em Blantyre
Fonte: Rádio Mocambique - 01.05.2012
Fonte: Rádio Mocambique - 01.05.2012
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