Luanda - O fracasso de modelos políticos e económicos em África se deve as opções adoptadas pelos Estados africanos, antes das independências nos anos 60 do século XX, disse hoje (terça-feira) em Luanda o historiador gabonês, Jean Martial Arsène Mbah.
Em entrevista à Angop para abordar a situação política, económica e social de África, o professor de história africana, frisou que antes do período de autodeterminação os africanos tinham duas opções, a de libertar-se e caminhar sozinhos ou obter a independência na unidade.
Segundo o docente universitário do Instituto Superior de Ciências de Educação (ISCED) da Universidade Agostinho Neto, “a primeira opção foi que cada país queria a sua independência de forma unilateral, trouxe os resultados que hoje se assistem”.
Defendeu que mesmo que um Estado seja dotado de imensas riquezas não consegue enfrentar a situação do mundo sozinho, sendo também incapaz de desenvolver-se com os seus próprios esforços.
Por isso, há a necessidade de se criar blocos regionais ou continentais, como se assiste noutras partes do mundo.
Jean Mbah sublinhou que já se experimentou a primeira opção (a de caminhar sozinha) que não deu resultados, por isso, urge promover a segunda que defende a unidade do continente africano.
“É a única solução, para que a África saia do subdesenvolvimento quer económico quer social”, disse.
Disse que a América do Norte conta com um grande bloco económico tal como os europeus com a União Europeia, a China, a Índia e o Japão são potências económicas na Ásia.
De acordo com a fonte, a América Latina, com os novos líderes como Luiz Inácio Lula da Silva, e Cristina Kichner, e outros, estão a construir um novo bloco económico que é o Mercossul (mercado comum), ocorrendo o mesmo com a Alba que junta a Venezuela, Cuba, Equador, Nicarágua, e Bolívia.
Segundo o historiador, as novas lideranças políticas perceberam que o modelo ultraliberal que os americanos quiseram implementar na América Latina não iria resolver os seus problemas e só criaria desigualdades sociais.
Assim, os latinos americanos ao criarem novos modelos e blocos políticos e económicos os possibilita enfrentar os destinos do mundo actual e esse seria o exemplo dos países africanos para resolver os seus problemas, frisou Jean Mbah.
Debruçando-se sobre o NEPAD - Nova Parceria para o Desenvolvimento de África, o professor universitário é de opinião que as instituições criadas no continente não têm futuro, devido a atitude dos próprios governos africanos.
Sustentou que o NEPAD fora criada sob auspícios dos presidentes Hosni Mubarak , do Egipto, Abdelaziz Buteflika, da Argélia, Abdoulaye Wade, do Senegal, Olusegun Obasanjo , da Nigéria, e Thabo Mbeki, da África do Sul, “mas nenhum outro país africano sabia o que era essa organização porque faltou o debate sobre os objectivos da instituição”.
Para a fonte, como ninguém em África sabia o que seria essa organização, ela não poderia dar bons resultados, por não se ter associado à iniciativa, aos povos, as elites e aos intelectuais, com vista ao debate de ideias.
Lamentou o facto de todos os projectos em África contar apenas com a cooperação estrangeira, sem consultar a competência interna de quadros africanos que não faltam na actualidade, é por isso, que esses programas nunca atingiram os resultados desejados.
Jean Martial Mbah é professor de metodologia de investigação histórica do ISCED e da Faculdade de Ciências Sociais, da Universidade Agostinho Neto (Angola), licenciou-se em História pela Universidade Omar Bongo, de Libreville (Gabão), obteve o mestrado em Poitiers, e o doutoramento pela Universidade Paris I (Panthéon-Sobornne), ambas em França.
Fonte: Angolapress - 01.11.2011
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