As cidades de Nampula e da Beira apresentam hoje uma presença policial e militar superior ao habitual, após a Renamo ter anunciado na quinta-feira a intenção de tomar sedes de governos provinciais pela força.
Ao contrário do que sucedeu nos últimos dias, mais de vinte elementos da Força de Intervenção Rápida (FIR) estavam hoje visíveis junto das instalações onde decorre o Conselho Nacional da Renamo, na cidade da Beira.
A reunião do principal partido de oposição deliberou na quinta-feira a criação, "a bem ou a mal", de autarquias provinciais nas regiões onde o partido de oposição reclama vitória nas últimas eleições, tendo também aprovado a criação de uma polícia e a redistribuição do seu efectivo militar para responder a eventuais ataques do Governo.
Também em Nampula, a Lusa observou vários carros militares a circular pela maior cidade do norte do país, com agentes das Forças Armadas de Defesa de Moçambique altamente armados.
As forças de defesa e segurança eram igualmente visíveis nas zonas de maior influência da Renamo em Nampula.
Sem avançar datas, o porta-voz do Conselho Nacional da Renamo disse na quinta-feira que o movimento vai evacuar os edifícios estatais onde funcionam os atuais governos provinciais e aos dirigentes da Frelimo ser-lhe-á dada a oportunidade de escolha, de se filiarem na Renamo para se manterem nos cargos ou transferirem o poder para o partido de oposição.
"O Conselho Nacional deliberou que o partido devia prosseguir com a implementação das províncias autónomas e governe à força onde ganhou as eleições porque temos legitimidade para dirigir as províncias", afirmou José Manteigas.
Hoje em Maputo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou a preparação de uma nova ronda de contactos com os partidos de oposição.
Sem mencionar a Renamo, Nyusi reiterou a sua disponibilidade para se encontrar com os líderes da oposição e representantes da sociedade civil, "com vista a dar prosseguimento a um diálogo orientado para resultados concretos no domínio da consolidação da paz".
No início do seu mandato, Filipe Nyusi avistou-se duas vezes com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e também com o presidente do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), Daviz Simango, e representantes de vários partidos extra-parlamentares.
Depois dos encontros entre o Presidente da República e o líder da oposição, a Renamo submeteu um ante-projeto de lei ao parlamento, preconizando a criação das autarquias provinciais em seis regiões do país (Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa), mas a proposta foi rejeitada pela maioria da Frelimo.
A iniciativa da Renamo visava ultrapassar a crise política em Moçambique, motivada pela recusa do principal partido de oposição em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro.
Fonte: LUSA – 12.06.2015
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