sábado, junho 13, 2015

“Moçambicanos questionaram, em Paris, as lições dos 40 anos da independência

Nota: É isto que apelo aos compatriotas que estudam fora. Brilhem aí ou seja aqui fora e regressados ao país continuem brilhando juntando-se aos que já brilham lá na terra para salvar o país da elite predadora.

Segundo a LUSA:

Investigadores e académicos moçambicanos debateram hoje, em Paris, as lições da independência de Moçambique, nomeadamente "até que ponto se conseguiu romper com o Moçambique colonial" 40 anos depois.

Régio Conrado, mestrando em Ciências Políticas no Institut d'Études Politiques de Bordéus e um dos oradores do simpósio promovido pela Embaixada de Moçambique, admitiu ter "dúvidas" de que se tenha conseguido "romper com a estrutura" do Moçambique colonial.


O também assistente do departamento de Ciências Políticas e Administração Pública da Universidade Eduardo Mondlane lembrou que na era colonial "toda a extracção dos recursos naturais em Moçambique era virada para Portugal" e que "a economia política da produção se baseava na zona centro e norte" enquanto o sul era "uma economia de serviços". "O que mudámos?", questionou.

"Hoje, 40 anos após a independência, quem vive os benefícios da independência? Avançámos ao nível da saúde, educação, universidades, mas se a colonização portuguesa atribuía um conjunto de territórios por mais de 50 anos, no contexto pós-colonial, os camponeses correm o risco de terem terras expropriadas", declarou Régio Conrado, defendendo que "há que repensar o imaginário nacional" e pensar em uma forma de "fazer o moçambicano do interior do país sentir-se parte deste projecto".

Questionado pela agência Lusa sobre a tensão política entre a Renamo e a Frelimo, Régio Conrado admitiu que o líder da oposição Afonso Dhlakama e o Presidente moçambicano Filipe Niusy "estão decididos em ultrapassar os seus diferendos", mas considerou que "Moçambique deve pertencer a todas as populações de Moçambique", lembrando que "mais do que vontade política é preciso que os moçambicanos compreendam que são sujeitos da história" e que não devem deixar essa história "ser capturada por duas figuras que não são nem a história de Moçambique nem o Estado moçambicano".
Também o investigador Elísio Muendane disse à Lusa que hoje se vive "uma situação de governação de incertezas" face às ameaças da Renamo em forçar o projecto de autarquias provinciais, defendendo que a urgência é a "reconciliação nacional".

"Muito rapidamente os moçambicanos precisam de se unir para encontrar a reconciliação, mais do que a paz, porque é um dos vazios que nós tivemos com o processo geral de paz. Houve um processo de pacificação, houve uma democratização, mas nunca houve uma reconciliação entre os moçambicanos", explicou o mestrando no Institut d'Études Politiques de Bordéus...

Fonte: LUSA – 13.06.2015

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