Em Moçambique, alguns economistas dizem que o risco de o projecto ProSavana provocar graves situações de exclusão social é real sobretudo porque não parece que o Estado moçambicano tenha capacidade de coordenar este programa de elevados investimentos e de grande movimentação de pessoas, mas o Governo afirma que esta abordagem não faz sentido.
O economista João Mosca, da organização Observatório do Meio Rural , diz ter muitas inquietações relativamente a este projecto, que envolve Moçambique, Brasil e Japão, tendo como objectivo o desenvolvimento do sector agrário nas províncias de Niassa, Nampula e Zambézia.
Mosca, que é também docente universitário, afirma ter alguam inquietação sobre a questão da ocupação e gestão de terras, a transformação rápida das estruturas agrária e económica no território, onde a agricultura, tendo muito peso, sobe a mineração e tudo o que isso implica em termos de desenvolvimento e de inclusão ou não de uma parte significativa das populações.
O académico diz-se preocupado também com a transparência do processo, e, ligado a isso, o acesso à informação relativamente aos Governos que estão metidos nisso, e, inclusivamente, a própria organização da estrutura do ProSavana.
"Temos dúvidas sobre a capacidade do Estado de coordenar este programa imenso de grandes investimentos e de grande movimentação de pessoas, de grandes previsões de aumentos de produção", destacou o economista.
A outra preocupação é com a política económica que deve estar associada a investimentos e a desenvolvimentos de espaços que são maiores que muitos países e com populações maiores que muitos países que existem no mundo.
Entretanto, Calisto Bias, um dos coordenadores do ProSavana no Ministério moçambicano da Agricultura e Segurança Alimentar, diz não ser correcto trazer para o país abordagens sobre situações que ocorrem noutras partes do mundo.
Bias afirmou que, no contexto do ProSavana, "queremos olhar para os diferentes grupos de produtores e encontrar abordagens específicas para esses grupos, porque reconhecemos que aconteceram intervenções, no passado, que não distinguiam os diversos tipos de produtores, e eu penso que isso vai minimizar a questão da exclusão".
O ProSavana, que vai ser implementado ao longo do chamado Corredor de Nacala, visa melhorar as condições de vida das populações, através de um desenvolvimento regional sustentável e inclusivo, e modernizar a agricultura, para aumentar a produção e a produtividade agrícola.
O programa pretende também gerar emprego, através de investimentos agrícolas e do estabelecimento da cadeia de valores.
Fonte: Voz da América – 04.06.2015
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