A presidente da Libéria e uma das vencedoras do Nobel da Paz 2011, Ellen Johnson Sirleaf, defendeu uma lei que criminaliza actos homossexuais no seu país durante uma entrevista ao jornal inglês The Guardian.
"Nós gostamos de nós mesmos do jeito que somos. Temos certos valores tradicionais na nossa sociedade que gostaríamos de preservar", disse. A legislação da Libéria pune a "sodomia voluntária" com até um ano de prisão, mas dois novos projectos de lei propõem punir a homossexualidade com sentenças muito mais duras.
Ellen Johnson falou ao Guardian ao lado do ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que lidera uma fundação de ajuda aos países africanos - a Iniciativa de Governança Africana (AGI, na sigla em inglês). Blair sentiu-se visivelmente desconfortável com as declarações, mas recusou comentá-las. Nos mais de 10 anos como primeiro-ministro, entre 1997 e 2007, ele foi reconhecido por lutar pela igualdade de direitos homossexuais, pressionando leis sobre união civil, levantando a proibição dos homossexuais nas forças armadas e reduzindo a idade para consentimento de gays para 16 anos.
Quando questionado se os bons governos andam lado a lado com os direitos humanos, o ex-primeiro-ministro británico disse que não responderia sobre isso. "Uma das vantagens de fazer o que eu faço hoje é que eu posso escolher os assuntos nos quais eu me envolvo e os assuntos nos quais eu não me envolvo. Para nós, as prioridades estão em energia, estradas, oferta de empregos", afirmou Blair. Católico convertido, ele pediu no passado que o papa repensasse as suas visões "entrincheiradas" e oferecesse direitos iguais para gays e lésbicas. Mas disse que os direitos dos homossexuais não eram algo que ele estava preparado para discutir como conselheiro de líderes africanos.
A Libéria é um dos 37 países da África no qual a homossexualidade é proibida. Com a tramitação de dois projetos de lei que pretendem ampliar as penas para gays que forem descobertos, a intolerância tem aumentado no país do oeste africano. De acordo com o “Guardian“, pelo menos seis casos de homofobia foram registados, no mês passado, na capital, Monrovia.
Ellen Sirleaf foi agraciada com um Nobel no ano passado, pelo seu trabalho na defesa dos direitos das mulheres. Actualmente com 73 anos, Ellen estudou economia em Harvard e foi eleita presidente da Libéria em 2005, após décadas de guerra civil. A chefe de Estado dividiu o prêmio com outras duas mulheres, Leymah Gbowee e Tawakkul Karman. Na época, a academia sueca disse que as três foram escolhidas "pelo combate não-violento pela segurança das mulheres e pelo direito das mulheres de plena participação num trabalho de promoção da paz".
Fonte: Rádio Mocambique - 20.03.2012
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