Port Louis, 31 Mar (AIM) – O Presidente das Maurícias, Anerood Jugnauth, que tem estado em conflito aberto com o Primeiro-ministro, Navinchandra Ramangoolam, anunciou sexta-feira a sua demissão para se juntar à oposição.
“Eu não estou de acordo com a filosofia do governo e a maneira como o país está a ser gerido,” disse a jornalistas, acrescentando que a sua resignação tem efeito a partir de sábado.
“Quando não estou de acordo, abandono,”, acrescentou, no seu gabinete em Reduit, no centro da ilha.
Jugnauth vai ser substituído no cargo pelo vice-presidente, Ohsan Bellepeau, que pertence ao mesmo partido que o Primeiro-ministro.
A resignação vai pôr fim às querelas entre os dois políticos, que começou quando o líder da oposição no parlamento, Paul Berenger, anunciou, em princípios deste mês, a criação de uma nova aliança da oposição, chefiada por Jugnauth.
Ramgoolam pediu ao presidente, que completou 82 anos esta semana, e cujo papel é principalmente cerimonial, para confirmar ou negar as declarações da oposição e, se confirmar, que resigne.
Não houve imediata reacção perante a demissão do presidente, sexta-feira, por parte de Ramgoolam, que estava numa reunião de ministros.
Ramgoolam, que foi eleito para o cargo em 2010, ainda detém a maioria no parlamento.
Jugnauth é o fundador do Movimento Socialista das Maurícias (MSM), partido actualmente liderado por Pravind Jugnauth, que deixou o governo ano passado, juntamente com vários ministros membros do MSM e membros do parlamento, por causa de um escândalo de corrupção.
Os políticos que resignaram passaram-se à oposição e acabaram formando uma aliança com o Movimento Militante das Maurícias (MMM), chefiado por Paul Berenger.
Anerood Jugnauth vai agora chefiar a aliança MMM-MSM.
Jugnauth tem estado na política desde 1963, chefe da oposição parlamentar desde 1976 até 1982, e depois serviu como Primeiro-ministro entre 1982 e 1995 e de novo entre 2000 e 2003. Ele ocupou o cargo de presidente do país desde 2003. O seu segundo mandato deveria expirar em 2013.
Em 2002, o então presidente, Cassam Uteem, resignou por discordar da proposta de lei de combate ao terrorismo.
Segundo a Constituição das Maurícias, o presidente pode devolver uma proposta de lei ao parlamento uma vez, depois de a modificar. A segunda vez ele é obrigado a promulgá-la ou a resignar.
O país, um arquipélago de quarto ilhas, é oficialmente dividido em quarto grupos étnicos: Hindus, muçulmanos, chineses, e a restante “população geral”. Quase sempre tem tido um Primeiro-ministro da maioria hindu.
Desde que ficou independente da Grã-Bretanha, em 1968, a República das Maurícias tem sido considerada como uma democracia estável e com um crescimento económico sustentável, que faz dos seus 1,2 milhões de habitantes dos mais ricos em África.
(AIM)
Times live/bm/sg
Fonte: AIM - 31.03.2012
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