UMA comissão de inquérito acaba de ser constituída no distrito de Muecate, em Nampula, para apurar a veracidade da suposta viciação das folhas de salários dos professores, alguns já falecidos. Os resultados do inquérito deverão ser conhecidos dentro em breve.
O “Notícias” está na posse de uma lista contendo nomes de professores que, embora perecidos há alguns anos, constam ainda das folhas de salários. O dinheiro daí resultante, alegadamente, beneficiava alguns gestores do sector da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia em Muecate.
Esta denúncia foi feita por um comité que se diz representar cerca de seiscentos professores em serviço naquele distrito, que alegam como cérebro da viciação o chefe dos serviços administrativos, em conluio com o chefe distrital dos Serviços de Educação, Ciência e Tecnologia.
Segundo o comité, para além dos nomes de defuntos, a viciação das folhas de salários contemplava também professores cujos contratos terminaram e de outros que de livre e espontânea vontade abandonaram a função educativa.
A denúncia surge poucos dias depois de os professores terem escrito à Direcção Provincial da Educação reivindicando o pagamento de subsídios de chefia, horas extras e de ajudas de custo pela participação nos jogos escolares, realizados na cidade da Matola, em Julho último.
Entretanto, Constantino Pirai, chefe distrital dos Serviços de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia em Muecate, ouvido pela nossa Reportagem, distanciou-se da acusação dizendo-se vítima de uma cabala.
Por seu turno, a directora provincial da Educação, Páscoa Azevedo, confirmou-nos a recepção da carta-denúncia, remetendo-nos, porém, ao Governo distrital para a busca de mais pormenores. É que à luz da descentralização e desconcentração de competências, os recursos humanos dos diferentes sectores de actividade são geridos localmente.
Enquanto isso, Chamade Alide, secretário permanente distrital, disse, inquirido a propósito pelo “Notícias”, que a investigação está em curso e que até ao próximo dia 10 os resultados serão tornados públicos.
“Independentemente das conclusões do inquérito, nós achamos que já não existem condições para que os indiciados neste processo continuem a trabalhar no distrito de Muecate”, sublinhou.
Fonte: Jornal Notícias - 08.09.2011
Reflectindo: escrevi num comentário em 2008 que tudo isto é uma rede de corruptos. As nomeacões para cargos, sobretudo aqueles que mexem dinheiro público, são para garantir o esquema de corrupcão. No caso de Nampula, o jornal O País denunciou (Directora de Educação sob suspeita de prática de corrupção e nepotismo) a directora provincial de Educacão, também porta-voz do governo provincial como suspeita de actos de corrupcão. Mas como ela é grande demais e suponho que dependa do governador, ministro ou Presidente da República, ainda não ouvimos nada que esteja sob investigacão, como não ouvimos sobre outros tubarões que foram denunciados pela imprensa. Tenho pouca certeza que haja distrito algum que não tenha este problema. Esses corruptos sentem-se imúnes porque muitos deles são os que cometem crimes eleitorais a favor do poder de forma directa ou indirecta. Eles conhecem o lado sujo dos seus superiores.
Agora, digam-me o que serviu a recente actualizacão do efectivo dos funcionários públicos?
2 comentários:
Muito profundo seu comentario. Por acaso eu tive o previlegio de ser presidente de mesa nas eleicoes municipais em Maputo (quando eu era estudante)...vi muita coisa
Miller, faço convite aos frelimianos para me provarem o contrário.
Muitos deles e não tenho receio de dizer que acima de 90 % são reconhecidamente abutres. Estou a dizer que a única base para se ser importante na Frelimo é ter um cadastro sujo, isto é ser ladrão e não menos com capacidade de fazer um jogo sujo em eleicões.
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