A nível dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)
Guiné-Bissau é o país que pior paga aos médicos. Moçambique segue em segundo lugar.
Depois de Guiné-Bissau, Moçambique aparece na lista como o segundo país que paga salários baixos aos médicos a nível dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
No início da carreira, dependendo de onde é afectado, um médico ganha entre 12 e 20 mil meticais em Moçambique, ou seja, entre 400 a 667 dólares (279 e 465 euros). O último valor é conseguido por aqueles profissionais que são afectos em zonas recônditas, recebendo, para o efeito, o subsídio de deslocamento ou de isolamento.
Um médico no topo da carreira aufere um salário estimado em 30 mil meticais, equivalente a 1000 dólares (cerca de 700 euros).
Tomando em consideração o ordenado base de 12 mil meticais, a conclusão a que se chega é de que o médico moçambicano recebe menos de metade do salário que um médico ganha em Cabo Verde. Ou seja, naquele arquipélago, no início da profissão, o médico tem um salário base de 800 euros, equivalentes a 34.400 meticais.
A comparação entre as duas realidades pode ter uma margem de erro, atendendo que o custo de vida é diferente nos dois países, podendo tornar menos valioso o salário de um médico em Cabo Verde relativamente a Moçambique. Mas a análise não perde a sua validade, uma vez que se trata de países cujas realidades económicas não são muito diferentes.
Em pior situação estão os médicos de Guiné-Bissau, pois ganham por mês 200 euros, qualquer coisa como 8 600 MT, pouco abaixo do salário base de um médico moçambicano.
A realidade torna-se mais dura quando comparamos o rácio médico/habitantes. Aí Moçambique lidera o ranking, com um médico para 25 mil habitantes, contra a média africana de um médico para 12 mil habitantes. Angola e Guiné-Bissau seguem nas posições subsequentes, com um médico para 10 mil e sete mil habitantes, respectivamente.
Cabo Verde (425 médicos) e São Tomé e Príncipe (cerca de 90 médicos) são os países com um rácio confortável, o que se deve à sua densidade populacional - cerca de 500 mil habitantes em Cabo Verde e 172 mil em São Tomé e Príncipe.
Esta situação deixa claro que em Moçambique o médico trabalha mais e recebe menos.
A Ordem dos Médicos de Moçambique está preocupada com esta situação, que apoquenta sobremaneira a classe médica nacional. Com vista à busca de soluções, avançou com a elaboração do “Estatuto do Médico”, que visa a melhoria das condições da classe. A proposta deverá ser submetida ao Conselho de Ministros, para análise e aprovação.
Actualmente, existem em Moçambique 1 200 médicos, dos quais 200 são estrangeiros.
Fonte: O País online - 31.03.2010
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