No meio desta turbulência houve vários fenómenos que chocaram o mundo, outros ainda insólitos, tais como o nascimento, a 1 de Março, de uma criança em cima de uma árvore, que viria a ser conhecida como o símbolo das cheias em Moçambique: a Rosita.
Do anonimato, Rosita passou a ser a criança mais mediatizada do ano 2000. A fama não foi para menos, pois a imagem do seu nascimento “sui generis” rodou o mundo inteiro e na altura quase todos queriam conhecer a menina mais famosa de Moçambique. Choveram convites e ela, na companhia da sua mãe, pisou o solo do país mais rico do mundo. Esteve nos Estados Unidos da América onde visitando alguns Estados. Passou também pela Europa tudo num tratamento “Very Important Person”. Nalguns casos com limusinas e até escolta. Teve várias recepções com altas personalidades e curiosos que de perto quiseram ouvir a experiência de uma mãe que deu à luz em cima de uma árvore e foi resgatada por um helicóptero. Foi por alguns dias VIP. Dinheiro, presentes e promessas de ajudar a pequena não faltaram fora e no solo pátrio.
Do Governo moçambicano não faltou a atenção. O então Chefe do Estado, Joaquim Chissano, ficou igualmente sensibilizado. Recebeu Rosita no Palácio da Ponta Vermelha. Aliás, imagem que correu o mundo inteiro, do resgate da menina recém-nascida numa árvore, num dia chuvoso, sensibilizou a comunidade internacional que passou a dedicar maior atenção ao sofrimento do povo moçambicano.
Rosita vivia já num centro de acolhimento enquanto se aguardava pelo processo de reassentamento. Lá em Chibuto. Houve necessidade de se transferir a menina para a cidade de Maputopara que facilmente fosse contactada.
Por algum tempo, Rosita viveu na capital moçambicana, sob responsabilidade do Ministério da Mulher e Acção Social, enquanto se concluia a construção da casa que o Governo Moçambicano ofereceu à menina que simboliza as cheias do ano 2000.
A educação continua a ser assegurada pelo Governo, através do Instituto Nacional de Acção Social. Os seus pais eram na altura desempregados e ganharam emprego. A mãe é funcionária da Administração e, para além de trabalhar, teve que frequentar o Curso de Alfabetização de Adultos.
Alguns dos bens oferecidos foram vendidos pelo progenitor que, a dado momento perdeu por ordens judiciais o poder parental. Foram quatro bois e cabritos. O casal enfrentou momentos de turbulência no relacionamento. Actualmente, segundo o pai da menina, a harmonia voltou a reinar na família.
Lamenta o facto de não poder ter dinheiro para vestir a sua filha. “Ela recebe livros e pasta escolar. Já não recebe comida há mais de sete anos. Recentemente esteve em Maputo com a mãe para tentar resolver a questão da conta bancária para ver se se abre uma excepção e ela passar a usufruir de algum dinheiro para o seu sustento”.
“Agora temos quatro filhos. Depois da Rosita fizemos mais uma criança que completa este mês quatro meses de vida. É uma menina. Eu estou a trabalhar aqui no município e a minha mulher está afecta nà Administração”.
Fonte: Jornal Notícias - 03.03.2010
NB: o título é e o texto é do Jornal Notícias.
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