O LÍDER da juventude do ANC (no poder) foi ontem considerado culpado de “discurso odioso” por ter afirmado que a queixosa no julgamento por alegada violação contra o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, terá passado “um bom tempo”.
“O tribunal considera que as declarações do acusado (...) são de natureza odiosa”, afirmou a juíza Colleen Collis, acrescentando ainda que Julius Malema terá de pedir desculpas publicamente e doar 50 mil rands (cerca de cinco mil euros) a um centro de assistência para mulheres vítimas de violência.
“O senhor Malema tem uma grande influência política e deve ter atenção para não se transformar num homem que fala sem dizer nada e sem qualquer sentido”, disse a magistrada.
A polémica remota a Janeiro de 2009, quando o presidente da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano (ANC) ridicularizou as acusações de violação contra o Presidente sul-africano, ilibado em 2006 por falta de provas.
“Quando uma mulher não tem prazer, ela parte logo cedo de manhã. As mulheres que passam um bom tempo ficam depois do nascer do sol, pedem pequeno almoço e dinheiro para pagar o táxi”, declarou na altura o líder juvenil.
Julius Malema, de 29 anos, é conhecido pelos discursos inflamatórios que suscitam com frequência grande polémica. Em 2008 o líder da juventude do ANC afirmou que estava “pronto a matar” para defender Zuma.
Não é a primeira vez que Julius Malema, personalidade próxima de Zuma e membro do ANC desde os nove anos de idade, está envolto numa controvérsia por ofensas verbais.
Recentemente, ao ser acusado de hipocrisia por gozar de um estilo de vida privilegiado ao mesmo tempo que se apresenta como um defensor dos pobres, Malema afirmou que estava a ser alvo de uma campanha destinada a manchar a sua reputação.
Grupos de protecção das mulheres descreveram os comentários de Malema de insensíveis para as vítimas de violação e passíveis de perpetuar os mitos de que se revestem os casos de abuso sexual.
Na semana passada Malema causou celeuma ao entoar, diante de estudantes em Joanesburgo, uma canção do tempo da luta de libertação anti-“apartheid” que contém as palavras “mata o boer, mata o agricultor”, em referência à população branca sul-africana.
O ANC defendeu Malema dizendo que a canção era simbólica de uma era, mas os críticos do líder da juventude do ANC exigem que ele seja de novo acusado de incitamento ao ódio também por este episódio.
Fonte: Jornal Notícias - 16.03.2010
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