quarta-feira, abril 06, 2016

Afonso Dhlakama diz que a morte de Dom Jaime choca o país

A notícia da morte de Dom Jaime Gonçalves chegou a todas partes do mundo, inclusive “à parte incerta”. Por isso, na sequência das condolências relativas à morte do antigo Arcebispo da Beira, o Líder da Renamo, através de uma ligação telefónica efectuada há poucos minutos, também manifestou a dor da perda.
Para Afonso Dhlakama, o episódio da madrugada de hoje é um choque para os moçambicanos porque além do trabalho religioso realizado a favor da igreja católica, Dom Jaime lutou pela paz e democracia. E o líder da perdiz lembra-se da dedicação de Dom Jaime na luta pela construção de um país melhor como se tudo tivesse acontecido hoje mesmo.
“Quero-me recordar que Dom Jaime esteve em Roma dois anos e meio, em representação da igreja Católica, como mediador. Conseguiu, de forma distinta, falar com a Frelimo e com a Renamo. Aliás, foi ele que trouxe a Maríngwè a mensagem do Vaticano, em Abril de 1988. Na época, aterrou de avião e encontrou-me para dizer que queria negociar, quando o presidente Chissano tinha receio de que a Renamo iria atacar em Maputo. Eu disse-lhe que fosse tranquilizar o presidente porque a nossa intenção era negociar”, contou Dhlakama, frisando em cada pausa que Dom Jaime foi um grande irmão.

No entanto, as recordações do líder da Renamo não ficaram por aí. Recuando mais anos, Afonso Dhlakama regatou um episódio dos tempos em que ainda era membro da Frelimo.
“Recordo-me que quando Dom Jaime regressou de Roma nos anos 70, celebrou uma missa na Beira, e eu estive lá. Na altura, eu ainda era camarada da Frelimo. Naquele contexto em que Samora Machel era presidente, Dom Jaime defendeu que nós não devíamos aceitar o comunismo”, e acrescentou, “Dom Jaime é conhecido como um homem que lutou pela democracia, mesmo antes da Renamo”, defendeu o líder da Perdiz sem deixar de manifestar condolências à igreja católica e aos familiares.
No fim da chamada, Afonso Dhlakama lamentou por não poder ir ao funeral de Dom Jaime, por questões de segurança.  

Fonte: O País – 06.04.2016

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