Centenas de militantes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) esperavam ao início da tarde a chegada de Afonso Dhlakama ao Aeroporto Internacional de Maputo, cuja segurança está dividida entre as autoridades moçambicanas e os seguranças do líder do partido.
Embora estivesse previsto que Afonso Dhlakama aterrasse em Maputo pouco depois das 12h00 (11h00 de Lisboa), de acordo com as indicações fornecidas aos jornalistas pelo seu porta-voz, António Muchanga, até às 14h00 (13h00 de Lisboa), o líder da Renamo, o principal partido da oposição, ainda não tinha embarcado num jacto privado no aeroporto de Chimoio, que terá sido disponibilizado pela embaixada italiana em Moçambique.
Ao final da manhã de hoje, várias caravanas de militantes do partido começaram a afluir ao aeroporto da capital moçambicana, trajando camisolas com uma imagem estampada já antiga de Dhalakama e brandindo bandeiras da Renamo, gerando um incomum ambiente de festa na infraestrutura aeroportuária.
"Estamos à espera do nosso líder, que há tanto tempo se está a sacrificar por nós. Hoje é um dia de alegria. É muito importante e é uma festa a chegada do nosso líder, que tanto tempo esteve no mato a sacrificar-se por nós. Hoje é o nosso dia", disse à agência Lusa António Castigo, um jovem militante da Renamo.
No rescaldo das eleições gerais de 2009, que Afonso Dhlakama perdeu para o actual Presidente moçambicano, Armando Guebuza, o líder da Renamo mudou-se para Nampula (norte) e, mais tarde, para Sandjunjira (centro), mantendo-se ausente da capital moçambicana há cerca de cinco anos.
"Estimo muito estar aqui, porque é muito bom ver os membros da Renamo, Aguardamos a chegada do nosso líder com muito carinho. Há muito tempo que ele está fora de Maputo, porque estava a contestar aquilo que são os erros da política do nosso Governo, que está a castigar o nosso país", afirmou Calado Sebastião, outro militante do partido.
Numa aparente acalmia, ainda que com a presença de várias centenas de militantes, o ambiente explodiu com a chegada da segurança armada de Afonso Dhlakama, que, entretanto, se posiciou estrategicamente à porta da sala VIP do aeroporto e ao lado das forças policiais moçambicanas.
À sua passagem, a multidão gritou palavras de ordem, como "Viva Dhlakama" e "ganhámos, ganhámos", numa referência à recente crise militar protagonizado pelo braço armado da Renamo e pelo exército, que provocou um número até agora indeterminado de mortos e de feridos, incluindo civis.
A viagem de Afonso Dhlakama a Maputo tem no horizonte um encontro com o Presidente moçambicano, que deverá ter lugar na sexta-feira, no edifício da Presidência da República, no centro da capital moçambicana, e no qual se espera que sejam "homologados de forma simbólica" os acordos de cessação de hostilidades, recentemente assinados pelas delegações negociais da Renamo e do Governo moçambicano.
Fonte: LUSA – 04.09.2014
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