A Frelimo pediu aos seus apoiantes que retirem os símbolos do partido no poder em Moçambique das matrículas das viaturas usadas na campanha eleitoral, após um assalto no centro do país envolvendo um carro alegadamente ao seu serviço.
"Há um despacho interno que proíbe aos membros a ostentação de matrículas com símbolos do partido. Estamos a mobilizar os membros para retirarem cartazes que obstruem matrículas e circularem com as inscrições oficiais", disse esta terça-feira, dia 16 de Setembro, aos jornalistas António Mainato, chefe provincial de mobilização e propaganda da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) em Manica.
A obstrução de matrículas com símbolos de partidos, em viaturas particulares ou de organizações políticas, além de violar o código de estrada em Moçambique, já foi usada como meio para a prática de crimes.
Na semana passada, assaltantes usaram uma viatura com a matrícula totalmente tapada com símbolos da Frelimo para roubar a um comerciante nos arredores da cidade de Chimoio, capital da província de Manica.
Os assaltantes, cuja viatura estava em campanha segundo a polícia, usaram uma arma de fogo para dominar o proprietário e roubaram-lhe 50 mil meticais, informaram as autoridades policiais.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força política) denunciou na sexta-feira em Manica a "cumplicidade da polícia" na obstrução de matrículas de viaturas e sinais de trânsito com cartazes de propaganda de partidos, sugerindo imparcialidade na sua actuação.
Em conferência de imprensa, Inácio Maicolo, delegado do MDM em Manica, disse que, além de a polícia não estar a ser neutra no tratamento dos ilícitos eleitorais, está a tornar-se cúmplice do "festival de matrículas da Frelimo", violando princípios éticos e legislação.
"Carros com matrículas tapadas com cartazes ou chapas com a inscrição Frelimo continuam impunes a circular com o aval da polícia de trânsito e INNATER [Instituto Nacional dos Transportes Terrestres], que nos parece terem aprovado novos livretes para estes veículos", disse Inácio Maicolo, exibindo imagens de dezenas de viaturas com matrículas tapadas e sinais de trânsitos obstruídos.
Por seu turno, Vasco Matusse, porta-voz da Polícia em Manica, negou esta terça-feira que a corporação esteja a ser cúmplice na circulação de viaturas ostentando matrículas de cartazes de propaganda, sustentando haver "falta de educação política dos actores".
A polícia anunciou na semana passada uma "rusga selectiva" contra viaturas com matrículas obstruídas por cartazes de propaganda política, mas até hoje nenhuma apreensão havia sido feita, e várias viaturas, sobretudo da Frelimo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, continuam a circular naquelas condições em Chimoio, observou a Lusa no local.
Além do caso do assalto na semana passada em Manica, o diário Media Fax noticia hoje que a polícia interceptou, no sábado em Maputo, um carro com a matrícula tapada com símbolos da Frelimo, quando os seus três ocupantes preparavam alegadamente um assalto, tendo sido apreendida uma arma de fogo.
Fonte: LUSA - 16.09.2014
Sem comentários:
Enviar um comentário