A polícia de Nampula atribui aos apoiantes do MDM a autoria dos confrontos que hoje ocorreram nas celebrações do Dia das Forças Armadas e Defesa de Moçambique na maior cidade do norte do país, afastando responsabilidades da Frelimo.
Miguel Bartolomeu, porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Nampula, disse à imprensa que a autoria dos incidentes é "total e completa" dos membros do MDM (Movimento Democrático de Moçambique) e que dois apoiantes da terceira maior força política do país foram detidos.
"Quando tentava conter os ânimos dos membros do MDM, dois oficiais das forças de lei e ordem foram feridos e levados para o Hospital central de Nampula", afirmou Bartolomeu.
Confrontos entre apoiantes da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder) e MDM marcaram hoje as celebrações dos 50 anos do início da luta de libertação e o Dia das Forças Armadas em Nampula.
A governadora de Nampula, Cidália Chaúque, não saiu da viatura protocolar que usava para se deslocar para o local e foi o autarca do maior centro urbano do norte de Moçambique, Mahamudo Amurane, MDM, quem depositou a coroa de flores em homenagem às Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), testemunhou a Lusa no local.
A confusão começou quando membros do MDM chegaram à Praça dos Heróis carregando uma urna simulada, coberta com uma capulana - pano tradicional - com a imagem do candidato presidencial da Frelimo, Filipe Jacinto Nyusi.
Um elemento da Frelimo tentou retirar a capulana, dando início aos confrontos entre os apoiantes dos dois partidos, o que obrigou a governadora a retirar-se do local, antes mesmo de se dirigir aos presentes na cerimónia do dia das FADM, enquanto a PRM recorria a disparos de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão.
Apesar da intervenção policial, os confrontos continuaram, com as partes a recorrer a paus e pedras, tendo provocado ferimentos a pelo menos duas pessoas.
"Os membros do MDM usaram objetos contundentes que levavam na urna, como paus e pedras para atingir os oficiais", disse o porta-voz da polícia, negando qualquer envolvimento dos membros da Frelimo.
"A Frelimo não respondeu às provocações e a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana, maior partido de oposição] não estava na Praça dos Heróis", acrescentou.
Segundo um membro do MDM citado pela agência noticiosa moçambicana, AIM, "o povo de Nampula não quer ver aquele homem [Nyusi] a liderar".
"A urna significa que ele não existe para nós", disse ainda Aldo Monteiro, recordando a passagem do candidato presidencial do partido no poder pela direção dos Caminhos de Ferro em Nampula, há cerca de uma década, e alegados despedimentos que então ocorreram.
O chefe das brigadas eleitorais da Frelimo em Nampula, Germano Joaquim, acusou por seu lado o MDM de "vandalismo" e de ter afrontado a identidade moçambicana ao atacar uma cerimónia que pertence a todo o povo e não apenas ao partido no poder.
"Foi algo programado e organizado para provocar pânico", declarou Germano Joaquim, citado também pela AIM.
Os incidentes de hoje seguem-se a dois dias consecutivos de violência em Gaza, sul do país, quando apoiantes da Frelimo tentaram bloquear em vários locais a passagem da caravana eleitoral do líder do MDM, Daviz Simango, resultando em confrontos entre membros dos dois partidos.
O Presidente da República, Armando Guebuza, pediu hoje calma aos partidos, seguindo-se a uma declaração do presidente da Comissão Nacional de Eleições, Abdul Carimo, que na quarta-feira considerou os actos de violência "uma autêntica vergonha".
Moçambique realiza eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) a 15 de Outubro.
Fonte: LUSA – 26.09.2014
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