Por Faustino Igreja, em Blantyre
No Malawi multiplicam-se as lutas na hierarquia do partido no poder, depois da Presidente Joyce Banda ter escolhido o Ministro da Indústria e Comércio, Sosten Gwengwe, para formar a dupla que vai concorrer às presidenciais, em detrimento do seu vice, Kumbo Kachali.
Kachali já veio à rua dizer que se sente frustrado e traído pela Presidente Banda, alegadamente porque ele deveria ter sido a opção para formar a dupla e não Gwengwe.
Em declarações à imprensa, Khumbo Kachali, que aparentemente está envolvido numa guerra verbal com a Presidente Joyce Banda, disse ter chegado a conclusão de que ele não é um homem de confiança da líder malawiana.
Numa altura em que o debate se desenvolve através da imprensa, a Presidente Joyce Banda veio ao público afirmar que nunca teve nenhum compromisso com Kumbo Kachali para formar a dupla que vai concorrer às presidenciais no pleito de vinte de Maio.
Banda disse ainda que o acordo com Kumbo Kachali, como vice-presidente do Malawi já expirou, e já se reuniu com ele para agradecê-lo pelo seu trabalho.
“Eu designei Kumbo Kachali, como vice-presidente do Malawi, apenas para gerir com ele os dois anos que faltavam para concluir o mandato do falecido Bingu waÂÂ Mutharika e ponto final”, vincou a líder malawiana.
Desafiando abertamente o Partido Popular, Kumbo Kachali retirou-se da vice-presidência daquela formação política e inscreveu-se como candidato independente às legislativas.
Kachali, que se sente contrariado pelos últimos acontecimentos no seio do Partido Popular, também pautou pela ausência na última sexta-feira, quando Joyce Banda, acompanhado por Sosten Gwengwe, foi à Comissão Eleitoral apresentar a sua candidatura às presidenciais.
Na eventualidade da Joyce Banda ganhar as eleições de Maio, o jovem Sosten Gwengwe, de trinta e seis anos de idade, será o seu vice-presidente.
Banda disse que ao escolher Sosten Gwengwe pretende mostrar o seu cometimento para com a juventude, porque segundo ela, os jovens são os dirigentes de hoje e não de amanhã.
Nos bastidores circulam informações, segundo as quais, Joyce Banda pode estar a ser vítima da sua ingenuidade política, ao confiar em pessoas que aparentemente filiaram-se ao Partido Popular só para viabilizar os seus interesses pessoais.
Com a aproximação das eleições, algumas dessas pessoas que não conseguiram ver os seus interesses realizados estão a abandonar o Partido visando fragilizar a sua estrutura.
JB e KK fundaram juntos o Partido Popular em 2011.
Este ano, os três vice-presidentes do Partido Popular abandonaram aquela formação política, alegadamente porque nenhum deles seria eleito pela Presidente Joyce Banda para formar a dupla para as presidenciais.
O primeiro a abandonar a vice-presidência do Partido Popular foi Cassim Chilumpa que respondia pela região Centro. Depois seguiu-se Sidik Mia que era responsável pela região Sul e agora foi a vez de Khumbo Kachali que era vice-presidente do Partido Popular pela região Norte.
Alguns analistas dizem que salvo raras excepções, e sobretudo depois da introdução do multipartidarismo em 1994, no Malawi, de facto não há políticos, mas sim um clube de amigos que anda à caça do poder, para alimentar os seus apetites individuais e não os interesses nacionais.
Prova isso, o facto de quase todos os políticos malawianos terem passado o minímo por três partidos, aparentemente numa luta titânica pelo pão.
A própria Joyce Banda vem da UDF de Bakili Muluzi, depois passou para o DPP do falecido Bingu wa Mutharika e acabou por criar o seu próprio Partido, o Partido Popular, depois das desavenças com Mutharika sobre a sucessão deste.
O seu companheiro às presidenciais, o jovem Sosten Gwengwe, natural de Dedza, um distrito próximo de Moçambique, começou a sua carreira política no MCP, Malawi Congress Party, depois passou para o DPP e agora está no Partido Popular. A lista seria longa se se enumerasse a trajectória política de todos os aspirantes ao poder no Malawi.
Esta pode ser uma das causas que explica o facto do país constar na lista dos mais pobres do Mundo, cinquenta anos após a sua independência.
Mesmo sem ter passado por uma guerra, a má-governação, a corrupção e outros males levaram o país à estagnação.
Fonte: Rádio Mocambique – 17.02.2014
2 comentários:
o MDM espera que tal nao aconteca, aqui em Mocambique pois o presidente deveria se o D. Simango e o primeiro ministro l. Simango, e mehor deixar tudoem familiapara evitar confusao
Acho que os dois sao competentes D Simango presidente e L Simango primeiro ministro
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