"Abaixo os partidos políticos brancos, abaixo, já!" foi um dos slogans entoados pelo líder do ANC na região metropolitana de Nelson Mandela Bay (Port Elizabeth), na África do Sul, na noite de quinta-feira.
Durante um comício que está a merecer destaque num número crescente de órgãos de comunicação em todo o país, Nceba Faku incitou também os simpatizantes do seu partido a queimarem o jornal Herald, que se publica em Port Elizabeth e ele considera ser "inimigo" do ANC.
Falando perante mais de uma centena de simpatizantes do ANC durante um mini-comício de celebração da vitória eleitoral do partido na região metropolitana de Nelson Mandela Bay, Nceba Faku salientou que "celebrava uma importante batalha travada entre o ANC e os 'media'", e disse repetidamente que a sua região "necessita de um [Julius] Malema", referindo-se ao líder da Juventude do ANC que responde em tribunal por cantar "Morte ao Boer".
"Abaixo os partidos políticos brancos, abaixo, já!", foi um dos slogans entoados pelo líder de Nelson Mandela Bay durante o discurso, numa alusão clara à Aliança Democrática (AD), que conseguiu um importante crescimento naquela zona metropolitana (de 20 por cento em 2006 para mais de 40 por cento na quarta-feira, contra 51,91 por cento do ANC).
Agastado com um requerimento feito pelo jornal "Herald" ao tribunal pedindo a divulgação pelo município de uma auditoria às contas da autarquia, que alegadamente expôs irregularidades e fraudes, envolvendo vários responsáveis, entre eles o próprio Nceba Faku, o dirigente do ANC incitou os presentes a queimarem o jornal, "mesmo que seja preciso enfrentar as balas".
"O Herald ditou que Helen Zille [da Aliança Democrática] e Smuts Ngonyama [do Congresso do Povo, COPE] deveriam estar hoje aqui a gerir a região metropolitana. Ponham-se a pau, Herald, ponham-se a pau!", clamou Faku.
As reacções não se fizeram esperar. Esta tarde, o presidente do Fórum Nacional de Editores, Mondli Makhanya, disse num comunicado que o Fórum "está chocado por ver um líder de topo de um partido político incitar o povo" a queimar jornais.
"A ultima vez que líderes políticos incitaram a população a queimar literatura foi na Alemanha nazi nos anos 30", refere Makhanya, apelando ao ANC para que abra de imediato um processo disciplinar a Faku, "pessoa que colocou o ANC ao mesmo nível de Hitler e Mussolini".
Também a directora do Herald, Heather Robertson, se declarou "profundamente preocupada pelas ameaças do senhor Faku de pegar fogo ao jornal, numa noite que deveria ter sido de celebração pela vitória eleitoral do ANC.
"Claramente, aquele senhor não conhece a Carta de Direitos que foi redigida e publicada pelo ANC e pela qual tantos lutaram de forma tão corajosa".
Fonte: DN GLOBO - 19.05.2011
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