Maputo - As fortes ligações de muitos jornalistas moçambicanos ao partido no poder, FRELIMO, são um desafio à liberdade de imprensa no país, considera o relatório do Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) 2010, divulgado hoje (sexta-feira) em Maputo.
Com o título "Assim é a Democracia?", no capítulo sobre Moçambique, o MISA refere ainda que jornalistas moçambicanos têm sido utilizados como agentes pelos serviços de informação do Estado, cita a LUSA.
"A politização dos jornalistas é por isso um desafio", indica o relatório, apontando ainda para a prática de muitos jornalistas do sector da comunicação do Estado servirem igualmente como assessores de imprensa de instituições públicas.
Segundo o documento, que dedica três páginas à situação da liberdade de imprensa em Moçambique, outra ameaça é a difícil situação económica vivida por vários órgãos de comunicação social.
"Muitos jornais e revistas enfrentaram em 2010 sérios problemas económicos e alguns estavam a caminho da falência. Os jornais tradicionais mantiveram-se estáveis", indica o documento.
O acesso à informação, diz o relatório, continua barrado à maioria dos cidadãos moçambicanos, principalmente a informação da imprensa, devido à falta de cultura de leitura entre muitos moçambicanos e ao elevado nível de iliteracia, que afecta 51,9 porcento da população.
"Outro obstáculo ao acesso à informação é a fraca utilização das línguas nativas pelas estações de rádio e televisão, num país em que 80 porcento da população vive nas áreas rurais e onde o conhecimento da língua portuguesa é mínimo", aponta o relatório "Assim é a Democracia?".
O MISA crítica ainda os sucessivos atrasos na revisão da Lei de Imprensa, que vigora desde 1991, enfatizando a necessidade de a reforma contemplar a supressão de cláusulas que punem com prisão os actos considerados difamatórios contra titulares de órgãos de soberania.
Mas, no geral, a organização conclui que Moçambique goza de um ambiente favorável de liberdade de expressão e de imprensa, apesar de algumas violações a estes princípios.
Fonte: Angola press - 06.05.2011
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