quarta-feira, julho 06, 2016

ZIMBABWE SOB ONDA DE GREVES E MANIFESTAÇÕES DE PROTESTO


Aumenta a possibilidade de uma greve geral no Zimbabwe esta quarta-feira com indicação de que a maioria dos funcionários públicos, à excepção do exército e da polícia, vão boicotar o trabalho enquanto cresce a revolta popular sobre a má gestão económica do governo.


Professores e profissionais da saúde deram o arranque terça-feira quando iniciaram a greve contra salários atrasados, um dia depois de a polícia ter usado força contra taxistas que se manifestavam em Harare, a capital do país.

O Zimbabwe está a enfrentar a mais severa seca em 25 anos e a economia está a braços com a escassez de moeda.

Terça-feira, muitas escolas públicas tinham presentes apenas alguns funcionários seniores, e algumas enfermeiras chefes se encontravam de serviço nos hospitais.


Uma circular interna do director clínico de um grande hospital, a que o The Times teve acesso, dizia que somente casos de urgência seriam atendidos.


O hospital vai atender apenas casos de urgência. Todas as listas de pacientes com consultas marcadas foram canceladas até nova ordem, diz o documento.

Nos dois maiores hospitais do país, o Parirenyatwa e o Harare Central, pacientes não críticos são aconselhados a regressar próxima semana.


Os médicos não podem vir trabalhar porque não receberam os seus salários. Parece que a greve vai durar até 14 de Julho, disse o chefe da Associação dos Médicos Hospitalares, Fortune Nyamande.

Na maioria das escolas públicas, em Harare, os alunos encontravam-se a brincar fora das salas porque os professores não foram trabalhar.

O governo prometeu pagar aos professores os seus salários esta quarta-feira, e aos médicos e enfermeiras no dia 14 de Julho. O salário de Junho para o exército e serviços de segurança atrasou em duas semanas.

Os transportadores entre o Zimbabwe e a África do Sul juntaram-se à greve.

Autocarros e camiões que não completarem as suas viagens até às 0:00 horas do dia 5 de Julho não vão poder carregar. A Musina Taxi Association vai monitorar o movimento de todos os veículos de transporte público entre Musina e Beitbridge, disse a Associação Internacional dos Transportadores Transfronteiriços.


Sexta-feira, os residentes manifestaram-se na cidade fronteiriça de Beitbridge contra restrições na importação de produtos básicos da África do Sul impostas por causa da escassez do dólar no Zimbabwe.

O Ministro do Trabalho, Supa Mandiwanzira, disse terça-feira que os trabalhadores não notificaram o governo sobre a greve, mas acrescentou que o Estado está preparado para dialogar com eles sobre as suas reivindicações.

Sem o apoio do FMI e doadores ocidentais para a sua balança de pagamentos, Harare está a gerir um orçamento da mão-para-a boca, gastando 82 por cento das suas receitas em salários.

A greve desta quarta-feira é para dizer aos políticos no Zimbabwe que já basta, disse na África do Sul o organizador da greve.

Falando no programa da Rádio 702, Koketso Sachane, o pastor Evan Mawarire disse ter iniciado o movimento há um mês e meio para consciencializar os seus compatriotas a unirem-se contra a generalizada corrupção no governo e entre os ministros.

Apelámos a uma completa paralisação do país hoje (quarta-feira) em protesto contra o governo, que falhou redondamente no cuidado aos seus cidadãos e não escuta as exigências dos cidadãos, disse ele sobre a greve.

Mawarire disse ainda que o governo não consegue lidar com injustiças e a pobreza,... e nós dissemos simplesmente: Basta. Vamos paralisar por um dia para fazer chegar ao governo a nossa mensagem para que eles saibam que os cidadãos estão decididos a ter um Zimbabwe que realmente funcione.

Fonte: AIM – 06.2016


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