Após
desentendimentos nas negociações
Os mandatários de
Filipe Nyusi e de Afonso Dhlakama na Comissão Mista, na quarta-feira, 7 de
Julho, saíram da oitava sessão, que durou quatro horas, sem terem chegado a um
entendimento.
À saída do
encontro, Jacinto Veloso, chefe da delegação do Governo, e que seria o
porta-voz da sessão, saiu de forma sorrateira e sem prestar declarações à
imprensa.
Um dos membros da Comissão, Alves Muteque, enquanto estava a andar, disse apenas que o encontro era rotineiro e acrescentou: “Mas, se quiserem, falem com o deputado José Manteigas”.
A delegação da
Renamo vinha atrás, mas precisava de entrar numa das salas VIP da Assembleia da
República para fazer acertos. José Manteigas, chefe da delegação da Renamo
declarou: “Hoje, o porta-voz é o general Veloso, e devem perguntar a ele por
que não fala à imprensa”.
Eduardo Namburete,
um dos mandatários de Afonso Dhlakama, declarou: “O encontro de hoje era para
concluirmos alguns aspectos que estavam pendentes, daí que não tenha havido
nenhuma declaração”.
Um aspecto notório
na sessão de quinta-feira foi o aparecimento dos seis novos membros que vão
integrar a Comissão Mista.
Sobre as negociação
em curso, a União Europeia e a Igreja Católica confirmaram terem já sido
formalmente convidadas pelo presidente Filipe Nyusi para mediarem o diferendo
entre o Governo e a Renamo.
A Lusa noticiou que
uma fonte da União Europeia confirmou que a delegação em Maputo havia recebido
uma carta de Filipe Nyusi na sexta-feira, endereçada ao presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, com o convite formal para integrar a equipa de
mediadores nas negociações de paz.
Também o porta-voz
da Conferência Episcopal de Moçambique e bispo auxiliar de Maputo, João Carlos
Nunes, foi citado como tendo confirmado um convite de Filipe Nyusi entregue na
Nunciatura Apostólica na cidade de Maputo, na qualidade de representante do
Vaticano, convidando a Igreja Católica a assumir um papel de mediação na crise.
Na anterior sessão
da Comissão Missão, José Manteigas informou que as partes tinham chegado a
consenso sobre os termos de referência da participação dos mediadores nas
conversações, mas remeteu a divulgação de pormenores para o momento em que as
entidades tomem parte no processo.
Filipe Nyusi e o
presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciaram no mês passado que haviam
chegado a um consenso, depois de dois dias de conversa telefónica, sobre a participação
de mediadores internacionais nas negociações para o fim dos confrontos entre as
Forças de Defesa e Segurança e os homens armados da Renamo.
Apesar de as duas
partes terem reatado as negociações, os ataques dos armados da Renamo a
veículos civis e militares em vários troços do centro do país não têm cessado,
e a Renamo acusa as forças governamentais de intensificarem os bombardeamentos
na Serra da Gorongosa, onde se presume que esteja Afonso Dhlakama.
Em comício na
segunda-feira, na província de Nampula, Filipe Nyusi, afirmou sobre o
presidente da Renamo: “Ele deve parar de matar, porque esse nunca foi o caminho
mais correcto para governar”.
Afirmou também que
tem estado a falar com Dhlakama sobre um eventual encontro entre ambos, para
pôr fim à confrontação armada no país. (Bernardo Álvaro)
Fonte: CANALMOZ – 08.07.2016
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