Quatro dias depois de perder o Euro-2016 para Portugal, a França pode sair hoje à rua para festejar. Não o futebol, mas a história. 14 de Julho é o dia da Festa Nacional ou da Tomada de Bastilha, um evento decisivo para a Revolução Francesa de 1789. Foi sobre a data e os 40 anos das relações entre Moçambique e França que o jornal O País entrevistou o embaixador francês em Maputo.
Mas o foco da conversa com Bruno Clerc foram os temas da actualidade, desde logo a crise económica que o país enfrenta. A França manifesta preocupação com a situação, mas diz que Moçambique deve trabalhar para reconquistar a confiança dos parceiros internacionais e retomar o crescimento económico. Aliás, é a falta de confiança que faz com que o governo de Paris, tal como os outros parceiros, não se sentisse em condições de libertar os dois milhões de euros de ajuda directa ao Orçamento deste ano. “É preciso restabelecer a confiança e ela hoje é indispensável. Existem meios de conhecimento de todos para o restabelecimento da confiança”, disse Bruno Clerc, referindo-se às condições impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), dentre elas a auditoria internacional à dívida pública e a tomada de medidas concretas de transparência e de combate à corrupção. “Contamos com o governo moçambicano para enfrentar esses desafios e esperamos retomar a ajuda assim que as condições o permitirem”.
O embaixador clarificou que a França suspendeu apenas os fundos destinados ao Orçamento do Estado, sendo que o apoio a projectos continua, quer através da ajuda directa quer através de fundos europeus.
E porque parte do dinheiro da dívida garantida pelo Estado à Ematum foi usada para compra de barcos em França, o jornal questionou o embaixador sobre o assunto. Bruno Clerc começou por dizer que a França também está preocupada com os últimos desenvolvimentos e consequências do contrato de compra e venda de barcos. Porém, deixou claro que a empresa fornecedora (Construções Mecânicas da Normandia) é privada e o contrato também privado. “É claro que o governo francês nunca esteve envolvido na montagem financeira desse contrato”, disse, mas reconheceu que o contrato foi finalizado numa altura em que o ex-Presidente de Moçambique (Armando Guebuza) visitava França. “Foi por causa disso que as autoridades francesas (presidente da França, François Hollande) estiveram presentes na cerimónia”, acrescentou.
Fonte: O País – 19.07.2016
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