Dissemos, na edição passada, que o Conselho Constitucional prestou um mau serviço ao partido no poder.
A nossa convicção residia, na altura, no que se poderia interpretar como um descalabro eleitoral naquela pacata cidade. Por isso advertimos, na esteira das boas intenções, que uma derrota seria vexatória para o partido de Armando Emílio Guebuza. O Conselho Constitucional propiciou uma ocasião para os moçambicanos, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, olharem para os governos locais da Frelimo como ilegítimos, como frutos do ventre da burla e da trapaça.
É que ficou provado, com a fiscalização cerrada que houve em Gúruè, que a Frelimo sem a possibilidade da trapaça é um edifício decrépito ou velho em fase terminal que não aguenta suster o seu próprio peso.
É um indivíduo senil e caquético, cuja única vantagem nas disputas sobre os demais consiste no uso da força e dos bens do Estado.
O Conselho Constitucional mostrou que o povo nunca votou errado. A Frelimo é que burlou sempre a vontade dos moçambicanos. O único partido que detesta a presença de jovens ao redor dos locais de votação é a Frelimo. E, para justificar o seu ódio irascível ao borbulhar da cidadania, evoca a lei. Absurdo. Aliás, hipocrisia pura de um partido que prende os que pensam de forma diferente e solta, apesar de apanhados em flagrante delito, os seus colaboradores. Que o digam as Fernandas deste mundo que andavam, em Gúruè, com boletins de voto nos seios, que foram apalpados por jovens atentos que a desmascararam. Essa mesma Fernanda que agora é defendida e tida como defensora de um presidente de mesa injustamente acusado.
Que justificação mesquinha e sem base alguma. O que fazia a benevolente Fernanda sem credencial? O que fazia no interior das assembleias de voto? Como foi láparar e por qual motivo e razão foi surpreendida com boletins preenchidos na blusa?
O STAE que falou, num vídeo que o @Verdade publicou, que era preciso mostrar ao país e ao mundo que é possível criar eleições que não falseiem a verdade das urnas perdeu uma monumental oportunidade de mostrar algum valor. Deu boletins aos burlões e permitiu que eles tivessem poder sobre os presidentes de mesa, escolhidos a dedo para promover falcatruas e dar pontapés no estômago da nossa decrépita democracia.
Orlando Janeiro, por causa desses indivíduos que vagueiam nas sombras e habitam covis (STAE, CNE e nFrelimo) ficaria cinco anos na oposição. Assim como devem estar dezenas de indivíduos que tiveram a coragem de disputar pleitos eivados de vícios. Como, o que é mais perigoso, milhões de moçambicanos que votam contra o crime organizado e vêem, do nada, a sua vontade ser torpedeada por essas rameiras sem cama fixa. A importância do pleito de Gúruè reside, em parte, na resposta que deu aos munícipes de todo o país. O problema não está neles, mas nos ladrões de vontades. Isso também explica, parcialmente, o fenómeno abstenção. No entanto, devemos erguer as mãos aos céus e bem-dizer o Conselho Constitucional.
A repetição das eleições foi um golpe de mestre.
Não entendemos quando a medida foi tomada, mas afinal o que se pretendia é que todos víssemos ao vivo e a cores as vísceras de um partido moribundo e decrépito incapaz de ganhar num jogo limpo.
Estamos gratos...
Fonte: @Verdade - 13.02.2014
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