Maria de Lurdes, à espera do transporte no mesmo local, acrescenta: “Os my love (carros de caixa aberta que transportam passageiros) ajudam, mas também são desconfortáveis para nós as mulheres, que não usamos calças. Os homens tocam-nos, abraçam-nos, como se fôssemos suas esposas”. Carlota Tembe nunca viajou num my love, mas garante que o desconforto não só acontece naqueles carros de caixa aberta, mas também no transporte público (EMTRM).
“Aquele TPM estava cheio, mas é o único que me leva ao destino, e já eram 19 horas. Tive que apanhar, mas arrependi-me”, conta. “Nem conseguia ver o homem que estava atrás de mim, só sentia o seu suor, e ele deslizava a mão no meu corpo, até nas minhas nádegas ele tocou, e quando eu reclamava ele dizia que não tinha culpa, o chapa é que estava muito cheio”. Paulo Timana, gestor de projectos da Associação Nacional da Rapariga (ANARA), concorda: “Os homens aproveitam-se do facto de o carro estar lotado e encostam-se, abraçam e tocam nelas”.
A ANARA e a Associação Rede para Advocacia e Lobby Social Uthende (RUTH), realizam campanhas pela não-violência contra as mulheres nos transportes em Maputo e Matola. No Primeiro de Maio, Dia do Trabalhador, marcharam com cartazes que diziam Não ao assédio à rapariga no acesso ao transporte. Ler mais
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