quarta-feira, setembro 12, 2012

Frelimo nega responsabilidade nos descontos ilegais para financiar X Congresso (íntegra)

Maputo (Canalmoz) – Depois de na semana passada o Canalmoz ter noticiado que o partido Frelimo orientou na província da Zambézia que todos os funcionários públicos deviam descontar do seu próprio salário 10 por cento para financiar as despesas do X Congresso a ter lugar neste mês em Pemba, eis que o primeiro secretário do partido a nível da Zambézia vem em vão desmentir o óbvio, negando o irrefutável.
O primeiro secretário provincial da Frelimo na Zambézia, Lucas Junqueiro Sulude, reagiu esta terça-feira em declarações ao Canalmoz negando que tenha havido qualquer ordem para os referidos descontos, tendo por isso dito que “não me lembro dessa ordem”. Quem anda a fazer essas coisas? Na nossa província não queremos confusão”, disse aquele dirigente da Frelimo, para depois dizer que não há “provas”.

O discurso de provas é de resto o argumento institucionalizado dos dirigentes da Frelimo quando são confrontados com a partidarização do Estado. Só que quando lhes são dadas as provas, sentam-se sobre elas e o assunto morre.
Na província da Zambézia, os funcionários públicos, particularmente os da Saúde e Educação, queixam-se de estarem a ser descontados coercivamente nos seus salários valores que alegadamente vão ser canalizados para o X Congresso do partido Frelimo.
Na semana passada, o director distrital de Saúde do Gilé confirmou a este jornal os descontos denunciados pelos funcionários daquele sector, mas disse que se tratavam de “contribuições voluntárias”. Mas a verdade é que os funcionários são obrigados a escolher entre o salário já com abate dos 10 por cento ou assinar uma lista que depois é usada contra eles para serem contados com a oposição (o partido Frelimo assume como se fosse um crime público) para depois serem expulsos. Até a quarta-feira da semana passada havia funcionários que ainda não tinham recebido os salários referentes ao mês de Agosto porque se recusavam a contribuir para o congresso.
O primeiro secretário da Frelimo na Zambézia, Lucas Junqueiro, veio dizer que tudo não passa de uma tentativa de criar confusão para o partido, dado que “os descontos apenas devem abranger os funcionários que são membros do partido e de forma voluntária”.
“Os descontos estão errados. É uma forma de criar confusão. O que eu sei é que deve ser uma contribuição voluntária”, disse Lucas Junqueiro Sulude.
“Sabem como as pessoas são nesta província. Estão a tentar arranjar confusão e nós não queremos. Apenas queremos que deixem a província desenvolver”, disse o primeiro secretário da Frelimo na Zambézia.
O Canalmoz está na posse de uma carta do partido Frelimo emanada do Círculo de Manhaua, na cidade de Quelimane, onde este partido solicita a contribuição de todos os empresários com valores monetários não inferiores a 1500 meticais para o congresso de Pemba.
Sobre o documento em alusão, Lucas Junqueiro disse não se tratar da carta da Frelimo.
Na verdade, em vários sectores da Função Pública, não só na província da Zambézia, mas em quase todo o país, inclusive na cidade de Maputo, existem documentos nas direcções de tutela, dando o cronograma das actividades do partido Frelimo e as contribuições necessárias ao congresso.
Qualquer prova elucidativa pode ser encontrada, por exemplo, na Direcção de Saúde da Cidade de Maputo e nos gabinetes do comandante e chefe das Operações da PRM no Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique em Boane, bem patentes num quadro. (Bernardo Álvaro/ Redacção)

Fonte: Canalmoz – 12.09.2012

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