Por Francisco Mandlate
Celebrou-se ontem o dia Internacional da Juventude, um momento para reflectir sobre a juventude moçambicana, dos desafios e seus anseios. Não tenho dúvidas de que os jovens não são o centro das decisões do governo moçambicano, ou seja, quanto mais se perdem melhor. Digo isso porque tomei conhecimento semana passada que o Fundo de Iniciativas Juvenis, gerido pelo Ministério da Juventude e Desportos, está sem um metical para apoiar os jovens nas suas iniciativas de auto-emprego e de combate à pobreza no país. Não entendo como é que o governo quer que os jovens sejam empreendedores se não tem onde ir buscar dinheiro?
Está neste momento em curso a reforma do Ensino Secundário Geral, cujo objectivo é torná-lo profissionalizante, introduzindo até uma disciplina denominada Empreendedorismo. No mesmo diapasão está o Ensino Técnico Profissional e Vocacional, mas também tem encorajado os jovens a não esperarem ser empregados quando terminam o Ensino Superior ou outro qualquer ensino. Mas como é que os jovens vão fazer isso se o próprio Estado não facilita o acesso a fundos que possibilitem os mesmos (os jovens) a tornar-se auto-suficientes.
Todos nós sabemos que não é fácil aceder ao crédito bancário em Moçambique, pior para jovens que acabam de se formar e não mostraram capacidade para gerir seus próprios negócios.
Acho que, no mínimo, o governo devia ter vergonha ao vir a público dizer que o Fundo de Iniciativas Juvenis não tem dinheiro porque os doadores não deram, afinal o governo está à espera que os outros governos dêem dinheiro para financiar actividades da juventude? É o próprio governo que diz que os moçambicanos devem ter auto-estima e, acima de tudo, deixarem de andar de mão estendida, mas é o primeiro a mostrar que depende do “tou a pedir” para impulsionar o auto-emprego e empreendedorismo entre os jovens.
Caso não apareça um outro país a ter pena dos jovens moçambicanos e a oferecer ao governo dinheiro para o referido fundo, corremos o risco de não haver fundos para centenas de jovens que esperam por esses valores, de modo a levarem avante os seus projectos. O mais intrigante é que quando chegar a fase da campanha eleitoral são estes jovens, que lhes é vedado o acesso a fundos, que serão postos a correr pelo país a tentar convencer os outros a votar em massa no dia 28 de Outubro, num governo que depois vai nos virar as costas sem, no mínimo, ouvir as nossas preocupações e inquietações.
Não se percebe o que fazem os jovens que estão no parlamento. Votaram o Orçamento do Estado para o presente ano, apesar de não ter nem um centavo sequer para apoiar iniciativas juvenis, afinal qual é o vosso papel, meus caros? É de vestir fato bonito, pousar para as câmaras da televisão que cobrem as actividades do parlamento e, por vezes, aliciando jornalistas para gravar vossos depoimentos ou entrevistas? É de bajular o governo do dia, insultando os vossos pares do outro partido? Não meus senhores, claramente tendem a mostrar que não estão na casa do povo para representar os interesses dos jovens, mas sim os vossos próprios interesses ou, no mínimo, dos vossos estômagos como se diz por aí.
Não podemos continuar assim! Os jovens que estão no parlamento não devem temer defender que o Orçamento de Estado deve incluir verbas para apoiar iniciativas dos jovens, dinheiro para estimular o auto-emprego, ou criação de postos de trabalho, bem como a construção de casas para os jovens. Um jovem que é submisso, para mim não é jovem, é melhor abdicar da juventude e assumir que é um velho, porque a irreverência e o inconformismo são características da juventude. E os jovens deputados não representam nada disso.
Por outro lado, com a forma como o Conselho Nacional da Juventude e a própria Organização da Juventude Moçambicana(OJM) actuam, mostram claramente que aquelas organizações não representam os jovens, talvez velhos, não sei donde. A OJM tem a oportunidade de ter elementos seus representados no Comité Central do Partido Frelimo, o órgão que desenha os destinos deste país, através dos seus manifestos eleitorais que se traduzem em Programas Quinquenais do Governo e anualmente em Plano Económico e Social e o respectivo Orçamento do Estado, mas aquela organização nada faz em prol dos próprios jovens.
Os jovens que fazem parte da OJM contentam-se em dizer “yes man” ao que as outras organizações sociais da Frelimo dizem, se parecem criados de uma família na qual não têm direito a palavra, apenas ouvem e obedecem, até que um dia os superiores tenham pena deles e lhes dêem lugares no Comité Central e, por sorte, na Assembleia da República. Por isso, os jovens quase se matam para conseguir ocupar estas vagas que os líderes do partido, uma vez a outra, disponibilizam aos mesmos, que vêem isso como uma oportunidade para encher a pança e não como uma oportunidade que lhes é dada para fazer ecoar a voz dos jovens moçambicanos. Mas porque sobem graças ao escovismo, temem que ao apresentar os problemas que afligem os jovens serão despromovidos, mas, pessolmente, entendo que no partido Frelimo as coisas não devem funcionar assim, porque, na minha humilde opinião, acredito que dentro do mesmo há uma forte oposição, senão não seria um grande partido.
Acho que as coisas não devem ser assim, os mais velhos não devem ter pena de nós e abrirem excepções numa e noutra ocasião, nós temos que ocupar lugar na Assembleia da República, no comité central ou na Comissão Política de qualquer partido político deste país, por mérito. Nestes órgãos, devemos ser respeitados e termos um papel de destaque, aliás, sermos os principais actores.
Temos um exemplo muito interessante da Liga da Juventude do ANC. São jovens irreverentes, que são capazes de mudar o rumo das coisas na África do Sul. Foram aqueles jovens que humilharam Thabo Mbeki e fizeram subir Jacob Zuma. Se o actual presidente daquele país vizinho deve algum favor a alguém, é aos jovens do seu partido. Mas o mesmo não se pode dizer dos jovens membros da OJM.
Nós os jovens deste país temos que obrigar o governo a criar um fundo, a sério, para a juventude. Temos que obrigar o executivo a facilitar o acesso à habitação e a criar postos de emprego. devemos reclamar e mostrar que somos a maioria neste país e que as coisas devem girar em torno de nós. ogoverno deve acarinhar-nos porque o seu futuro está nas nossas mãos e não o nosso nas deles.
Não podemos como jovens, sermos entretidos por aqueles que têm o poder, porque a base do poder deles está nas nossas mãos. entristece-me ver que a nossa juventude não sabe disso.
Vejam só: porquê o governo criou fundo para compensar as gasolineiras? Porquê criou fundo para compensar os “chapas” no ano passado. Foi pressionado pelas gasolineiras e pelos transportadores. Por isso, enquanto não pressionarmos o governo, jamais mais haverá Fundo de Iniciativas Juvenis. Portanto, arrisco-me a dizer que nós, os jovens, estamos mais velhos que os velhos que libertaram este país do jugo colonial. A geração de 1962 é capaz de fazer milagres hoje em relação aos jovens de hoje. Vejam a praça da Juventude em Maputo, para se ver se o que digo não é real! Por isso:
Deus abençoe Moçambique!
Fonte: O País online
Celebrou-se ontem o dia Internacional da Juventude, um momento para reflectir sobre a juventude moçambicana, dos desafios e seus anseios. Não tenho dúvidas de que os jovens não são o centro das decisões do governo moçambicano, ou seja, quanto mais se perdem melhor. Digo isso porque tomei conhecimento semana passada que o Fundo de Iniciativas Juvenis, gerido pelo Ministério da Juventude e Desportos, está sem um metical para apoiar os jovens nas suas iniciativas de auto-emprego e de combate à pobreza no país. Não entendo como é que o governo quer que os jovens sejam empreendedores se não tem onde ir buscar dinheiro?
Está neste momento em curso a reforma do Ensino Secundário Geral, cujo objectivo é torná-lo profissionalizante, introduzindo até uma disciplina denominada Empreendedorismo. No mesmo diapasão está o Ensino Técnico Profissional e Vocacional, mas também tem encorajado os jovens a não esperarem ser empregados quando terminam o Ensino Superior ou outro qualquer ensino. Mas como é que os jovens vão fazer isso se o próprio Estado não facilita o acesso a fundos que possibilitem os mesmos (os jovens) a tornar-se auto-suficientes.
Todos nós sabemos que não é fácil aceder ao crédito bancário em Moçambique, pior para jovens que acabam de se formar e não mostraram capacidade para gerir seus próprios negócios.
Acho que, no mínimo, o governo devia ter vergonha ao vir a público dizer que o Fundo de Iniciativas Juvenis não tem dinheiro porque os doadores não deram, afinal o governo está à espera que os outros governos dêem dinheiro para financiar actividades da juventude? É o próprio governo que diz que os moçambicanos devem ter auto-estima e, acima de tudo, deixarem de andar de mão estendida, mas é o primeiro a mostrar que depende do “tou a pedir” para impulsionar o auto-emprego e empreendedorismo entre os jovens.
Caso não apareça um outro país a ter pena dos jovens moçambicanos e a oferecer ao governo dinheiro para o referido fundo, corremos o risco de não haver fundos para centenas de jovens que esperam por esses valores, de modo a levarem avante os seus projectos. O mais intrigante é que quando chegar a fase da campanha eleitoral são estes jovens, que lhes é vedado o acesso a fundos, que serão postos a correr pelo país a tentar convencer os outros a votar em massa no dia 28 de Outubro, num governo que depois vai nos virar as costas sem, no mínimo, ouvir as nossas preocupações e inquietações.
Não se percebe o que fazem os jovens que estão no parlamento. Votaram o Orçamento do Estado para o presente ano, apesar de não ter nem um centavo sequer para apoiar iniciativas juvenis, afinal qual é o vosso papel, meus caros? É de vestir fato bonito, pousar para as câmaras da televisão que cobrem as actividades do parlamento e, por vezes, aliciando jornalistas para gravar vossos depoimentos ou entrevistas? É de bajular o governo do dia, insultando os vossos pares do outro partido? Não meus senhores, claramente tendem a mostrar que não estão na casa do povo para representar os interesses dos jovens, mas sim os vossos próprios interesses ou, no mínimo, dos vossos estômagos como se diz por aí.
Não podemos continuar assim! Os jovens que estão no parlamento não devem temer defender que o Orçamento de Estado deve incluir verbas para apoiar iniciativas dos jovens, dinheiro para estimular o auto-emprego, ou criação de postos de trabalho, bem como a construção de casas para os jovens. Um jovem que é submisso, para mim não é jovem, é melhor abdicar da juventude e assumir que é um velho, porque a irreverência e o inconformismo são características da juventude. E os jovens deputados não representam nada disso.
Por outro lado, com a forma como o Conselho Nacional da Juventude e a própria Organização da Juventude Moçambicana(OJM) actuam, mostram claramente que aquelas organizações não representam os jovens, talvez velhos, não sei donde. A OJM tem a oportunidade de ter elementos seus representados no Comité Central do Partido Frelimo, o órgão que desenha os destinos deste país, através dos seus manifestos eleitorais que se traduzem em Programas Quinquenais do Governo e anualmente em Plano Económico e Social e o respectivo Orçamento do Estado, mas aquela organização nada faz em prol dos próprios jovens.
Os jovens que fazem parte da OJM contentam-se em dizer “yes man” ao que as outras organizações sociais da Frelimo dizem, se parecem criados de uma família na qual não têm direito a palavra, apenas ouvem e obedecem, até que um dia os superiores tenham pena deles e lhes dêem lugares no Comité Central e, por sorte, na Assembleia da República. Por isso, os jovens quase se matam para conseguir ocupar estas vagas que os líderes do partido, uma vez a outra, disponibilizam aos mesmos, que vêem isso como uma oportunidade para encher a pança e não como uma oportunidade que lhes é dada para fazer ecoar a voz dos jovens moçambicanos. Mas porque sobem graças ao escovismo, temem que ao apresentar os problemas que afligem os jovens serão despromovidos, mas, pessolmente, entendo que no partido Frelimo as coisas não devem funcionar assim, porque, na minha humilde opinião, acredito que dentro do mesmo há uma forte oposição, senão não seria um grande partido.
Acho que as coisas não devem ser assim, os mais velhos não devem ter pena de nós e abrirem excepções numa e noutra ocasião, nós temos que ocupar lugar na Assembleia da República, no comité central ou na Comissão Política de qualquer partido político deste país, por mérito. Nestes órgãos, devemos ser respeitados e termos um papel de destaque, aliás, sermos os principais actores.
Temos um exemplo muito interessante da Liga da Juventude do ANC. São jovens irreverentes, que são capazes de mudar o rumo das coisas na África do Sul. Foram aqueles jovens que humilharam Thabo Mbeki e fizeram subir Jacob Zuma. Se o actual presidente daquele país vizinho deve algum favor a alguém, é aos jovens do seu partido. Mas o mesmo não se pode dizer dos jovens membros da OJM.
Nós os jovens deste país temos que obrigar o governo a criar um fundo, a sério, para a juventude. Temos que obrigar o executivo a facilitar o acesso à habitação e a criar postos de emprego. devemos reclamar e mostrar que somos a maioria neste país e que as coisas devem girar em torno de nós. ogoverno deve acarinhar-nos porque o seu futuro está nas nossas mãos e não o nosso nas deles.
Não podemos como jovens, sermos entretidos por aqueles que têm o poder, porque a base do poder deles está nas nossas mãos. entristece-me ver que a nossa juventude não sabe disso.
Vejam só: porquê o governo criou fundo para compensar as gasolineiras? Porquê criou fundo para compensar os “chapas” no ano passado. Foi pressionado pelas gasolineiras e pelos transportadores. Por isso, enquanto não pressionarmos o governo, jamais mais haverá Fundo de Iniciativas Juvenis. Portanto, arrisco-me a dizer que nós, os jovens, estamos mais velhos que os velhos que libertaram este país do jugo colonial. A geração de 1962 é capaz de fazer milagres hoje em relação aos jovens de hoje. Vejam a praça da Juventude em Maputo, para se ver se o que digo não é real! Por isso:
Deus abençoe Moçambique!
Fonte: O País online
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