DIALOGANDO
Por Mouzinho de Albuquerque
NA procura da verdade e da justiça no seio do povo, é preciso que se valorize o diálogo permanente e sobretudo frontal como uma experiência onde se avalia a validade da existência das instituições no cumprimento das orientações que são dadas em prol do desenvolvimento do nosso país. Na realidade, torna-se necessário contrariar a ideia de que neste país não tem havido o acompanhamento e controlo das várias decisões tomadas e que tem por fim eliminar este ou aquele problema, com destaque para a pobreza absoluta, que faz com que haja muita gente em Moçambique sem recursos para uma refeição diária.
Do que se tem visto é que em algumas zonas do nosso país, há meios humanos e materiais, para a resolução de problemas, mas tem havido uma aparente falta de vontade política. Há decisões sérias tomadas, mas falta a sua implementação, por desleixo e incompetência de alguns dirigentes.
Talvez seja por isso que os nossos estadistas que são eleitos através do voto, realizam visitas a várias regiões do nosso país, onde dão a oportunidade de as pessoas dialogarem de forma aberta com eles, denunciando isto ou aquilo, que alguns governadores provinciais incluindo administradores distritais seriam capazes de solucioná-los, sem que fosse necessária a Presidência Aberta.
Porém, entendemos ser imperioso reflectir no carácter necessário ou desnecessário, ou melhor dizendo, das vantagens e desvantagens das visitas presidenciais ao país, vulgo “presidência aberta”, dado que elas constituem ou impõe, logo à partida, desafios acerca das perspectivas capazes de operarem modificações que conduzam à capacidade de se criar opções sérias e responsáveis no combate à corrupção, arrogância, espírito de “deixa-andar”, compadrio, o tribalismo e regionalismo que ainda constituem “joio” para a consolidação da moçambicanidade.
Claro que a presidência aberta é necessária, mas há muitas coisas que acontecem há bastante tempo os quais durante a sua realização têm sido muito contestadas. Já deveriam ter merecido uma consideração por quem de direito para se ultrapassarem, a bem da unidade nacional, da democracia e principalmente da criação de riqueza.
Não sei se o Presidente da República, Armando Guebuza, sabe ou não, mas o que se tem assistido de forma continuada, apesar de protestos, é que das várias vezes que já visitou alguns distritos de Nampula, incluindo a capital provincial, tudo ficou parado, incluindo mercados e outros locais de interesse público, só porque se quer obrigar as pessoas a irem recebê-lo no aeroporto ou estarem presentes nos comícios que orienta.
Aliás, não consigo e nunca consegui entender isso, porque me parece que com o passar do tempo, “condimentado” com o pluralismo político, certas coisas perdem o sentido de serem mantidas, porque já perdem a sua razão de ser. Para mim essas decisões entravam, pelo contrário, o combate à pobreza, que é o “slogan” nos discursos presidenciais.
Na recente visita do estadista moçambicano à província de Nampula, alguns pequenos e grandes comerciantes de um distrito considerado como um dos mais pobres da região e que por causa disso deveria desenvolver esforços para inverter o cenário, escalado pelo Chefe do Estado, ficaram revoltados devido ao facto de as suas barracas e lojas terem sido encerradas, porque alegadamente as pessoas tinham que ir obrigatoriamente ao comício.
Eles disseram que não estão contra que as pessoas afluam aos comícios da presidência aberta, mas, sim, a forma compulsiva com que elas são mobilizadas. Estou longe de ser analista desse tipo de visitas, mas tenho a sensação de que muita gente gostaria igualmente que os relatórios que são apresentados ao Presidente reflectissem a situação real de uma província ou distrito.
Em meu entender, dessa forma as visitas presidenciais fariam com que em certos casos não se concentrasse nas prioridades erradas, na execução de programas de governação. O Presidente da República, conhecendo com profundidade, pode ser um factor importante para que não se perca o prestígio social, não se desequilibrem os alicerces do Estado de Direito, não se criem frustrações do eleitorado. Acima de tudo, essas visitas fariam mais sentido.
Em algum momento incluo-me no grupo dos que consideram que a presidência aberta podia ser também um sinal de vitalidade da democracia no nosso país, sem que deixasse que se abrissem caminhos ao abuso do poder.
Contudo, elas mexem alguma coisa, na vida das populações, embora alguns dirigentes que deviam servir de exemplo na implementação de acções de combate à corrupção, pobreza e outros problemas que constituem grandes constrangimentos para o sucesso daquilo que tem sido decidido na “presidência aberta” continuem com cabeças “duras”, em parte por culpa do próprio poder político instituído.
Fonte: Jornal Notícias
Por Mouzinho de Albuquerque
NA procura da verdade e da justiça no seio do povo, é preciso que se valorize o diálogo permanente e sobretudo frontal como uma experiência onde se avalia a validade da existência das instituições no cumprimento das orientações que são dadas em prol do desenvolvimento do nosso país. Na realidade, torna-se necessário contrariar a ideia de que neste país não tem havido o acompanhamento e controlo das várias decisões tomadas e que tem por fim eliminar este ou aquele problema, com destaque para a pobreza absoluta, que faz com que haja muita gente em Moçambique sem recursos para uma refeição diária.
Do que se tem visto é que em algumas zonas do nosso país, há meios humanos e materiais, para a resolução de problemas, mas tem havido uma aparente falta de vontade política. Há decisões sérias tomadas, mas falta a sua implementação, por desleixo e incompetência de alguns dirigentes.
Talvez seja por isso que os nossos estadistas que são eleitos através do voto, realizam visitas a várias regiões do nosso país, onde dão a oportunidade de as pessoas dialogarem de forma aberta com eles, denunciando isto ou aquilo, que alguns governadores provinciais incluindo administradores distritais seriam capazes de solucioná-los, sem que fosse necessária a Presidência Aberta.
Porém, entendemos ser imperioso reflectir no carácter necessário ou desnecessário, ou melhor dizendo, das vantagens e desvantagens das visitas presidenciais ao país, vulgo “presidência aberta”, dado que elas constituem ou impõe, logo à partida, desafios acerca das perspectivas capazes de operarem modificações que conduzam à capacidade de se criar opções sérias e responsáveis no combate à corrupção, arrogância, espírito de “deixa-andar”, compadrio, o tribalismo e regionalismo que ainda constituem “joio” para a consolidação da moçambicanidade.
Claro que a presidência aberta é necessária, mas há muitas coisas que acontecem há bastante tempo os quais durante a sua realização têm sido muito contestadas. Já deveriam ter merecido uma consideração por quem de direito para se ultrapassarem, a bem da unidade nacional, da democracia e principalmente da criação de riqueza.
Não sei se o Presidente da República, Armando Guebuza, sabe ou não, mas o que se tem assistido de forma continuada, apesar de protestos, é que das várias vezes que já visitou alguns distritos de Nampula, incluindo a capital provincial, tudo ficou parado, incluindo mercados e outros locais de interesse público, só porque se quer obrigar as pessoas a irem recebê-lo no aeroporto ou estarem presentes nos comícios que orienta.
Aliás, não consigo e nunca consegui entender isso, porque me parece que com o passar do tempo, “condimentado” com o pluralismo político, certas coisas perdem o sentido de serem mantidas, porque já perdem a sua razão de ser. Para mim essas decisões entravam, pelo contrário, o combate à pobreza, que é o “slogan” nos discursos presidenciais.
Na recente visita do estadista moçambicano à província de Nampula, alguns pequenos e grandes comerciantes de um distrito considerado como um dos mais pobres da região e que por causa disso deveria desenvolver esforços para inverter o cenário, escalado pelo Chefe do Estado, ficaram revoltados devido ao facto de as suas barracas e lojas terem sido encerradas, porque alegadamente as pessoas tinham que ir obrigatoriamente ao comício.
Eles disseram que não estão contra que as pessoas afluam aos comícios da presidência aberta, mas, sim, a forma compulsiva com que elas são mobilizadas. Estou longe de ser analista desse tipo de visitas, mas tenho a sensação de que muita gente gostaria igualmente que os relatórios que são apresentados ao Presidente reflectissem a situação real de uma província ou distrito.
Em meu entender, dessa forma as visitas presidenciais fariam com que em certos casos não se concentrasse nas prioridades erradas, na execução de programas de governação. O Presidente da República, conhecendo com profundidade, pode ser um factor importante para que não se perca o prestígio social, não se desequilibrem os alicerces do Estado de Direito, não se criem frustrações do eleitorado. Acima de tudo, essas visitas fariam mais sentido.
Em algum momento incluo-me no grupo dos que consideram que a presidência aberta podia ser também um sinal de vitalidade da democracia no nosso país, sem que deixasse que se abrissem caminhos ao abuso do poder.
Contudo, elas mexem alguma coisa, na vida das populações, embora alguns dirigentes que deviam servir de exemplo na implementação de acções de combate à corrupção, pobreza e outros problemas que constituem grandes constrangimentos para o sucesso daquilo que tem sido decidido na “presidência aberta” continuem com cabeças “duras”, em parte por culpa do próprio poder político instituído.
Fonte: Jornal Notícias
Nota: O Sublinhado é meu, sobretudo para que o Nuno Amorim, frelo e que diz viver em Nampula, vê-lo e comentá-lo.
1 comentário:
Obrigar as pessoas a assistir a um comicio??? Onde esta a democracia e a liberdade pessoal? Pelo menos, na Mafalala, so la foi quem quis, ninguem foi obrigado ou aliciado, nao foram obrigados a encerrar lojas ou barracas. Isto recorda-me os tempos do ditador Samora. Maria Helena
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