O partido no poder no Zimbabwe confirmou neste sábado como líder o presidente Robert Mugabe e colocou a primeira-dama num alto cargo, o que, na óptica de analistas, a situa como sucessora do chefe de Estado de 90 anos, no poder há mais de 30 anos.
"Quero agradecer-lhes profundamente por me terem escolhido mais uma vez para liderá-los", disse Mugabe diante de milhares de pessoas que o aclamavam durante o congresso do partido União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-FP, na sigla em inglês).
Grace Mugabe, esposa do presidente, com 49 anos, foi escolhida líder da poderosa facção feminina do partido, o que a situa como sucessora do presidente, que está no poder desde a independência do país da Grã-Bretanha, em 1980.
"Estou feliz por realizar e oficializar o seu desejo, declarando-a secretária de Assuntos Femininos da ZANU-PF [União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica]", disse o chefe de Estado no último dia do congresso do seu partido, reunido esta semana em Harare. Com a medida, Grace entra automaticamente no bureau político do partido.
A primeira-dama demonstrou nos últimos meses uma surpreendente ambição política, que poderá levá-la ao poder.
"Amai!, Amai!" (Mamãe!, Mamãe!), gritaram os milhares de dirigentes da ZANU-PF reunidos no congresso em Harare, em alusão à primeira-dama.
Relativamente nova na cena política, Grace Mugabe surpreendeu em agosto passado, quando o seu marido propôs que ela presidisse a poderosa Liga das Mulheres do partido. Em seguida, a primeira-dama deixou a porta aberta para um dia assumir a chefia de Estado e fez campanha contra a sua rival, a vice-presidente Joice Mujuru, de 59 anos, acusada de corrupção e de participar num complôt contra Mugabe.
Caída em desgraça, Mujuru não participou no congresso do partido, já considerando perdido o seu cargo no comité central. Na quinta-feira, Robert Mugabe desautorizou-a publicamente diante dos delegados.
O presidente denunciou uma intriga e ameaçou Mujuru com acções penais, ao mesmo tempo em que lamentou tê-la escolhido vice-presidente do partido há dez anos.
Segundo Lovemore Madhuku, especialista em direito constitucional da Universidade do Zimbabwe, Mujuru tem chances legais de manter o cargo na vice-presidência do Zimbabwe, mesmo perdendo o posto de vice-presidente do partido, como está previsto. No entanto, há poucas chances de que vá fazê-lo. "Ela continua como vice-presidente [de Estado] após o congresso, excepto se for suspensa, se demitir ou morrer", disse o especialista à AFP. "A regra não escrita é que o vice-presidente do partido torna-se vice-presidente de Estado", acrescentou.
Fonte: Rádio Moçambique – 07.12.2014
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