O ministro das Finanças, Manuel Chang, disse na quinta-feira em Maputo que a dívida do país começa a dar sinais de alerta e corresponde agora a 36% do Produto Interno Bruto (PIB).
"Há um indicador que mostra alguns sinais, mas que não atinge o nível de insustentabilidade. Temos tido todo o cuidado necessário para que este indicador, que é o valor da presente dívida sobre o PIB, não chegue aos 40%" , afirmou Chang, falando aos jornalistas, à margem de uma visita à Bolsa de Valores de Moçambique (BVM).
Frisando que uma dívida correspondente a 40% do PIB seria o limite, o ministro moçambicano das Finanças apontou que o país deve actualmente seis mil milhões de dólares (cerca de cinco mil milhões de euros) e até 2015 os encargos do Estado com a dívida pública subirão até 37% do PIB.
Manuel Chang notou que para manter a dívida pública num nível sustentável, o Governo moçambicano tem optado por contrair empréstimos em condições concessionais, de instituições internacionais a taxas de juro mais vantajosas.
Chang acrescentou que os receios de que a dívida de Moçambique atinja níveis insustentáveis poderão ser dissipados quando o país começar a receber receitas dos grandes projectos de exploração de recursos naturais, nomeadamente gás e carvão.
O Grupo Moçambicano da Dívida (GMD), uma ONG que faz a monitoria da dívida pública moçambicana, tem vindo a alertar para o facto de a situação do país caminhar para níveis perigosos.
Segundo o GMD, o país aproxima-se de um endividamento que o levou a submeter-se a um programa de restruturação tutelado pelos principais organismos financeiros internacionais, nos finais de 1980, como condição para beneficiar de um perdão concedido aos Países Pobres Altamente Endividados (HIPC, na sigla em inglês).
Na quinta-feira, o representante residente do FMI em Moçambique, Alex Segura-Ubiergo, considerou a dívida do país sustentável, alertando, contudo, para que a mesma seja vista com atenção, porque está a aumentar de forma muito rápida e já perto do patamar em que pode haver problemas.
"É preciso moderar a despesa para evitar a acumulação que temos tido nos últimos dois anos", disse Segura.
A espiral de dívida pública moçambicana tem sido relacionada com o gigantesco programa de construção de infra-estruturas, nomeadamente estradas e pontes, levada a cabo durante os dez anos de mandato do actual Presidente moçambicano, Armando Guebzua, que termina no início do próximo ano e à elevada folha salarial no Aparelho do Estado.
Fonte: LUSA - 19.12.2014
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