quinta-feira, janeiro 11, 2007

Onde está a coesão do Governo?

Por MOUZINHO DE ALBUQUERQUE

Sem dúvida que estamos no tempo de balanço do que fizemos no ano passado em vários sectores de actividades do nosso país. São balanços feitos de várias maneiras, incluindo entrevistas a dirigentes a vários níveis pelos órgãos de comunicação social, na sua maioria perspectivadas, como tem sido habitual, no "correcto politicamente" do que propriamente a demonstração real, coesa e partilhada do desempenho dos seus sectores.

E por falar de coesão e partilha de informações dizer que há situações que nos são dadas a ouvir ou observar em quase todo o país, que indiciam haver falta destes aspectos, com destaque para o primeiro, muito importante no seio dos membros do presente governo, por aparente orgulho de pensarem que são isto ou aquilo na tomada de medidas que visam a resolução de vários problemas que afectam a sociedade.

Acredito que a nossa modesta opinião começa ou possa ser unánime, pois mais do que nunca é necessário passar das palavras aos actos, no cumprimento das promessas, e o "pilar" disso é, sem dúvidas, a coesão dos que mandam, não descurando a partilha de informações.

A falta disso pode demonstrar igualmente inércia e distanciamento dos reais problemas que os moçambicanos desejam ver supridos. É preciso provar que existe a coesão e unicidade governamental e que a mediocridade acabou. Que haja partilha de informações de modo a que um ministro não diga aquilo que o seu director provincial ou distrital não sabe, quando se trata de balanços.

Aliás, um administrador distrital disse há dias ter estranhado o facto de, no grande relatório/balanço do ano de 2006, produzido pelo governo provincial de Nampula, constatar que no distrito que dirige já há fontes suficientes para o abastecimento de água às populações, enquanto na realidade a situação no terreno tende a agravar-se.

Um outro administrador reclamou o facto de no referido relatório não constar a instalação, num posto administrativo de telefones fixos, considerando este projecto como sendo uma das importantes realizações do seu distrito durante o ano que findou.

Não digo que não estamos progredindo, evoluindo à medida do possível, mas em certos aspectos parece que estamos a retroceder. Ainda reina o espírito do "deixa-andar". Por isso, estejamos cientes que num país como este onde, infelizmente, imperam como nunca as cunhas, os compadrios, os favores e a corrupção, as soluções têm que ser consensuais e colectivas.

Na XVI sessão ordinária do governo provincial de Nampula, realizada no dia 28 de Dezembro, foi demonstrado pela Direcção provincial do Trabalho um outro exemplo da aparente falta de coesão dos membros do executivo chefiado por Felismino Tocoli, na tomada e, sobretudo, implementação de decisões, bem como na partilha de informações.

É que à semelhança do que aconteceu noutros pontos do país, na sessão anterior, o governo provincial havia decidido reajustar o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais no período da quadra festiva, que o seu cumprimento deveria ser acompanhado e fiscalizado. Só que, até o dia da realização da última sessão, esse trabalho ainda não tinha sido feito e o director provincial do Trabalho alegou que tal facto devia-se à avaria da única viatura disponível.

ESMANDOS

Foi uma justificação que se afigurou ridícula para o governador provincial do ponto de vista de coesão do seu executivo na solução deste tipo de situações, daí que tenha dito ao seu subordinado que este governo é uno, mesmo que ele fosse falar com o seu colega doutra instituição, teria sido disponibilizado outra viatura para trabalhar do que ficar parado.

É que, enquanto a fiscalização não estava a ser feita por quem de direito, do que se assistia eram desmandos protagonizados por alguns comerciantes que não cumpriam com a medida tomada pelo governo provincial, em benefício dos utentes.

Independentemente de que possamos ter ministros, governadores provinciais, administradores distritais, directores nacionais e provinciais e outros responsáveis, como "meninos bonitos" e outros não, dentro da máquina governativa do país, o que é certo é que precisamos de coesão na implementação de programas de desenvolvimento.

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