Defende o filosofo Severino Ngoenha
Espero que a Frelimo ganhe eleições por apresentar o melhor projecto para o país e não pelo enfraquecimento de outras formações política
Maputo (Canal de Moçambique) - Num momento em que certas correntes de opinião acreditam que, “a democracia moçambicana está em perigo” e sustentam a sua tese numa alegada preocupação de Presidente da República, Armando Guebuza, em tornar o partido de que também é presidente, a Frelimo, em “actor hegemónico e monopolista do cenário político moçambicano”, o filósofo e professor universitário, Severino Ngoenha, alerta que, “eliminar a oposição seria voltar para trás”.
Para Ngoenha, “o processo político moçambicano não pode andar para trás” e, acrescenta: “ o desafio tem que ser o fortalecimento das instituições democráticas e não o regresso a um cenário monopartidário” Na opinião de Ngoenha, “A Frelimo tem que ganhar as eleições por apresentar o melhor projecto para o país e não pelo enfraquecimento de outros partidos”.
“Espero que a Frelimo ganhe eleições por apresentar projectos sociais e, não por eliminar os partidos da oposição”.
Em entrevista ao «Canal de Moçambique», o académico que reside na Suiça é e autor de diversas obras na área da filosofia, falou também do que acredita que seria o cenário ideal para a democracia moçambicana. Na sua acepção, “Tanto a Frelimo como a Renamo têm que ser partidos fortes e constituídos por indivíduos inteligentes e intelectualmente capazes”.
Na ausência deste cenário, o interlocutor do «Canal de Moçambique» assevera que “a oposição continuará a ser a Comunidade Internacional”.
“Quanto maior for o equilíbrio parlamentar, melhor é para a democracia”, sustenta Ngoenha numa altura em que nos corredores da política algumas vozes vaticinam um cenário monolítico para os próximos tempos.
A aprovação do Pacote Eleitoral somente com votos da Frelimo tem sido apresentada como o sinal de que os próximos tempos serão difíceis para as formações políticas da oposição em particular para Renamo.
Sobre este ponto, Severino Ngoenha, escusou-se de emitir comentários alegadamente porque “precisava de tempo para fazer uma reflexão sobre o assunto”.
Contudo, alertou para o facto de, “os partidos políticos estarem a ser evadidos por oportunistas que não estão preocupados com os interesses do povo mas com os seus próprios interesses”.
E sobre a questão de recrutamento e ascensão nos partidos políticos disse: “Espero que Samito Machel e Nyelete Mondlane tenham entrado no Comité Central por mérito e não por serem filhos de quem são”.
O papel dos intelectuais
Severino Elias Ngoenha é de opinião que os intelectuais jogam um papel determinante na consolidação do processo democrático. Ngoenha diz que muitas vezes se culpa os políticos quando grande quota-parte dos problemas reside nos próprios intelectuais, “que não produzem ideias alternativas que possam servir de modelos para os políticos. “Não basta uma intelectualidade crítica. Os intelectuais também devem ser capazes de produzir ideias alternativas que sirvam a sociedade”. E como antídoto Ngoenha defende que os intelectuais devem dizer as coisas com “respeito e responsabilidade”.
E acrescenta: “Nem todos os indivíduos que tiveram acesso a educação são intelectuais. Em Moçambique, pensa-se que todos os doutores são intelectuais”.
O jornalismo não foi poupado nas críticas que Ngoenha fez a intelectualidade em Moçambique. “É preciso sair-se de um jornalismo de denúncia, para um jornalismo de reflexão”. Para Severino Ngoenha o jornalismo tem que ser capaz de reflectir sobre as questões prementes da sociedade. “ Não basta um jornalismo de denúncia”.
Questionado se o facto de ele residir no exterior, permite-lhe expor as suas ideias mais a vontade, ele disse que apenas cumpre o seu papel de filósofo. “É preciso dizer-se as coisas como elas são”. Colocámos – lhe o exemplo de Moçambique onde muitos intelectuais sentem-se inibidos em dizer “as coisas como elas são” por terem medo de “ficar sem o pão”, e Ngoenha, disse: “ Os intelectuais, mesmo os orgânicos, também têm obrigação de fornecer ideias a sociedade”.
Nas próximas edição iremos publicar a segunda parte da entrevista que o «Canal de Moçambique» fez ao filósofo Severino Ngoenha.
(Celso Manguana e Luís Nhachote)
Canal de Mocambique (2007-01-08)
Espero que a Frelimo ganhe eleições por apresentar o melhor projecto para o país e não pelo enfraquecimento de outras formações política
Maputo (Canal de Moçambique) - Num momento em que certas correntes de opinião acreditam que, “a democracia moçambicana está em perigo” e sustentam a sua tese numa alegada preocupação de Presidente da República, Armando Guebuza, em tornar o partido de que também é presidente, a Frelimo, em “actor hegemónico e monopolista do cenário político moçambicano”, o filósofo e professor universitário, Severino Ngoenha, alerta que, “eliminar a oposição seria voltar para trás”.
Para Ngoenha, “o processo político moçambicano não pode andar para trás” e, acrescenta: “ o desafio tem que ser o fortalecimento das instituições democráticas e não o regresso a um cenário monopartidário” Na opinião de Ngoenha, “A Frelimo tem que ganhar as eleições por apresentar o melhor projecto para o país e não pelo enfraquecimento de outros partidos”.
“Espero que a Frelimo ganhe eleições por apresentar projectos sociais e, não por eliminar os partidos da oposição”.
Em entrevista ao «Canal de Moçambique», o académico que reside na Suiça é e autor de diversas obras na área da filosofia, falou também do que acredita que seria o cenário ideal para a democracia moçambicana. Na sua acepção, “Tanto a Frelimo como a Renamo têm que ser partidos fortes e constituídos por indivíduos inteligentes e intelectualmente capazes”.
Na ausência deste cenário, o interlocutor do «Canal de Moçambique» assevera que “a oposição continuará a ser a Comunidade Internacional”.
“Quanto maior for o equilíbrio parlamentar, melhor é para a democracia”, sustenta Ngoenha numa altura em que nos corredores da política algumas vozes vaticinam um cenário monolítico para os próximos tempos.
A aprovação do Pacote Eleitoral somente com votos da Frelimo tem sido apresentada como o sinal de que os próximos tempos serão difíceis para as formações políticas da oposição em particular para Renamo.
Sobre este ponto, Severino Ngoenha, escusou-se de emitir comentários alegadamente porque “precisava de tempo para fazer uma reflexão sobre o assunto”.
Contudo, alertou para o facto de, “os partidos políticos estarem a ser evadidos por oportunistas que não estão preocupados com os interesses do povo mas com os seus próprios interesses”.
E sobre a questão de recrutamento e ascensão nos partidos políticos disse: “Espero que Samito Machel e Nyelete Mondlane tenham entrado no Comité Central por mérito e não por serem filhos de quem são”.
O papel dos intelectuais
Severino Elias Ngoenha é de opinião que os intelectuais jogam um papel determinante na consolidação do processo democrático. Ngoenha diz que muitas vezes se culpa os políticos quando grande quota-parte dos problemas reside nos próprios intelectuais, “que não produzem ideias alternativas que possam servir de modelos para os políticos. “Não basta uma intelectualidade crítica. Os intelectuais também devem ser capazes de produzir ideias alternativas que sirvam a sociedade”. E como antídoto Ngoenha defende que os intelectuais devem dizer as coisas com “respeito e responsabilidade”.
E acrescenta: “Nem todos os indivíduos que tiveram acesso a educação são intelectuais. Em Moçambique, pensa-se que todos os doutores são intelectuais”.
O jornalismo não foi poupado nas críticas que Ngoenha fez a intelectualidade em Moçambique. “É preciso sair-se de um jornalismo de denúncia, para um jornalismo de reflexão”. Para Severino Ngoenha o jornalismo tem que ser capaz de reflectir sobre as questões prementes da sociedade. “ Não basta um jornalismo de denúncia”.
Questionado se o facto de ele residir no exterior, permite-lhe expor as suas ideias mais a vontade, ele disse que apenas cumpre o seu papel de filósofo. “É preciso dizer-se as coisas como elas são”. Colocámos – lhe o exemplo de Moçambique onde muitos intelectuais sentem-se inibidos em dizer “as coisas como elas são” por terem medo de “ficar sem o pão”, e Ngoenha, disse: “ Os intelectuais, mesmo os orgânicos, também têm obrigação de fornecer ideias a sociedade”.
Nas próximas edição iremos publicar a segunda parte da entrevista que o «Canal de Moçambique» fez ao filósofo Severino Ngoenha.
(Celso Manguana e Luís Nhachote)
Canal de Mocambique (2007-01-08)
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