RENAMO, principal partido da oposição moçambicana, denunciou hoje em Maputo a ausência de informações sobre o assassínio em Março do seu deputado Gaspar Mascarenhas e anunciou que vai protestar junto das "instituições apropriadas".
"No início (após a morte de Gaspar Mascarenhas), confiámos num esclarecimento célere das circunstâncias em que morreu o nosso deputado, mas agora parece-nos que estamos perante mais um crime sem criminosos, admitimos por isso reclamar junto das instituições apropriadas e relevantes", disse à Agência Lusa Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMO.
O Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) da província de Sofala, que tem jurisdição sobre a cidade da Beira, onde o deputado foi encontrado morto a tiro, disse hoje não dispor ainda de nenhum dado relacionado com o assassínio.
"Não tenho nenhuma informação relacionada com a morte do deputado (Gaspar Mascarenhas)", disse à Lusa Raúl Magaíssa, porta-voz daquele comando.
Comentando a falta de informação sobre as investigações à morte de Gaspar Mascarenhas, Fernando Mazanga condenou "o silêncio das autoridades", receando que os assassinos do deputado fiquem impunes.
"Este é capaz de ser mais um crime a ficar impune, depois de tantos outros que até à data ainda não tiveram esclarecimento", sublinhou Mazanga.
O porta-voz da RENAMO disse ainda que o seu partido dispensou o patrocínio de uma acusação particular, porque confiava que a investigação pela polícia levaria rapidamente a uma acusação pelo Ministério Público, dado o carácter do próprio crime.
"Tínhamos plena confiança nas autoridades, mas admitimos agora que teremos de reclamar contra o curso das coisas", sublinhou Fernando Mazanga. O porta-voz da RENAMO acusou ainda a polícia de intimidação aos membros do seu partido, em Sofala, que se insurgiram contra o assassínio de Gaspar Mascarenhas.
"Para fugir às suas responsabilidades na investigação do crime, a polícia está a entreter a sociedade, ouvindo membros da RENAMO que de viva voz denunciaram este crime em Sofala", acusou Mazanga.
Gaspar Mascarenhas era deputado da RENAMO pelo círculo eleitoral de Sofala, considerado o principal reduto da oposição moçambicana. O seu cadáver foi reconhecido na morgue do Hospital Central da Beira pelos seus companheiros do partido, após ter sido encontrado na via pública e ficado alguns dias por identificar naquela unidade hospitalar.
Antes de aderir à RENAMO, Mascarenhas exerceu altas funções no extinto Serviço Nacional de Segurança Pública (SNASP), os serviços secretos moçambicanos durante o regime de partido único em Moçambique, fugindo depois para Portugal, na sequência de uma purga naquele organismo, no início dos anos de 1980.
Fonte: Notícias lusófonas
Com embargo
Há 7 horas
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