Eduardo Joaquim Mulémbwè, antigo Presidente da Assembleia da República (AR), falhou, ontem em Midrand, África do Sul, a eleição para a presidência do Parlamento Pan-Africano, ao obter 70 votos contra 85 do seu mais directo rival, o camaronês Roger Nkodo Dang, num processo em que participaram 164 deputados daquele órgão de consulta da União Africana.
Para esta eleição, concorriam Eduardo Joaquim Mulémbwè, pelo bloco da África Austral, Roger Nkodo e o tunisino Rahoui Mongi, que ficou em terceiro lugar com nove votos. Tratou-se dum processo eleitoral que esteve envolto de uma grande movimentação e concertação diplomática entre os deputados do Parlamento Pan-Africano e os seus assessores, justificada pelo facto de o tunisino Rahoui Mongi ter formalizado a sua candidatura “à última hora”.
A regra para a eleição do Presidente do Parlamento Pan-Africano era até então fundada no princípio de rotatividade entre as cinco regiões da União Africana. Aliás, o bloco da África Austral defendia e estava convencido de que esse princípio seria aplicado, como estava preconizado em moção aprovada numa das anteriores sessões do órgão.
Porém, essa regra alegadamente não terá sido observada para o acto que culminou com a eleição do camaronês Roger Nkodo Dang. Das consultas e concertações havidas em torno daquela questão, a mesa do Parlamento terá decidido que se embarcasse num processo em que todas as regiões pudessem apresentar as suas candidaturas.
Apesar de ter perdido a presidência, a região austral de África tem ainda a chance de apresentar o seu candidato para o lugar de vice-presidente, o que deverá ocorrer amanhã, sexta-feira. Por regra, cada uma das regiões tem o direito de indicar o seu candidato para a vice-presidência do Parlamento.
Falando no plenário momento após o anúncio dos resultados, Eduardo Mulémbwè, cujo lema de candidatura era “por um Parlamento mais forte, activo e unido”, disse ter aprendido a viver na democracia e que o exercício que havia acabado de se realizar tinha um só vencedor – a democracia.
Afirmou que os deputados do Parlamento Pan-Africano haviam feito a melhor escolha, ao votarem maioritariamente pelo camaronês Roger Nkodo Dang, mas que se colocava à disposição do candidato vencedor naquilo que achasse que seja útil para o órgão.
“Ganhou a África. Uma África, uma voz”, disse Eduardo Mulémbwè.
Por seu turno, Roger Nkodo Dang, que ainda ontem tomou posse no cargo, também disse que a sua vitória era a de toda a África, a vitória da democracia, na qual ninguém saiu derrotado e ganhador.
Prometeu conviver com os seus adversários, no quadro da colegialidade do Parlamento Pan-Africano, assegurando que os mesmos terão um papel a desempenhar.
Roger Nkodo Dang substitui no cargo o nigeriano Bethel Amadi, que dirigiu os destinos do órgão nos últimos três anos.
FELISBERTO ARNAÇA, em Midrand
Fonte: Jornal Notícias – 27.05.2015
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