O Presidente da
República, Filipe Nyusi, considera que a exclusão, a pobreza e a falta de
transparência no funcionamento das instituições são algumas das principais
causas da instabilidade político-militar que afecta alguns países africanos.
Filipe
Nyusi fez estas declarações, terça-feira, em Abidjan, durante um painel
subordinado ao tema “desenvolvimento e segurança: enfrentar novas ameaças”,
inserido na 50ª Assembleia Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano
de Desenvolvimento (BAD) e na 41ª Anual do Fundo Africano de Desenvolvimento,
que decorrem desde segunda-feira até amanhã, na capital costa-marfinense.
Durante
o painel que contou também com a participação da Presidente da Comissão União
Africana, Nkhosazana Dlamine Zuma e do antigo Presidente da Nigéria, Olesugun
Obasanjo, o Chefe do Estado moçambicano esclareceu que a eliminação dos focos
de insegurança passa pela erradicação das suas causas.
Para
o Presidente, resolvendo os problemas que preocupam a população, como seja o
acesso à educação, saúde, comida e emprego estar-se-á a evitar convulsões
sociais que podem culminar com instabilidade e guerras.
“A
educação e o desenvolvimento humano trazem estabilidade na vida das pessoas”,
disse o Presidente, para quem as camadas sociais que se sentem marginalizadas
facilmente aderem a movimentos que mais dias ou menos dias originam a
instabilidade.
Num
painel transmitido em directo pelo canal France 24, Nyusi disse que a solução
dos problemas de insegurança deve ser vista numa dimensão global, porque nenhum
país está em condições de fazer a luta isoladamente.
“Precisamos
de uma conjugação de esforços de todos, dentro dos próprios países, na região e
a nível mundial”, disse referiu.
A
uma pergunta sobre como conciliar as necessidades de desenvolvimento e de
segurança, Filipe Nyusi respondeu que o mundo vive uma era de desconfiança em
que ninguém sabe o que pode acontecer no dia seguinte, havendo, por isso, a
necessidade de os Governos tomarem precauções para garantir tranquilidade nos
seus países.
Ressalvou
que o ideal seria investir-se mais na educação, nas estradas e pontes, na
energia ou na saúde para elevar a qualidade de vida das pessoas, mas que as
ameaças actuais fazem com que os governos tenham de se preocupar mais com
questões de segurança interna.
Entretanto,
intervindo no mesmo painel, a Presidente da Comissão da União Africana disse
que fora da pobreza existem outros factores de intranquilidade nos países
africanos, destacando entre eles o tráfico de seres humanos e de drogas, falta
de empregos e má governação.
“É
preciso investir na educação e no emprego para que o país não entre em crise”,
disse Nkhosazana Dlamine Zuma, criticando a postura dos países mais
desenvolvidos que nas discussões com os governos africanos privilegiam o comércio
de matéria-prima e nunca falam da industrialização de África para a geração de
postos de trabalho.
Por
seu turno, o antigo Presidente da Nigéria começou por descrever a origem e a
forma de actuação do grupo Boko Haram, admitindo que o exército daquele país
não estava suficientemente preparado para lidar com aquela organização, que de
alguma forma, está a pôr em causa os esforços de desenvolvimento.
Entretanto,
o presidente moçambicano que se encontrava na Costa do Marfim como convidado
especial do seu homólogo costa-marfinense, Alassane Outtara, às reuniões anuais
do grupo BAD, deixa hoje a cidade de Abidjan com destino à Nigéria, onde vai
participar na investidura do novo Chefe de Estado daquele país africano.
António
Mondlhane, em Abidjan
Fonte: Jornal Notícias – 27.05.2015
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