O académico Lourenço do Rosário, reitor de A Politécnica, opiniou numa palestra subordinada ao tema “Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP) — Percurso e Desafios para Moçambique”, havida sexta-feira na Universidade Pedagógica, delegação da Beira, que os partidos da oposição moçambicanos não são ainda alternativa de governação do país.
Este pronunciamento foi feito a propósito do tema “percurso e desafios para Moçambique”, quando o palestrante falava aos estudantes e docentes presentes da necessidade do exercício da cidadania através da pressão e crítica ao Executivo para uma boa governação.
Lourenço do Rosário, citado pelo Diário de Moçambique na sua edição de hoje, considerou que, do ponto de vista de linguagem, clareza nacional e organização, as formações políticas moçambicanas, à excepção da Frelimo, no poder, não possuem uma plataforma visionária que possa convencer a população a mudar de partido na direcção do país.
“Os discursos dos partidos da oposição em Moçambique são apenas de ataque e de queixas. Não são discursos visionários” — referiu o palestrante, destacando, por exemplo, que o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, “que apareceu em público com um discurso intelectualista e urbano”, era suposto que capitalizasse a injustiça feita pela Comissão Nacional de Eleições ao seu partido, mas este acabou não conseguindo nas eleições gerais passadas “bater” o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
“Isso significa, portanto, que o eleitorado moçambicano ainda não acredita no Daviz Simango. Temos que ver questões concretas e objectivas de governação. Provavelmente Daviz Simango possa no futuro ser alternativa de governação do país, mas em termos organizacionais os partidos da oposição que temos em Moçambique precisam de crescer mais” — referiu o académico, indicando que a Renamo, que poderia constituir alternativa, “enfrenta problemas internos de liderança”, enquanto outras forças políticas “nascem e desaparecem posteriormente”.
Lourenço do Rosário realçou que, enquanto os partidos da oposição não representam opção credível para a governação do país, a Frelimo “vai se reestruturando e ganhando nova coesão”, uma prática que, conforme afirmou, vem sendo efectuada desde a luta armada de libertação de Moçambique.
A uma pergunta sobre as saídas para este fenómeno, ele respondeu que os moçambicanos devem exercitar-se no campo da promoção do espírito de cidadania, através do ganho de consciência de que as suas opiniões podem fazer com que os governantes mudem de posição.
Afirmou que a importância da opinião pública em relação às noções de boa governação faz parte dos grandes desafios do MARP, as quais têm por finalidade promover o crescimento do país.
“Quando a opinião pública é forte, pode pressionar sem medo. O Governo não mete medo a ninguém, temos que falar com o Governo, ao invés de ficarmos com medo” — salientou Lourenço do Rosário, para quem a boa governação não significa apenas implantação de um Governo, mas sim o contributo da avaliação das autoridades por parte de todos os cidadãos organizados em famílias, comunidades, agremiações civis, os quais indicam sugestões e solicitam contas em relação às realizações.
Um exemplo de ausência de medo em relação ao Governo, de acordo com o orador, foi a contundência que caracterizou a elaboração do relatório do MARP, razão pela qual “o documento foi mal visto pelas autoridades moçambicanas”.
O relatório, segundo Lourenço do Rosário, que preside ao Mecanismo Africano de Revisão de Pares em Moçambique, aponta muitas feridas, como a partidarização do Governo, o enriquecimento ilícito por parte dos membros deste, a corrupção generalizada, entre outras anomalias que atentam contra a boa governação do país.
“Muitas vezes, algumas figuras ligadas ao Governo, como ministros, e outras figuras do partido no poder não entendem as críticas feitas sobre as nossas fraquezas como contribuição para o melhoramento da nossa governação. Acharam que estávamos a produzir um documento para alimentar o inimigo no ataque à realidade moçambicana” — indicou o palestrante.
Fonte: (Com diariomoz.com) in Rádio Mocambique – 29.10.2012
7 comentários:
Prof Lourenço do Rosário diz: ” por exemplo, que o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, “que apareceu em público com um discurso intelectualista e urbano”, era suposto que capitalizasse a injustiça feita pela Comissão Nacional de Eleições ao seu partido, mas este acabou não conseguindo nas eleições gerais passadas “bater” o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.”
Neste ponto há duas ou mais respostas: 1) Recordemo-nos da accão da CNE sob lideranca do Dr. João Leopoldo. Ele que excluiu o MDM em muitos círculos eleitorais. 2) Não basta que seja Daviz Simango a trabalhar sozinho para o fortalecimento da nossa democracia multipartidária. Temos que nós todos. Cada um tem que assumir a sua responsabilidade. E o que realmente fazem tantos intelectuais ou académicos que temos? Quando é vamos ter mais cidadã
os como Daviz e Manuel de Araújo?
Prof. Lourenço do Rosário: “Quando a opinião pública é forte, pode pressionar sem medo. O Governo não mete medo a ninguém, temos que falar com o Governo, ao invés de ficarmos com medo”.
A questão passa por estudar a razão de medo que reina sobretudo nos académicos, pois que esse medo é menor lá campo com maioria de analfabetos. Porquê será que um escolarizado anda com medo?
Pro. Lourenço do Rosário “aponta muitas feridas, como a partidarização do Governo, o enriquecimento ilícito por parte dos membros deste, a corrupção generalizada, entre outras anomalias que atentam contra a boa governação do país.” Talvez esteja aí a resposta de muitos não querer criticar. Têm medo de perder a migalha.
Nguiliche
Sinceramente, penso que o Dr. Lourenço de Rosário nao considerou muitas premissas nesta analise sobre os partidos de oposiçao, ou tentou compensar o discurso anterior sobre Dhlakama. Penso que falou pensando no votante intelectual, quando há muitas premissas que devem entrar na observaçao para se chegar a conclusao sobre desorganizaçao ou nao dos partidos de oposiçao. Na minha opiniao, a Frelimo nao é tao organizada como se pode pensar, é preciso pensar que todos os seus quadros tem emprego com salario acima da média e inúmeras facilidades económicas; a Frelimo controla 99% os orgaos de comunicaçao estatais, o que facilita manipulaçao de toda informaçao "subversiva". Faz "dum" Dr. Lourenço de Rosária, acredito que chegará a conclusao que a sua analise partiu do particular para o geral.
Nguliche
Partilho sua opiniao, Reflectindo. Espero que ele nao esteja a compensar o discurso que proferiu sobre os motivos que levam Dhlakama a ir viver em Gorongosa, depois de alguma crítica ou pressao; e ele pode ser um dos intelectuais amedrontado.
Nao concordo no geral com o Sr.Lourenco do Rosario, ainda nao estao respondidas as agressoes, prisoes aos membros MDM em Inhambane, Manica, Tete, Nacala..etc...etc afinal aonde esta o medo da consolidacao da dita democracia?.... Instrumentalizando as estruturas de base para agirem inconsientemente alegando que os restantes partidos nao sao bem vindos!!!!!!!!!! nao nao senhor.
Nao concordo no geral com o Sr.Lourenco do Rosario, ainda nao estao respondidas as agressoes, prisoes aos membros MDM em Inhambane, Manica, Tete, Nacala..etc...etc afinal aonde esta o medo da consolidacao da dita democracia?.... Instrumentalizando as estruturas de base para agirem inconsientemente alegando que os restantes partidos nao sao bem vindos!!!!!!!!!! nao nao senhor.
Dr Rosario beu sempre te respetrei muito, mas acho que este seu discurso na UP BEIRA nao foi feliz. a oposiçcao moçamicana nao tem força porque a FRELMO esta a esmagar. tudo da FRELIMO e nada de outros que nao sao da FRELIMO.
Meu Senhor, um dia, vai entender que neste pais, tudo esta nao maos de 0,00000000000000001% da populaçao.
um dia, vai entender que nenhum partido tem poder eterno e que um dia, FRELIMO vai para o inferno.
Dr Rosario beu sempre te respetrei muito, mas acho que este seu discurso na UP BEIRA nao foi feliz. a oposiçcao moçamicana nao tem força porque a FRELMO esta a esmagar. tudo da FRELIMO e nada de outros que nao sao da FRELIMO.
Meu Senhor, um dia, vai entender que neste pais, tudo esta nao maos de 0,00000000000000001% da populaçao.
um dia, vai entender que nenhum partido tem poder eterno e que um dia, FRELIMO vai para o inferno.
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