sábado, outubro 06, 2012

Malawi: Presisidente e seu vice baixam salários como medida de austeridade

Joyce Banda e o seu Vice, Kumbo Kachali, decidiram cortar os seus salários em trinta por cento no quadro das medidas de austeridade adoptadas pelo seu governo.


Os dois dirigentes pretendem assim mostrar ao povo malawiano  e a comunidade internacional que não estão alheios à crise económica e que por isso estão prontos a consentir sacrifícios, ou seja, a apertar o cinto até onde for possível, senão mesmo, esgotar todos os furos.

Feitas as contas, a Presidente Joyce Banda, que recebe mensalmente o correspondente a cerca de cinco mil doláres, passará a ganhar cerca de três mil e quinhentos. O seu Vice passará agora a levar para casa dois mil e oitocentos doláres por mês, contra os anteriores quatro mil.

No entanto, os críticos do governo dizem que este gesto não tem nenhum significado uma vez que a presidente e o seu vice vão  recuperar o seu dinheiro através das ajudas de custo ao exterior.

De acordo com fontes oficiais, estão agendadas outras medidas de  austeridade nos próximos meses, com incidência para a contenção de despesas, conforme exigem a sociedade civil e os doadores internacionais, como moeda de troca para o desembolso de fundos para o país.

Uma das rubricas que poderá ser mexida diz respeito às viagens ao estrangeiro que, alegadamente, está drenar muito dinheiro e sem retorno, um desafio que, entretanto, não será fácil tendo em conta a apetência dos dirigentes malawianos pelas viagens ao exterior.

Os activistas da sociedade civil citam como exemplo a viagem da Presidente Banda a Nova Iorque, que consumiu cerca de um milhão de doláres, devido não só a sua longa duração - três semanas, mas também o facto de ter levado consigo cerca de quarenta acompanhantes,  entre os  quais líderes religiosos e tradicionais que aparentemente não tinham nenhum papel a desempenhar, tal como fazia o seu antecessor, Bingu wa Mutharika.

Em Julho passado, os doadores internacionais prometeram ao Malawi cerca de quinhentos milhões de doláres para apoio directo ao orçamento, mas até agora só desembolsaram noventa milhões, entre os quais, o Banco Africano de  Desenvolvimento e o  Banco Mundial.

No Malawi, o ano fiscal começa em Julho e termina em Junho do ano seguinte, e o governo de Lilongwe já afirmou que os atrasos no desembolso de fundos  para o orçamento estavam a ter um efeito negativo para o país e com a economia cada vez mais insustentável.

Nem a África do Sul, que prometeu em Abril uma linha de crédito de trinta e cinco milhões de doláres para a importação de combustível, cumpriu a sua promessa. Até agora, o governo de Pretória só libertou dez milhões de doláres, e devido a esta e outras razões, a escassez de combustível  voltou a agravar-se.

O próprio ministro de energia, Cassim Chilumpa, assumiu publicamente que ainda não há nenhuma solução para o problema de combustível e que tudo quanto o governo está a fazer são apenas medidas paliativas para atenuar a crise.

Por exemplo, neste momento estão a caminho do Malawi dez milhões de litros de combustível provenientes dos portos moçambicanos da Beira e Nacala e Dar-es-Salam, na Tanzania. Com esta quantidade espera-se normalizar o abastecimento de combustível por apenas dez dias.

De acordo com o ministro Cassim Chiulumoa, depois disso, se verá o que fazer.

Com Faustino Igreja, em Blantyre (Rádio Mocambique)

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