Documentos descrevem rede empresarial do presidente e seus familiares. Armando Guebuza teria beneficiado pessoalmente da compra de Cahora Bassa
A divulgação de relatórios da embaixada americana em Maputo em que Moçambique é descrito com um dos principais pontos de entrada de drogas em África e em que são feitas acusações de corrupção contra altos dirigentes moçambicanos continua a provocar acesas discussões e reacções.
No parlamento moçambicano a oposição acusou a bancada do partido no poder Frelimo de ser “a bancada do narcotráfico, haxixe e mandrax” enquanto alguns meios de informação moçambicanos fizeram hoje referencia a acusações de corrupção ao mais alto nível da liderança da Frelimo.
Um dos relatório mencionados refere-se ao que diz serem os vastos interesses económicos do Presidente Armando Guebuza em Moçambique.
Um exemplo dado de como o presidente Moçambicano beneficia do seu envolvimento directo nessas companhias teria sido a compra da barragem de Cahora Bassa por 950 milhões de dólares pelo estado moçambicano. O documento diz que 700 milhões foram pagos por um consórcio de bancos privados algo que foi organizado por uma frente de Guebuza que teria recebido uma comissão de entre 35 e 50 milhões de dólares.
O banco português que organizou o financiamento entregou as acções no BCI fomento um dos maiores bancos comerciais de Moçambique a uma companhia controlada por Guebuza, acrescenta o documento.
No que diz respeito ao trafico de drogas através de Moçambique um dos relatórios enviados pela embaixada americana repete acusações de envolvimento nesse trafico contra Mohamed Bashir que, segundo diz, tem boas relações com o presidente Armando Guebuza e o seu predecessor Joaquim Chissano.
Outro alegado traficante é Ghulam Rassul Moti que é também acusado de ser suspeito de estar envolvido no trafico de seres humanos.
O antigo Presidente de Moçambique Joaquim Chissano negou entretanto qualquer envolvimento com narcotráfico e classificou os documentos divulgados pelo portal WikiLeaks como “mentira grossa”.
Quanto à acusação de a FRELIMO receber dinheiro de empresários, como de Bachir Suleman que alegadamente está envolvido no narco tráfico, Joaquim Chissano disse à agencia de noticias portuguesa Lusa que isso sempre foi prática normal de todos os partidos, que em campanhas faziam jantares com empresários, que prometiam determinadas somas.
Por outro lado o director das Alfândegas de Moçambique, Domingos Tivane, mostrou-se “surpreendido” com as informações divulgadas pelo «site» Wikileaks, que o apontam como um dos “atores chave” na aceitação de subornos para a FRELIMO.
No telegrama da embaixada norte-americana em Maputo, datado de 28 de janeiro de 2010, Domingos Tivane é referenciado como um dos “actores chave” nas pressões que no país são dirigidas contra a comunidade empresarial para obtenção de subornos e participações percentuais.
O correio diplomático norte-americano precisa que o chefe da Alfândega de Moçambique é conhecido por "pedir e receber abertamente luvas dos importadores".
Tivane disse ser difícil fazer comentários aquilo que descreveu de “percepções”.
Na sua primeira reacção às revelações feitas pela Wikileaks sobre droga e corrupção envolvendo figuras destacadas do Estado Moçambicano, Ismael Mussá, o secretário-geral do Movimento Democrático de Moçambique, MDM, defende que o presidente Armando Guebuza deverá ir ao Parlamento até ao encerramento desta legislatura, que termina, no próximo dia 22, para esclarecer o povo moçambicano acerca das acusações que têm vindo a ser feitas.
Anteriormente Afonso Dhlakama, o secretário geral da Renamo, maior partido da oposição, disse que Armando Guebuza não poderia ficar “mudo” face às alegações.
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Fonte: Voz da América - 10.12.2010
Reflectindo: fico com muitas dúvidas. Um partido governamental que não se preocupa quando um cidadão que por sinal é bem conhecido por este compra uma caneta por 60 mil dólares americanos ou um com PCA duma empresa pública oferece 25 mil dólares para a reabilitação dum seu imobiliário. É muito interessante.
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