Por José Chirinza, na Beira
A doação de uma ambulância ao centro de saúde de Macurungo pelo Conselho Municipal da Beira (CMB) está no centro de uma nova polémica na segunda autarquia politicamente mais importante de Moçambique.
Na quinta-feira da semana passada, o CMB deslocou-se àquela unidade hospitalar sob gestão da direcção de saúde para doar uma ambulância. No entanto, a directora da saúde gazetou ao evento e a direcção do hospital não se dignou a receber, mas Daviz Simango deixou a ambulância no local. A ausência das autoridades de saúde daquela cidade resvalou para interpretações de natureza política. Mas quando abordada pelo SAVANA, a directora dos serviços distritais de saúde, mulher e acção social, Graciana Pita, negou que tenha sido movida por forças de natureza política.
Daviz Simango
“Doar uma ambulância que vai socorrer vidas humanas a uma unidade sanitária que precisa dela, não pode ser visto como um gesto político, mas sim humanitário. Nós não sabemos a que se deve esta ausência, mas a nossa vontade é ver unida esta população e saber que o seu problema está resolvido”. Foi com estas palavras que Daviz Simango deplorou a ausência das autoridades de saúde daquela urbe que, segundo ele, haviam sido previamente comunicadas do acto.
Porém, nenhum representante da direcção dos serviços distritais de saúde, mulher e acção social da Beira, e muito menos do referido centro testemunhou a entrega do meio circulante.
Simango diz que seguiu todos procedimentos protocolares comunicando antecipadamente ao sector da saúde da Beira, tal como tradicionalmente vem fazendo desde que ascendeu ao poder na autarquia.
“Desde que estamos a dirigir o município temos seguido os mesmos procedimentos e nunca houve ausência dos responsáveis do sector da saúde, mesmo a direcção do hospital”, precisou.
Ainda na semana passada, o CMB doou mais uma ambulância ao centro de saúde de Nhaconjo arredores da Beira, unidade hospitalar sob a gestão das irmãs da igreja católica.
Recorde-se que a edilidade já tinha alocado meios circulantes para os centros e postos de saúde de Munhava, Manga loforte, Manga mascarenha e Nhangau todos estes sob gestão do Governo da cidade.
“Mas em Nhaconjo não aconteceu o mesmo porque lá está uma directora que é por sinal uma irmã e independente que não está para satisfazer caprichos partidários, mas sim estava preocupada com interesse da sua comunidade”, disse Simango.
Simango fez notar que o município iria continuar a assegurar as necessidades básicas das comunidades.
“Nós estamos preocupados com ambulância para socorrer os pacientes por isso o carro vai ficar aqui porque é para servir a comunidade e não a direcção da cidade saúde. O nosso povo vai fazer a gestão do dia-a-dia da ambulância”, decidiu Simango, arrancando ruidosos aplausos dos munícipes que acorreram ao local.
Daviz, recordou um recente episódio na Escola primária de Estoril onde o director daquele estabelecimento de ensino foi despromovido do cargo e suspenso por ter alegadamente recebido carteiras e quadro oferecido pela edilidade.
Simango disse igualmente que o seu executivo irá no próximo ano iniciar com as obras de construção de um centro de saúde no bairro do Vaz. Alias, durante o seu primeiro mandato Daviz construiu um centro de saúde na Manga Mascarenhas e residências para enfermeiros na manga loforte.
No entanto, Simango aproveitou o momento para apelar o governo central para acelerar o processo da execução do decreto 33/2006 de 30 de Agosto sobre a transferência de funções e competências do Estado para Autarquia. Na Beira, o Estado tem que transferir para a gestão municipal 59 escolas de ensino primário e 10 postos de saúde, mas passam dois anos sem que tal se efective.
Reacção da directora
Graciana Pita, directora do serviços distritais de saúde, mulher e acção social da Beira, negou que tenha sabotado a entrega da ambulância e acusou o CMB de pontapear procedimentos institucionais.
Fez notar que após ter recebido a carta do CMB que comunicava ao sector que dirige a intenção de doar a ambulância, a sua instituição redigiu um documento dirigido ao município a orientar a edilidade a efectuar a entrega do meio circulante na direcção de saúde da cidade ao invés do centro da saúde. Pita acrescentou que o CMB não respondeu. Como quem cala consente, Pita diz ter, acompanhado da directora do centro, aguardado pela entrega na direcção de saúde da cidade.
“Estamos todos aqui na direcção. O que aconteceu foi falta de coordenação. Informamos a eles que a entrega da viatura tinha que ser aqui na direcção”, justificou.
“Nos estamos sob gestão do governo da cidade e por isso a ambulância tinha que ser entregue aqui. Depois os meios são entregues por nós às unidades sanitárias”, lembrou.
Fonte: Savana - 10.12.2010 in Diário de um sociólogo
2 comentários:
1. Se a oferta é ao centro identificado, porquê ele devia ser canalizado à direccão da saúde?
2. Porquê razão as escolas do ensino primário e postos de saúde na Beira não passam à gestão municipal?
3. Qual é a necessidade dos governos paralelos nos municípios?
O Daviz entregando a direcção da cidade, "era dar ouro ao bandido", porque depois eles desviariam a ambulancia para outro local, e faziam um comício de oferta, dizendo que era o bom trabalho da direcção da saude da cidade.FALSOS!
O Daviz está com olhos abertos, e faz muito bem entregar directamente.
Até hoje não se sabe o que faz a governadora da cidade de Maputo-tacho!Com crise, governos paralelos-e o outro só para complicar.
O que interessa os cidadãos-municipes estiveram lá presentes.
O problema da cidade da Beira, só vai acabar, quando a Frelimo deixar de existir, porque organização politica que se implique com droga e terrorismo tem sempre os dias contados.
Emplode!é uma questão geracional!
Fungulamasso
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