Vale a pena, acho eu, em postar mais um artigo de especulação sobre o que está acontecer em Sofala, particularmente na Beira. Pessoalmente, continuo a questionar-me ao saber ainda da lista de quem compõe a comissão directiva da Frelimo no secretariado provincial deste partido, sabe-se que é coisa que ultrapassa ao que acontecia nos anos 80.
Nesses anos bastava com o envio de um, por exemplo Alberto Chipande para Cabo Delgado ou Sérgio Vieira para Niassa. Desta vez, manda-se tudo de Maputo para Beira e leva-me a especular que a Frelimo de Armando Guebuza/Marcelino dos Santos está mais uma vez a tentar travar o vento da democracia multipartidária. Portanto, concordo mesmo com Jonathan McCharty que tudo é tentativa de travar o avanço do MDM e Daviz Simango. Estou pensando que daqui em breve haverá algo igual no governo provincial de Sofala.
Eis o artigo:
O que se está a passar com a Frelimo na Beira e na província de Sofala?
Beira (Canal de Moçambique) - Segundo fontes que reputamos de imbatíveis, há vários pressupostos que estão por detrás das mudanças que surpreenderam as hostes da Frelimo em Sofala e na Beira. Primeiro: o secretariado é acusado de ter promovido intrigas que, entretanto, não conseguiu gerir. Adianta-se que sobrevém a tudo a correlação de forças ao nível local.
Ganha Ah Khon, empresário e membro do Comité Central, e Manuel António, este último ex-ministro do Interior de Joaquim Chissano, são apontados com interesse em controlar o secretariado e são indicados como quem está a promover as mudanças verificadas. Ambos nunca concordaram com o trabalho do secretário cessante, indicam várias fontes que referem que eles nas sessões do partido nunca pouparam críticas ao secretariado deposto.
Uma relação económica entre Chipande e Ganha Ah Khon contribuiu para que a crise interna culminasse com a queda do Lourenço Bulha e seu elenco, abrindo novas fissuras na já frágil organização da Frelimo em Sofala e na Beira.
Fontes da Frelimo ouvidas pelo «Canal de Moçambique» ao comentarem o actual momento, indignadas referem que o que leva à eleição para um cargo dentro da Frelimo “hoje não é o mérito”, mas, “sim, saber escovar as botas do chefe, vulgo tráfico de influências, e ter boas relações económicas com os chefes”.
Lourenço Bulha, que acaba de cair em desgraça, não é de todo isentado de responsabilidades. Jogando levou à agudização de intrigas e a correlação de forças pendeu a seu favor até ser apontado como candidato à presidência do Município da Beira. Mas para isso foi marginalizando e prescindindo de alguns militantes influentes ao nível do topo desta organização política, os quais viriam a conspirar, também, para a sua queda. Perdeu com Daviz Simango e agora foi cilindrado pelos seus próprios camaradas. Mas as consequências para a Frelimo ao nível provincial e da Beira ainda terão de ser avaliadas.
A derrota de Bulha nas autárquicas deixou-o fragilizado. Os grupos económicos ligados ao partido agora tomaram conta da situação, e exigiram a cabeça de Bulha. Acreditaram que Bulha tinha suficiente popularidade para vencer as eleições e financiaram um candidato que os levou à desgraça.
Para as eleições os tais grupos meteram tudo o que tinham e talvez o que não tinham. Foi gasto cerca de 15 milhões de meticais, cerca de 600 mil dólares americanos entre contribuições dos seus militantes, dinheiro do próprio candidato perdedor e dinheiro do próprio partido. A derrota foi muito maior do que se pode imaginar, comentava um militantes desiludido.
O terceiro pressuposto é o mais curioso: a emergência do Grupo de Democracia da Beira (GDB). É tido como uma criação de Lourenço Bulha. Mas a cúpula da Frelimo não gostou da ideia. Receia que esta formação política tida como “satélite” da Frelimo na Beira possa de um momento para o outro quebrar o pacto com a Frelimo e da mesma forma que Daviz Simango se tornou um dissidente da Renamo vir a surpreender a Frelimo com alguma jogada que a possa levar a maior derrapagem do que a que já está a sofrer apesar das suas vitórias eleitorais autárquicas em Sofala. Este é tido como o pressuposto mais forte que pesou na decisão de afastar Bulha. Na criação do GDB Bulha tencionava ganhar uma faixa considerável do eleitorado dissidente da Renamo e elementos próximos e fiéis da Daviz Simango. Por exemplo, com o nome GDB procurou-se levar o eleitorado a julgá-lo como o Grupo de Reflexão e Mudanças – GRM. Para a criação do GDB Bulha teve anuência de poderosos na cúpula do partido, contam-nos reputadas fontes. O GDB caiu de pára-quedas. E consta inclusivamente que não tem sequer existência legal.
As nossas fontes afirmam que a saga contra Bulha está apenas a começar. Primeiro pelo processo-crime que ele tem em que irá ter de responder em juízo, por venda de terra. O caso remonta do mandato de Chivavice Muchangage (edil da Beira no período 1998 e 2003), altura que Bulha era presidente da Assembleia Municipal. Estas duas pessoas (Bulha e Chivavice) que na altura exerciam cargos de elevada responsabilidade na própria autarquia, praticaram e/ou permitiram acto de flagrante violação da Constituição envolvendo uma companhia de seguros privada, a IMPAR, agora designada por SIM, em processo de venda de título de uso e aproveitamento de terra por 350 milhões de meticais, conforme notícias já veiculadas por este jornal e pelo semanário Zambeze em Novembro de 2008.
Como o comprovam provas documentais em nosso poder, trata-se de um caso que implica em negócio de compra e venda de terra o então presidente da Assembleia Municipal da Beira e actual candidato pelo partido Frelimo ao cargo de presidente do Conselho Municipal, Lourenço Bulha, e envolve ainda a IMPAR – Companhia de Seguros de Moçambique, hoje designada por SIM, pertencente ao grupo Millennium-Bim. Aliás é um caso que teve o aval do então Edil da Beira Chivavice Muchangage e mesmo até do Ministério da Justiça através da Conservatória do Registo Predial da Beira como não deixa dúvidas uma certidão emitida a 1 de Abril do corrente ano e em que vem explicito que a IMPAR “adquiriu por compra” o terreno a Lourenço Bulha e esposa.
A questão começa com a concessão do terreno feita a Lourenço Ferreira Bulha, a 14 de Dezembro de 1998, pelo presidente do Conselho Municipal da Beira de então, Chivavice Muchangage. Trata-se de uma parcela na baixa da cidade, ao lado do Cinema Nacional, em frente da Livraria Clássica, uma empresa também alienada pelo Estado ao mesmo cidadão, Lourenço Bula.
Destituição de Bulha e outros “é ilegal”
Ao destituir o Secretariado Provincial de Sofala e o 1.º Secretário do partido a nível da Beira, a Comissão Política (CP) do Comité Central (CC) da Frelimo, segundo destacados militantes e observadores locais, não respeitou os Estatutos do Partido. Numa consulta ao referido documento, o «Canal de Moçambique» apurou que aqueles órgãos são eleitos pelo que não deveriam ser destituídos pela CP. As competências estatutárias não dão a faculdade à CP do partido de exonerar o secretariado. Da leitura do artigo 64 dos Estatutos sobreleva essa ideia e isso mesmo está já a a gerar ainda mais polémica no seio do partido de Armando Guebuza.
Macuácua diz que não
Edson Macuácua, secretário para Mobilização e Propaganda do Comité Central do Partido Frelimo, quando contactado pelo «Canal de Moçambique» para comentar as acusações segundo as quais a CP está a usurpar funções ao demitir o secretariado provincial de Sofala, afirmou que não constitui verdade que a medida seja ilegal. “Ela enquadra-se nos termos do artigo 41 n.º 3 do Estatuto do partido Frelimo, segundo a qual “as conferências reúnem, em sessão extraordinária, por decisão dos órgãos superiores ou a requerimento de um terço dos membros dos comités”.
Macuácua acrescentou que “foi tomada uma medida extraordinária com vista a imprimir nova dinâmica e fortalecer a Frelimo, torná-lo forte”.
“Para efeito”, acrescentou Macuácua, “vão ser realizadas conferências para eleição de novos secretariados dos comités de Chimoio, Guruè e Sofala”.
“Não tem nada que ver com a derrota de Lourenço Bulha, até que o partido ganhou a eleição para a Assembleia Municipal da Beira”, disse Macuácua.
“A mentira de sempre: imprimir nova dinâmica”
O ambiente que se vive dentro do partido em Sofala é tenso. Reina o medo. Impera o espectro de silêncio em muitos militantes. Alguns que ousaram falar-nos sob o anonimato lamentam que Bulha tenha tido o final “que em Maputo lhe reservaram”. Para esses militantes, “exonerar Bulha não passa de uma medida tendente a sacrificar um cordeiro para salvar as honras da casa, se bem que a cúpula do partido advogue que tudo tem por objectivo imprimir nova dinâmica”.
“É a desculpa de sempre. É a mentira de sempre”, comenta um destacado militante pedindo-nos rigoroso sigilo.
Bulha e o seu afastamento
Ontem à tarde telefonámos para o Lourenço Bulha a fim de apuramos a veracidade dos factos bem assim dar-lhe oportunidade de reagir às acusações que pesam sobre ele. Pediu-nos licença e de seguida desligou o telefone.
Quando ligámos para Edson Macuácua, que é secretário para Mobilização e Propaganda do CC da Frelimo, este começou por nos dizer que nada poderia adiantar, porquanto existem elementos na Beira que podem comentar o que se está a passar. Mas depois foi ele quem nos ligou a predispor-se a falar.
Com este tipo de coisas pode-se perceber o clima de tensão que reina nas hostes da Frelimo na Beira e em Sofala.
Percepções em volta da questão beirense
Uma fonte bem posicionada dentro da Frelimo afirmou que “a decisão de afastar Bulha não passa de mais uma tentativa de se desviar da questão essencial”. Segundo essa fonte “o partido Frelimo pretende controlar a Beira”. Os projectos que se perspectivam conduzem a que a Frelimo esteja desesperada por ver que a cidade fugiu-lhes do controlo e agora a crise está a incendiar as próprias hostes do partido. Segundo esse elemento, em vez de fazer primeiro algo de concreto para salvar a economia da cidade, ao definir as zonas industriais do país excluiu a capital de Sofala. “Isso está a indignar muitos militantes acérrimos do próprio partido”.
De acordo com esta fonte, que também nos pediu anonimato, “os economistas da Frelimo tem que repensar na Beira, para se evitar atribuir responsabilidades individuais para explicar as derrotas da Frelimo na Beira”.
“O problema bicudo da Beira é a factura política, pois considera-se que ela é um centro da reacção”. “Essa animosidade repercute-se na vida económica dos habitantes da Beira. E o resultado é este: A Beira tem uma população de cerca de 600 mil habitantese 2.070 empresas, entre estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços privados, as quais empregam 18.929 pessoas. A função pública emprega 13.632 funcionários. O número de pessoas com emprego formal é de 32.561. O sector informal emprega 11 mil cidadãos. O número de desempregados registados em 2007 foi de 28.632, em ambos os sexos. Em 2008 o número de desempregados registados foi de 32.273 pessoas. Perante a falta de investimento, a questão que se coloca é onde o grosso dos beirenses vão buscar os recursos para a sua subsistência, num local onde praticamente não existe um investimento correspondente? Sabe-se que a Beira tem estado a sofrer os efeitos da crise do Zimbabwe, mas a cúpula da Frelimo não pára de acariciar Robert Mugabe, o presidente daquele país.”
Tudo isto pesa para desgastar a imagem de uma Frelimo irremediavelmente na oposição na Beira. Tudo isso faz crescer a adesão a quem está no poder na Beira. E aliás, no mesmo momento em que a Frelimo está a passar por um autêntico descalabro, o Poder na Beira está a organizar-se e a catalizar a atenção do grosso da população. População que atenta à Assembleia Constituinte do Movimento Democrático Moçambicano (MDM) pouco ou nada está a ligar ao que se passa na Frelimo.
(Adelino Timóteo)
Fonte: Canal de Mocambique
Eis o artigo:
O que se está a passar com a Frelimo na Beira e na província de Sofala?
Beira (Canal de Moçambique) - Segundo fontes que reputamos de imbatíveis, há vários pressupostos que estão por detrás das mudanças que surpreenderam as hostes da Frelimo em Sofala e na Beira. Primeiro: o secretariado é acusado de ter promovido intrigas que, entretanto, não conseguiu gerir. Adianta-se que sobrevém a tudo a correlação de forças ao nível local.
Ganha Ah Khon, empresário e membro do Comité Central, e Manuel António, este último ex-ministro do Interior de Joaquim Chissano, são apontados com interesse em controlar o secretariado e são indicados como quem está a promover as mudanças verificadas. Ambos nunca concordaram com o trabalho do secretário cessante, indicam várias fontes que referem que eles nas sessões do partido nunca pouparam críticas ao secretariado deposto.
Uma relação económica entre Chipande e Ganha Ah Khon contribuiu para que a crise interna culminasse com a queda do Lourenço Bulha e seu elenco, abrindo novas fissuras na já frágil organização da Frelimo em Sofala e na Beira.
Fontes da Frelimo ouvidas pelo «Canal de Moçambique» ao comentarem o actual momento, indignadas referem que o que leva à eleição para um cargo dentro da Frelimo “hoje não é o mérito”, mas, “sim, saber escovar as botas do chefe, vulgo tráfico de influências, e ter boas relações económicas com os chefes”.
Lourenço Bulha, que acaba de cair em desgraça, não é de todo isentado de responsabilidades. Jogando levou à agudização de intrigas e a correlação de forças pendeu a seu favor até ser apontado como candidato à presidência do Município da Beira. Mas para isso foi marginalizando e prescindindo de alguns militantes influentes ao nível do topo desta organização política, os quais viriam a conspirar, também, para a sua queda. Perdeu com Daviz Simango e agora foi cilindrado pelos seus próprios camaradas. Mas as consequências para a Frelimo ao nível provincial e da Beira ainda terão de ser avaliadas.
A derrota de Bulha nas autárquicas deixou-o fragilizado. Os grupos económicos ligados ao partido agora tomaram conta da situação, e exigiram a cabeça de Bulha. Acreditaram que Bulha tinha suficiente popularidade para vencer as eleições e financiaram um candidato que os levou à desgraça.
Para as eleições os tais grupos meteram tudo o que tinham e talvez o que não tinham. Foi gasto cerca de 15 milhões de meticais, cerca de 600 mil dólares americanos entre contribuições dos seus militantes, dinheiro do próprio candidato perdedor e dinheiro do próprio partido. A derrota foi muito maior do que se pode imaginar, comentava um militantes desiludido.
O terceiro pressuposto é o mais curioso: a emergência do Grupo de Democracia da Beira (GDB). É tido como uma criação de Lourenço Bulha. Mas a cúpula da Frelimo não gostou da ideia. Receia que esta formação política tida como “satélite” da Frelimo na Beira possa de um momento para o outro quebrar o pacto com a Frelimo e da mesma forma que Daviz Simango se tornou um dissidente da Renamo vir a surpreender a Frelimo com alguma jogada que a possa levar a maior derrapagem do que a que já está a sofrer apesar das suas vitórias eleitorais autárquicas em Sofala. Este é tido como o pressuposto mais forte que pesou na decisão de afastar Bulha. Na criação do GDB Bulha tencionava ganhar uma faixa considerável do eleitorado dissidente da Renamo e elementos próximos e fiéis da Daviz Simango. Por exemplo, com o nome GDB procurou-se levar o eleitorado a julgá-lo como o Grupo de Reflexão e Mudanças – GRM. Para a criação do GDB Bulha teve anuência de poderosos na cúpula do partido, contam-nos reputadas fontes. O GDB caiu de pára-quedas. E consta inclusivamente que não tem sequer existência legal.
As nossas fontes afirmam que a saga contra Bulha está apenas a começar. Primeiro pelo processo-crime que ele tem em que irá ter de responder em juízo, por venda de terra. O caso remonta do mandato de Chivavice Muchangage (edil da Beira no período 1998 e 2003), altura que Bulha era presidente da Assembleia Municipal. Estas duas pessoas (Bulha e Chivavice) que na altura exerciam cargos de elevada responsabilidade na própria autarquia, praticaram e/ou permitiram acto de flagrante violação da Constituição envolvendo uma companhia de seguros privada, a IMPAR, agora designada por SIM, em processo de venda de título de uso e aproveitamento de terra por 350 milhões de meticais, conforme notícias já veiculadas por este jornal e pelo semanário Zambeze em Novembro de 2008.
Como o comprovam provas documentais em nosso poder, trata-se de um caso que implica em negócio de compra e venda de terra o então presidente da Assembleia Municipal da Beira e actual candidato pelo partido Frelimo ao cargo de presidente do Conselho Municipal, Lourenço Bulha, e envolve ainda a IMPAR – Companhia de Seguros de Moçambique, hoje designada por SIM, pertencente ao grupo Millennium-Bim. Aliás é um caso que teve o aval do então Edil da Beira Chivavice Muchangage e mesmo até do Ministério da Justiça através da Conservatória do Registo Predial da Beira como não deixa dúvidas uma certidão emitida a 1 de Abril do corrente ano e em que vem explicito que a IMPAR “adquiriu por compra” o terreno a Lourenço Bulha e esposa.
A questão começa com a concessão do terreno feita a Lourenço Ferreira Bulha, a 14 de Dezembro de 1998, pelo presidente do Conselho Municipal da Beira de então, Chivavice Muchangage. Trata-se de uma parcela na baixa da cidade, ao lado do Cinema Nacional, em frente da Livraria Clássica, uma empresa também alienada pelo Estado ao mesmo cidadão, Lourenço Bula.
Destituição de Bulha e outros “é ilegal”
Ao destituir o Secretariado Provincial de Sofala e o 1.º Secretário do partido a nível da Beira, a Comissão Política (CP) do Comité Central (CC) da Frelimo, segundo destacados militantes e observadores locais, não respeitou os Estatutos do Partido. Numa consulta ao referido documento, o «Canal de Moçambique» apurou que aqueles órgãos são eleitos pelo que não deveriam ser destituídos pela CP. As competências estatutárias não dão a faculdade à CP do partido de exonerar o secretariado. Da leitura do artigo 64 dos Estatutos sobreleva essa ideia e isso mesmo está já a a gerar ainda mais polémica no seio do partido de Armando Guebuza.
Macuácua diz que não
Edson Macuácua, secretário para Mobilização e Propaganda do Comité Central do Partido Frelimo, quando contactado pelo «Canal de Moçambique» para comentar as acusações segundo as quais a CP está a usurpar funções ao demitir o secretariado provincial de Sofala, afirmou que não constitui verdade que a medida seja ilegal. “Ela enquadra-se nos termos do artigo 41 n.º 3 do Estatuto do partido Frelimo, segundo a qual “as conferências reúnem, em sessão extraordinária, por decisão dos órgãos superiores ou a requerimento de um terço dos membros dos comités”.
Macuácua acrescentou que “foi tomada uma medida extraordinária com vista a imprimir nova dinâmica e fortalecer a Frelimo, torná-lo forte”.
“Para efeito”, acrescentou Macuácua, “vão ser realizadas conferências para eleição de novos secretariados dos comités de Chimoio, Guruè e Sofala”.
“Não tem nada que ver com a derrota de Lourenço Bulha, até que o partido ganhou a eleição para a Assembleia Municipal da Beira”, disse Macuácua.
“A mentira de sempre: imprimir nova dinâmica”
O ambiente que se vive dentro do partido em Sofala é tenso. Reina o medo. Impera o espectro de silêncio em muitos militantes. Alguns que ousaram falar-nos sob o anonimato lamentam que Bulha tenha tido o final “que em Maputo lhe reservaram”. Para esses militantes, “exonerar Bulha não passa de uma medida tendente a sacrificar um cordeiro para salvar as honras da casa, se bem que a cúpula do partido advogue que tudo tem por objectivo imprimir nova dinâmica”.
“É a desculpa de sempre. É a mentira de sempre”, comenta um destacado militante pedindo-nos rigoroso sigilo.
Bulha e o seu afastamento
Ontem à tarde telefonámos para o Lourenço Bulha a fim de apuramos a veracidade dos factos bem assim dar-lhe oportunidade de reagir às acusações que pesam sobre ele. Pediu-nos licença e de seguida desligou o telefone.
Quando ligámos para Edson Macuácua, que é secretário para Mobilização e Propaganda do CC da Frelimo, este começou por nos dizer que nada poderia adiantar, porquanto existem elementos na Beira que podem comentar o que se está a passar. Mas depois foi ele quem nos ligou a predispor-se a falar.
Com este tipo de coisas pode-se perceber o clima de tensão que reina nas hostes da Frelimo na Beira e em Sofala.
Percepções em volta da questão beirense
Uma fonte bem posicionada dentro da Frelimo afirmou que “a decisão de afastar Bulha não passa de mais uma tentativa de se desviar da questão essencial”. Segundo essa fonte “o partido Frelimo pretende controlar a Beira”. Os projectos que se perspectivam conduzem a que a Frelimo esteja desesperada por ver que a cidade fugiu-lhes do controlo e agora a crise está a incendiar as próprias hostes do partido. Segundo esse elemento, em vez de fazer primeiro algo de concreto para salvar a economia da cidade, ao definir as zonas industriais do país excluiu a capital de Sofala. “Isso está a indignar muitos militantes acérrimos do próprio partido”.
De acordo com esta fonte, que também nos pediu anonimato, “os economistas da Frelimo tem que repensar na Beira, para se evitar atribuir responsabilidades individuais para explicar as derrotas da Frelimo na Beira”.
“O problema bicudo da Beira é a factura política, pois considera-se que ela é um centro da reacção”. “Essa animosidade repercute-se na vida económica dos habitantes da Beira. E o resultado é este: A Beira tem uma população de cerca de 600 mil habitantese 2.070 empresas, entre estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços privados, as quais empregam 18.929 pessoas. A função pública emprega 13.632 funcionários. O número de pessoas com emprego formal é de 32.561. O sector informal emprega 11 mil cidadãos. O número de desempregados registados em 2007 foi de 28.632, em ambos os sexos. Em 2008 o número de desempregados registados foi de 32.273 pessoas. Perante a falta de investimento, a questão que se coloca é onde o grosso dos beirenses vão buscar os recursos para a sua subsistência, num local onde praticamente não existe um investimento correspondente? Sabe-se que a Beira tem estado a sofrer os efeitos da crise do Zimbabwe, mas a cúpula da Frelimo não pára de acariciar Robert Mugabe, o presidente daquele país.”
Tudo isto pesa para desgastar a imagem de uma Frelimo irremediavelmente na oposição na Beira. Tudo isso faz crescer a adesão a quem está no poder na Beira. E aliás, no mesmo momento em que a Frelimo está a passar por um autêntico descalabro, o Poder na Beira está a organizar-se e a catalizar a atenção do grosso da população. População que atenta à Assembleia Constituinte do Movimento Democrático Moçambicano (MDM) pouco ou nada está a ligar ao que se passa na Frelimo.
(Adelino Timóteo)
Fonte: Canal de Mocambique
3 comentários:
Acho que a Frelimo esta a queimar os ultimos cartuchos, pois esta a ver o rabo a arder. Afinal, o MDM e mesmo uma grave ameaca a Frelimo, nao falando na Renamo. Porque de repente tantas movimentacoes? Eles que nao pensem que podem usar do seu abuso de poder para tentarem travar a vitoria ou avanco do MDM. O povo nao esta a dormir. Estamos todos bem atentos e vigilantes as manobras da Frelimo e Renamo. Maria Helena
Cara Maria Helena, precisamos é mesmo não ter olhos fechados, falta de atencão, um dos erros graves da Renamo. A Renamo de Afonso Dhlakama não questionou, apenas murmurou, sobre o esquartejamento dos municípios e a sua sufocacão com a criacão de administracões, as ditas representacões do Estado. Só quem não entendeu isto como sombra aos edis pertencentes à oposicão é quem se enganou e perdeu. Daviz que inteligentemente não deu conta a estas brincadeiras de mau gosto, tornou-se o GRANDE VENCEDOR das eleicões autarquicas de 19 de Novembro. Manuel dos Santos de Nacala foi o grande vítima do esquartejamento e representantes do Estado nos municípios.
Esquartejamento e representacão do Estado nas áreas municipais, foi uma estratégia de a Frelimo, usando meios públicos, fazer uma campanha permanente contra a oposicão.
Agora vejamos, ficamos a perceber com esta última accão da Frelimo, que em Namaacha não era Sessão do Conselho de Ministros Alargado, mas sim Sessão da Comissão Política da Frelimo Alargada, pois o que mais se tratou lá devem ser assuntos do partidão e por cima accões que visam tornar insignifincante à oposicão como é o plano da Frelimo cujo verdadeiro dono é Marcelino dos Santos e não assuntos do governo.
Tratou-se lá de como travar os ventos do MDM a partir do seu epicentro - Beira. Foi uma sessão da Comissão Política da Frelimo custeada pelo Estado. Que o Tribunal Administrativo tenha isto em conta.
Obrigada pela explicacao e detalhes. Realmente soube da Sessao do Conselho de Ministros Alargada,conforme lhe chamaram, mas quando deparei com as noticias no Savana e vi as fotos dos presentes, fiquei boquiaberta. Quem ira pagar tamanha factura ou conta? Coitadinho do povo Mocambicano que vive no limiar da pobreza.Esse Marcelino dos Santos, afinal, ainde existe? Esse e mesmo da linha dura, marxista-leninista, alem de corrupto e pedofilo, a Frelimo esta a sofrer um retrocesso em relacao a qualquer forma de democracia. Maria Helena
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