Continuo a ver como coisa inédita em Moçambique a criação duma comissão directiva chefiada pela comissão política do partido Frelimo nos comités provinciais. Surpreendemente, foi a Renamo que primeiro suspendeu seus delegados em Cabo Delegado e na Província de Maputo formando comissões directivas. Se da Renamo estavamos habituados que faz coisas semelhantes já não dizemos o mesmo para com a Frelimo. E porquê ela não fazia isso antes? E porquê agora?
Aliás, nos anos oitenta quando a guerra civil intensificou o governo da Frelimo chamou reservistas, antigos combatentes e não menos os que a própria Frelimo chamara em 1974-5 de comprometidos – os que haviam pertencido nos conhecidos grupos de comando e flechas no exército colonial. A seguir foi afectar oficiais de altas patentes como comandantes das FPLM nas províncias de “origem”. Se me recordo bem, para Nampula foi afecto o general Eduardo da Silva Nihia, em Manica Tobias Dai, em Inhambane Domingos Fondo, apenas para dar exemplos. Os comandantes provinciais funcionavam na pátrica também como vice-governadores. Em algumas províncias foram mandados alguns ministros residentes que assumiam ao mesmo tempo o cargo de governadores. Recordo-me que Alberto Chipande foi afecto em Cabo Delgado, Sérgio Vieira em Niassa, Marcelino dos Santos já esteve em Sofala, Mariano Matsinhe Tete ou Niassa (?).
Tudo isto, acompanhado por soldados zimbabweanos, tanzanianos, conselheiros militares soviéticos e cubanos foi uma tentativa para travar o avanço da Renamo que mesmo assim atingiu em todas as províncias.
E desta vez é para travar o quê? Desta vez é guerra com quem? Não desconfio nada, apenas questiono-me, ainda que por enquanto confio muito a Lucas Chomera um dos componentes da tal comissão directiva. Mas embora eu respeite, não confio Alberto Chipande e José Pacheco e isso parte das suas posturas em Cabo Delgado.
A justificação segundo a qual a comissão política da Frelimo agiu em cumprimento do artigo 64, alínea c) dos estatutos deste partido não me convence. Fui espreitar os respectivos estatutos e lá diz apenas que Compete à Comissão Política deliberar sobre questões urgentes e inadiáveis, prestando posteriormente contas dessas decisões ao Comité Central; quais são as questões urgentes e inadiáveis? É que já assistímos casos em que primeiros-secretários faleceram, mas nunca assistímos o uso desse artigo. Será que há um escandâlo no secretariado provincial da Frelimo em Sofala? Será que desconfia-se qualquer ligação do elenco de Bulha a um outro partido a exemplo do que aconteceu com a Renamo em Cabo Delgado. É apenas uma especulação. É que nem os denunciados directamente ao Presidente Guebuza por corrupção na Direcção Provincial dos Antigos Combatentes de Maputo já foram suspensos.
A justificação dada pela Agência de Informação Moçambicana (AIM) segundo a qual, Lourenço Bulha e o seu elenco foram suspensos devido a derrota nas presidenciais do Município da Beira, não me convence por três razões: a) Em Sofala, a Frelimo ganhou em todas as assembleias municipais; b) Alberto Chipande, Filipe Paunde, Edson Macuacua foram envolvidos directamente nas campanhas. c) Não acredito que uma derrota eleitoral leva a um candidato e todo o seu elenco a serem suspensos. Então, o que lhes levou a serem suspensos?
Nota final: na comissão directiva do secretariado provincial da Frelimo em Sofala fazem parte dois ministros. É algo para reflectirmos em termos de efectividade destes governantes no governo e estado. Também temos que reflectir sobre quem lhes paga quando estão no partido a tempo inteiro. Aqui está falamos do bem comum.
Do resto a Frelimo como partido pode fazer o que quiser deste não desastabilise outros partidos, deixe de usar bens públicos para pressionar os moçambicanos a apresentarem-se como seus membros e simpatizantes
Aliás, nos anos oitenta quando a guerra civil intensificou o governo da Frelimo chamou reservistas, antigos combatentes e não menos os que a própria Frelimo chamara em 1974-5 de comprometidos – os que haviam pertencido nos conhecidos grupos de comando e flechas no exército colonial. A seguir foi afectar oficiais de altas patentes como comandantes das FPLM nas províncias de “origem”. Se me recordo bem, para Nampula foi afecto o general Eduardo da Silva Nihia, em Manica Tobias Dai, em Inhambane Domingos Fondo, apenas para dar exemplos. Os comandantes provinciais funcionavam na pátrica também como vice-governadores. Em algumas províncias foram mandados alguns ministros residentes que assumiam ao mesmo tempo o cargo de governadores. Recordo-me que Alberto Chipande foi afecto em Cabo Delgado, Sérgio Vieira em Niassa, Marcelino dos Santos já esteve em Sofala, Mariano Matsinhe Tete ou Niassa (?).
Tudo isto, acompanhado por soldados zimbabweanos, tanzanianos, conselheiros militares soviéticos e cubanos foi uma tentativa para travar o avanço da Renamo que mesmo assim atingiu em todas as províncias.
E desta vez é para travar o quê? Desta vez é guerra com quem? Não desconfio nada, apenas questiono-me, ainda que por enquanto confio muito a Lucas Chomera um dos componentes da tal comissão directiva. Mas embora eu respeite, não confio Alberto Chipande e José Pacheco e isso parte das suas posturas em Cabo Delgado.
A justificação segundo a qual a comissão política da Frelimo agiu em cumprimento do artigo 64, alínea c) dos estatutos deste partido não me convence. Fui espreitar os respectivos estatutos e lá diz apenas que Compete à Comissão Política deliberar sobre questões urgentes e inadiáveis, prestando posteriormente contas dessas decisões ao Comité Central; quais são as questões urgentes e inadiáveis? É que já assistímos casos em que primeiros-secretários faleceram, mas nunca assistímos o uso desse artigo. Será que há um escandâlo no secretariado provincial da Frelimo em Sofala? Será que desconfia-se qualquer ligação do elenco de Bulha a um outro partido a exemplo do que aconteceu com a Renamo em Cabo Delgado. É apenas uma especulação. É que nem os denunciados directamente ao Presidente Guebuza por corrupção na Direcção Provincial dos Antigos Combatentes de Maputo já foram suspensos.
A justificação dada pela Agência de Informação Moçambicana (AIM) segundo a qual, Lourenço Bulha e o seu elenco foram suspensos devido a derrota nas presidenciais do Município da Beira, não me convence por três razões: a) Em Sofala, a Frelimo ganhou em todas as assembleias municipais; b) Alberto Chipande, Filipe Paunde, Edson Macuacua foram envolvidos directamente nas campanhas. c) Não acredito que uma derrota eleitoral leva a um candidato e todo o seu elenco a serem suspensos. Então, o que lhes levou a serem suspensos?
Nota final: na comissão directiva do secretariado provincial da Frelimo em Sofala fazem parte dois ministros. É algo para reflectirmos em termos de efectividade destes governantes no governo e estado. Também temos que reflectir sobre quem lhes paga quando estão no partido a tempo inteiro. Aqui está falamos do bem comum.
Do resto a Frelimo como partido pode fazer o que quiser deste não desastabilise outros partidos, deixe de usar bens públicos para pressionar os moçambicanos a apresentarem-se como seus membros e simpatizantes
2 comentários:
Nós também ficamos bastante preocupados com os últimos acontecimentos políticos de Sofala. Aliás é a nossa terra, é a nossa gente.
Esperamos que tudo corra bem, mas evitamos entrar em qualquer tipo de especulação.
Chris
Dondo
Caro Voz da Revolucão, assim estás a ser honesto. Nenhum partido deve funcionar fora dos seus estatutos, acho eu.
Abraco
Enviar um comentário