sexta-feira, agosto 04, 2006

Renamo em crise na delegação de Nampula


A RENAMO está em crise na província de Nampula. A delegação política vive conflitos intestinais que levaram a que Francisco Rupansana, chefe da mobilização da província abdicasse das suas funções por ausência de ambiente de trabalho. António Gonçalves, um dos assessores da “perdiz” naquela província, reconheceu a existência de problemas internos, afirmando que os promotores da desordem estão identificados, sem no entanto apontar nomes.

Agastados com o facto, membros e simpatizantes da Renamo em Nampula lançam um aviso à liderança em Maputo, dando como primeiro sinal a promoção de uma manifestação pacífica em protesto contra o que consideram de transformação do partido num clube de amigos.

Há dias, um grupo de militantes da Renamo irrompeu pela nossa delegação em Nampula para denunciar alegadas tendências tribais no seio da organização. Disseram que os militantes da tribo macua, por sinal, a maioria, têm sido vítimas de vexames pelos senas, oriundos de Sofala, com alegado apadrinhamento de Afonso Dhlakama, também sena. Tais elementos foram destacados para Nampula, pelo presidente do partido não propriamente para reforçar as acções da organização naquela província, mas sim para dividir o partido fragilizando-o cada vez mais.

O grupo de militantes que integrava António Gonçalves e Simão Bute apontou o dedo acusador a Glória Salvador, colaboradora do secretário-geral, como estando na origem dos problemas que se vive na delegação. Com efeito, Glória Salvador é responsabilizada pela expulsão arbitrária de vários membros do partido naquela delegação pelo simples facto de serem naturais de Nampula. "Para ela só senas é que têm lugar na delegação.

Tudo o resto é fauna acompanhante, não fazendo falta nenhuma", indicou. Enquanto isso, Francisco Rupansana, chefe da área de mobilização na delegação política da Renamo, naquele ponto do país, apresentou há dias o seu pedido de demissão alegando falta de ambiente para dar prosseguimento ao seu trabalho. Ele próprio confirmou, em declarações ao ”Notícias” que a delegação política da Renamo em Nampula vive momentos turbulentos que não o permitem lá continuar a exercer funções.

"Como quadro senior fui indicado pelo presidente para dirigir a área da mobilização. Não julgo correcto integrar um elenco dirigido por alguém, cujo lugar no organigrama do partido é inferior ao meu. Para não destruir o partido prefiro afastar-me atempadamente", referiu Francisco Rupansana, que é também deputado da Assembleia da República pela bancada da "perdiz".

Por seu turno, António Gonçalves, assessor da delegação política da Renamo em Nampula, confirmou também em conversa com o "Notícias" a gravidade da situação, sem no entanto avançar pormenores. Disse, porém, que alguns militantes da Renamo não pretendem outra coisa senão ver o partido desaparecer do mapa político nacional.

Muquissinse substitui Benjamim Cortês

Entretanto, a Renamo tem desde a semana passada um novo delegado político na província de Nampula. Trata-se de Mário Muquissinse, que substitui nestas funções Benjamim Cortês. Cortês é indiciado de apatia. Mas a substituição de Benjamim Cortês não foi nada pacífica.

Fonte da Renamo ligada à Imprensa em Nampula disse ao "Notícias" que Cortês foi informado da sua destituição pouco antes do início de uma reunião cuja agenda eram os preparativos para a participação da Renamo nas próximas eleições provinciais. A ordem veio de Maputo, numa decisão tomada por Afonso Dhlakama, o presidente da organização.

O referido encontro foi dirigido por uma comissão dirigida por João Alexandre. Antes do início da reunião, Alexandre puxou por um fax assinado por Dhlakama, o qual determinava a cessação de funções por parte de Benjamim Cortês e a nomeação de Mário Muquissinse. Alguns membros do Conselho Nacional presentes à transferência de poderes, não foram autorizados a emitir algum pronunciamento em torno desta matéria. Refira-se que Cortês foi também nomeado administrativamente para tais funções em substituição de Luís Trinta Mecupia, deputado da Assembleia da República e que chegou à delegação por via de voto.

Fonte: Notícias

1 comentário:

Anónimo disse...

O espanto é como as pessoas aceitam ser investidas desta forma anti-democrática e por conseguinte são também destituidas anti-democraticamente.