Por Fernando Lima(*)
Parece aqueles discos de 78 rpm em grafonola de “majonejone”, mas não é. Apesar dos ditos cujos enguiçarem frequentemente. Por culpa da agulha, claro.
Os mais novos, os que só ouvem música em “mp3” ou “ipod”, é como ficar desconectado do servidor e ser obrigado a ficar na mesma página na Internet “offline”(sem rede). Mais simples, mesmo terra a terra, é ouvir o dia inteiro a voz da Glorinha (que não tem culpa nenhuma) a dizer no nosso patriótico celular que o cliente está fora de linha “mas tentaremos mais tarde”.
Parece assim no país reunido este fim de semana. O país, claro, é uma alegoria, pois mais e mais cidadãos de BI passado (e suado em longas esperas na repartição respectiva) já viraram as costas às reflexões dos “crâneos”. Apesar do mês ir a meio, sempre é bem mais divertido deitar abaixo umas tantas “loiras” na barraca do bairro.
Os mais intelectuais, vingam-se na “net” e circulam as reflexões no círculo dos seus próximos, sempre com o cuidado de não enjeitar qualquer potencial consultoria, não vá o burocrata do ministério receber “orientações superiores” para pôr mais um “quadro” na lista negra. O que não deixa de ser grave para o orçamento familiar do elemento em questão.
A oposição, a que pode usar nome de oposição pela força dos números eleitorais, partiu para férias há algum tempo e, pelos vistos, perdeu o bilhete de volta. De vez em quando há uns ruídos tipo “hit and run” (ataca e foge), certamente nostalgias dos tempos da guerrilha nas matas.
Os da outra oposição, os da dita construtiva, parecem meninos de coro em escola puritana. Invariavelmente só abrem a boca para construtivamente apoiarem os poderes do dia, à espera do “pocket money” (dinheiro de bolso) da grande vaca leiteira que é o Orçamento de Estado, ou daqueles doadores que a todo o custo querem ver o pluralismo implantado no país.
Só que com tais montadas, nem com forragem geneticamente modificada, jamais lograrão ganhar corridas. A reunião, ou como afirma o protocolo, o Conselho de Ministros alargado, é um daqueles jargões do politicamente correcto que faz da inclusão a panaceia para resolver os mais intricados mistérios da governação e reconciliação nacional. Já foi tentada o ano passado e, para aqueles que não precisam de suportes visuais sobre nariz e orelhas, ainda não se viram os frutos.
E as aritméticas não param. Já vamos quase em dois anos de mandato e a orquestra parece ainda estar naqueles prelúdios de afinação de instrumentos. Para não ser desmancha-prazeres, porque as vozes mais irreverentes dizem que há uns tantos que nem com cursos acelerados de solfejo vão alguma vez tocar o instrumento que lhe puseram nas mãos. Os das futeboladas, animados com o recente Mundial, defendem a aplicação de cartões vermelhos. Para aqueles que, está mais ou menos provado, nunca deveriam ter sido convocados à orquestra.
O maestro tem certamente outra opinião. Tem muitos ensaios à porta fechada. Tem relatórios escritos de aulas de superação. Mas o problema da orquestra é que ela não toca à porta fechada, como muitas equipas de futebol fazem os seus treinos para o grande jogo. Esta orquestra dá-nos música todos os dias. E muitos ouvidos não estão a gostar. Até dizem que aquele “hit” bem fora de moda, o “deixa andar mas deixa fazer” pode estar de volta aos “dez mais”.
Os belicistas, os que estão de costas voltadas para a música, dizem que a contagem das espingardas para o conclave de Novembro já começou.Será que também vão contar as munições este fim-de-semana?
(*)Espinhos da Micaia
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