A polícia disse hoje à Lusa não ter mais informações para divulgar sobre o homicídio do constitucionalista Gilles Cistac, ocorrido na manhã de terça-feira em Maputo, remetendo esclarecimentos para mais tarde.
"As informações continuam as mesmas. As investigações estão a correr e, em devido momento, poderemos avançar mais dados", disse Arnaldo Chefo, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo.
O constitucionalista de origem francesa Gilles Cistac foi assassinado a tiro na terça-feira de manhã por desconhecidos, à saída de um café no centro de Maputo.
Cistac foi transportado ainda com vida para o Hospital Central de Maputo, onde acabou por morrer cerca das 13:00.
A polícia disse na terça-feira que segue a pista de quatro suspeitos, três negros e um branco, e que foi este último quem abriu fogo contra Cistac.
Este dado foi hoje contrariado pelo semanário Canal de Moçambique, mencionando testemunhos com a versão de que os suspeitos eram todos negros e acusando a Frelimo, partido no poder, de manipulação da informação divulgada pela PRM.
"As nossas informações foram sustentadas por testemunhas, nós não sabemos de onde vêm essas novas informações que estão a ser divulgadas pela imprensa", afirmou hoje à Lusa o porta-voz da PRM.
"A polícia não vai entrar em mais detalhes sobre o caso, porque há muitas pessoas mal-intencionadas. Nós temos testemunhas e, no momento certo, vamos apresenta-las à justiça para prestarem declarações", prosseguiu Arnaldo Chefo.
Também o Mediafax questionou hoje o trabalho dos agentes policiais, que, segundo o diário electrónico, não isolaram imediatamente a cena do crime para facilitar os trabalhos de peritagem da brigada da Polícia de Investigação Criminal e que só chegou ao local mais tarde.
Gilles Cistac era um dos principais especialistas em assuntos constitucionais de Moçambique e, em várias ocasiões, manifestou opiniões jurídicas contrárias aos interesses do Governo e da Frelimo, partido no poder.
Na semana passada, o académico anunciou que ia processar um homem que, através da rede social Facebook e com o pseudónimo Calado Kalashnikov, acusou Cistac de ser um espião francês que obteve a nacionalidade moçambicana de forma fraudulenta.
Em entrevistas recentes, Cistac considerou que não há impedimentos jurídicos à pretensão da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, principal partido da oposição) de criar regiões autónomas no país, contrariando declarações opostas de quadros da Frelimo.
O Governo considerou o atentado "um acto macabro" e espera que os autores sejam "exemplarmente punidos", enquanto a Renamo afirmou que o académico foi vítima de "perseguição política" motivada pelas suas posições recentes, e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique, terceira maior força política do país) declarou que se tratou de um assassínio por encomenda.
Fonte: LUSA – 04.2015
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