sexta-feira, março 06, 2015

Liga dos Direitos Humanos chama Frelimo para marcha contra assassínio de constitucionalista

A Liga dos Direitos Humanos (LDH)  afirmou hoje que a Frelimo, partido no poder, deve distanciar-se de acusações relacionadas com a morte de Gilles Cistac, participando sábado na marcha da sociedade civil de repúdio pela morte do jurista.
"A Frelimo tem de mostrar com atos que está distante, que não tem nada a ver com a morte de Gilles Cistac. Gostaríamos que a Frelimo, que todos os partidos políticos participassem nesta marcha", afirmou Alice Mabota, presidente da LDH, uma das promotoras da iniciativa, marcada para sábado, durante uma conferência de imprensa sobre o evento.
Enfatizando que não pretende juntar-se à onda de especulações que relacionam a morte do constitucionalista aos seus pronunciamentos jurídicos desfavoráveis à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), Mabota afirmou que a manifestação não tem cunho político, mas pretende firmar o compromisso de construir um país sem medo, de paz e acolhedor.
"Não queremos ser diferentes do país que sempre foi conhecido no mundo por ser acolhedor, por conviver com todas as raças, por ser um país de pessoas que rejeitam a agressão", frisou a presidente da LDH.
A presidente da LDH afirmou que a morte do constitucionalista deve provocar indignação em toda a sociedade, porque o silêncio vai encorajar a repetição de situações do género no futuro, tal como aconteceram no passado.
"Quem cala consente, tal como aconteceu no passado, se nos calarmos, continuará a acontecer no futuro", afirmou Alice Mabota.
Mabota afirmou que um dos lemas da marcha é "Abaixo a impunidade", escolhido para sublinhar que a falta de responsabilização dos autores de crimes leva à prática de mais crimes.
"Estes crimes acontecem, porque não são punidos e são encobertos", realçou Alice Mabota.
Gilles Cistac morreu na terça-feira no Hospital Central de Maputo, depois de ter sido atingido a tiro à saída de um café na capital.
O ministro do Interior de Moçambique, Basílio Monteiro, disse quinta-feira em conferência de imprensa que as autoridades moçambicanas pediram ajuda à Polícia Internacional (Interpol) e às polícias da região, para localizar os autores do homicídio.
Na semana passada, o académico anunciou que ia processar um homem que, através da rede social Facebook e com o pseudónimo Calado Kalashnikov, acusou Cistac de ser um espião francês que obteve a nacionalidade moçambicana de forma fraudulenta.
O Governo moçambicano considerou o atentado "um ato macabro" e espera que os autores sejam "exemplarmente punidos", enquanto o líder da Renamo disse que o académico foi vítima de "radicais da Frelimo" e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique, terceira maior força política do país) declarou que se tratou de um assassínio por encomenda.
A Frelimo reagiu na quarta-feira negando envolvimento no crime e considerando que as "acusações gravíssimas" de que foi alvo são "manobras dilatórias" para prejudicar a governação e dividir o país.


Fonte: Lusa – 06.03.2015

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