A Liga dos Direitos Humanos (LDH) afirmou hoje que a Frelimo,
partido no poder, deve distanciar-se de acusações relacionadas com a morte de
Gilles Cistac, participando sábado na marcha da sociedade civil de repúdio pela
morte do jurista.
"A
Frelimo tem de mostrar com atos que está distante, que não tem nada a ver com a
morte de Gilles Cistac. Gostaríamos que a Frelimo, que todos os partidos
políticos participassem nesta marcha", afirmou Alice Mabota, presidente da
LDH, uma das promotoras da iniciativa, marcada para sábado, durante uma
conferência de imprensa sobre o evento.
Enfatizando
que não pretende juntar-se à onda de especulações que relacionam a morte do
constitucionalista aos seus pronunciamentos jurídicos desfavoráveis à Frelimo
(Frente de Libertação de Moçambique), Mabota afirmou que a manifestação não tem
cunho político, mas pretende firmar o compromisso de construir um país sem
medo, de paz e acolhedor.
"Não
queremos ser diferentes do país que sempre foi conhecido no mundo por ser
acolhedor, por conviver com todas as raças, por ser um país de pessoas que
rejeitam a agressão", frisou a presidente da LDH.
A
presidente da LDH afirmou que a morte do constitucionalista deve provocar
indignação em toda a sociedade, porque o silêncio vai encorajar a repetição de
situações do género no futuro, tal como aconteceram no passado.
"Quem
cala consente, tal como aconteceu no passado, se nos calarmos, continuará a
acontecer no futuro", afirmou Alice Mabota.
Mabota
afirmou que um dos lemas da marcha é "Abaixo a impunidade", escolhido
para sublinhar que a falta de responsabilização dos autores de crimes leva à
prática de mais crimes.
"Estes
crimes acontecem, porque não são punidos e são encobertos", realçou Alice
Mabota.
Gilles
Cistac morreu na terça-feira no Hospital Central de Maputo, depois de ter sido
atingido a tiro à saída de um café na capital.
O
ministro do Interior de Moçambique, Basílio Monteiro, disse quinta-feira em
conferência de imprensa que as autoridades moçambicanas pediram ajuda à Polícia
Internacional (Interpol) e às polícias da região, para localizar os autores do
homicídio.
Na
semana passada, o académico anunciou que ia processar um homem que, através da
rede social Facebook e com o pseudónimo Calado Kalashnikov, acusou Cistac de ser
um espião francês que obteve a nacionalidade moçambicana de forma fraudulenta.
O
Governo moçambicano considerou o atentado "um ato macabro" e espera
que os autores sejam "exemplarmente punidos", enquanto o líder da
Renamo disse que o académico foi vítima de "radicais da Frelimo" e o
MDM (Movimento Democrático de Moçambique, terceira maior força política do
país) declarou que se tratou de um assassínio por encomenda.
A
Frelimo reagiu na quarta-feira negando envolvimento no crime e considerando que
as "acusações gravíssimas" de que foi alvo são "manobras
dilatórias" para prejudicar a governação e dividir o país.
Fonte: Lusa – 06.03.2015
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