O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Baloi, disse hoje ao corpo diplomático em Maputo que os autores do homicídio do constitucionalista de origem francesa Gilles Cistac serão "neutralizados e trazidos à justiça".
"Condenamos veementemente este ato bárbaro que espalhou ondas de choque, de tristeza e de reprovação no seio da nossa sociedade, estamos confiantes de que os autores do crime serão neutralizados e trazidos à justiça", disse Balói aos chefes das missões diplomáticas estrangeiras em Maputo, à margem da apresentação dos objectivos do encontro, que depois decorreu à porta-voz fechada.
Oldemiro Baloi descreveu ainda o assassínio de Gilles Cistac como "trágico, brutal e injustificado".
O constitucionalista foi assassinado a tiro na terça-feira de manhã por desconhecidos, à saída de um café no centro de Maputo.
Cistac foi transportado ainda com vida para o Hospital Central de Maputo, onde acabou por morrer cerca das 13:00.
A polícia disse que segue a pista de quatro suspeitos, três negros e um branco, e que foi este último quem abriu fogo contra Cistac.
Na semana passada, o académico anunciou que ia processar um homem que, através da rede social Facebook e com o pseudónimo Calado Kalashnikov, acusou Cistac de ser um espião francês que obteve a nacionalidade de forma fraudulenta.
Gilles Cistac, de origem francesa, era um dos principais especialistas em assuntos constitucionais de Moçambique e, em várias ocasiões, manifestou opiniões jurídicas contrárias aos interesses do Governo e da Frelimo, partido no poder.
Em entrevistas recentes, Cistac considerou que não há impedimentos jurídicos à pretensão da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, principal partido da oposição) de criar regiões autónomas no país, contrariando declarações opostas de quadros da Frelimo.
O Governo considerou o atentado "um ato macabro" e espera que os autores sejam "exemplarmente punidos", enquanto a Renamo afirmou que o académico foi vítima de "perseguição política" motivada pelas suas posições recentes, e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique, terceira maior força política do país) declarou que se tratou de um assassínio por encomenda.
Fonte: LUSA – 04.2015
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