Os mediadores do diálogo político entre o governo e a Renamo propõem a realização de um novo encontro entre o Presidente da República, Filipe Nyusi e o líder do maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, para tentar quebrar o actual impasse que se regista entre as partes.
Na quinta-feira, os mediadores deslocaram-se à cidade de Quelimane, capital da província central da Zambézia, onde se reuniram com Dhlakama, e tudo indica que eles deverão se avistar com o Presidente Nyusi para apresentar um informe sobre o referido encontro.
Citado hoje pela estação de televisão independente STV, o porta-voz dos mediadores e reitor da Universidade Politécnica, Lourenço do Rosário, disse acreditar que um encontro cara-a-cara entre Nyusi e Dhlakama poderia ajudar a quebrar o impasse sobre os pontos dois e três da agenda do diálogo político, referentes a defesa e segurança e despartidarização do aparelho do Estado.
O diálogo também não regista progressos sobre o desarmamento e desmobilização das forças residuais da Renamo, que se recusa a entregar a lista de nomes das pessoas que deseja ver incorporadas nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e na Polícia da Republica de Moçambique (PRM).
A Renamo também insiste na paridade nas posições de chefia das FADM e PRM.
O chefe da delegação do governo para o diálogo, José Pacheco, já chamou a atenção para a contradição das posições da Renamo que, por um lado, reclama a despartidarização do aparelho do Estado e, por outro, exige a partidarização das Forças de Defesa e Segurança.
Alguns progressos foram alcançados há duas semanas e chegou a haver esperanças da assinatura de uma declaração de princípios.
Contudo, no último instante a Renamo apareceu com uma nova exigência que impede os membros do governo, incluindo o Presidente a República, de realizar actividades políticas nas instituições do Estado.
O governo rejeitou essa exigência que considera de absurda pois, segundo Pacheco, que também ocupa o cargo de ministro da agricultura, seria o mesmo que desvirtuar todo o sentido de organização de uma nação e nós (governo) não abrimos mão disso.
Não são conhecidas as razões que levam os mediadores a acreditar que um encontro entre Nyusi e Dhlakama poderá ajudar a ultrapassar o impasse, pois nada indica que Pacheco ou Saimone Macuiana, sua contraparte da Renamo, estejam a operar sem o conhecimento e consentimento de seus líderes.
Num outro desenvolvimento, a PRM interceptou quinta-feira um camião que transportava material para uma base militar da Renamo, em Mazembe, no distrito de Gorongosa, na província central de Sofala.
A Rádio Moçambique reporta que o camião transportava 140 sacos de farinha, 10 sacos de milho, 8 bidões de 200 litros de óleo alimentar, 6 sacos de feijão de 50 quilogramas, 50 sacos de cimento, uma antena parabólica, televisor, rolos de fios e painéis. Na viatura seguia também um electricista.
O motorista e o electricista afirmaram que os produtos e o material se destinavam aos preparativos da deslocação do líder da Renamo à base de Mazembe.
Fonte: AIM – 13.03.2015
Sem comentários:
Enviar um comentário