“A Renamo era uma esperança que desiludiu o povo moçambicano”
- Manuel dos Santos, ex-presidente do Município de Nacala em entrevista exclusiva ao «Canal de Moçambique»
“Era contra a minha vontade que houvesse guerra”. “Fiz o que se deve fazer em domocracia” Na entrevista o ex-edil da capital portuária do Norte critica frontalmente o método autocrático de Afonso Dhlakama e acusa-o de ter precipitado o futuro da “perdiz” para o abismo ao expulsar jovens quadros e figuras que haveriam de suportar e levar a Renamo à frente. Chegou mesmo a afirmar que depois da expulsão de Daviz Simango “a Renamo perdeu a sua base de apoio”. “Perdeu muito, perdeu noventa por cento. Não por ser Daviz. Podia ser uma outra pessoa qualquer. Mas aquele procedimento arreou com a Renamo”.
Beira (Canal de Moçambique) – A liderança da Renamo está a empurrar Manuel dos Santos para fora do partido em mais uma purga das várias que Afonso Dhlakama tem vindo a fazer. Foi o próprio que nos disse, em entrevista que concedeu em exclusivo ao «Canal de Moçambique», na sua residência, na Beira, onde se encontra de férias. Manuel dos Santos lamenta que “devido às intrigas inter-pessoais e a uma ambição desmedida de se manter no posto”, o presidente da Renamo esteja a “destruir” a organização que “era a esperança do povo moçambicano”.
O presidente cessante do Conselho Municipal de Nacala, Manuel dos Santos (MS), disse ainda que a liderança da Renamo cortou todas as relações com ele e está a empurrando para fora do partido porque “à revelia” de Afonso Dhlakama, decidiu entregar as chaves à Frelimo e ao seu sucessor, Ossufo Chalé.
Instado a traçar uma antevisão do futuro do movimento que forçou o reconhecimento dos Direitos Humanos, a consagração da democracia e o pluralismo multi-partidário, bem como outras liberdades e garantias na Constituição de Moçambique, entretanto transformado em partido após o Acordo Geral de Paz de Roma, e que ainda é o maior partido de oposição em Moçambique, Manuel dos Santos opinou que a Renamo “foi a esperança do povo moçambicano, mas o povo acabou se desiludindo com ela”.
Lei a seguir em discurso direito como foi a entrevista que Manuel dos Santos, ex-edil de Nacala-Porto, concedeu ao «Canal de Moçambique»
Canal - Qual é o balanço que faz, depois de cinco anos à frente do Município de Nacala?
Manuel dos Santos (MS): Durante a minha governação houve muitas barreiras, como é o caso da dupla administração que a Frelimo colocou. Com advento da governação da Renamo, a Frelimo colocou lá um encarregado do Governo no município, que tinha a missão de dificultar o meu trabalho, denegrindo o meu partido. No País democrático, deveria ter havido coordenação, ao invés do que aconteceu. Faltou compreensão da democracia. A democracia é cara, exige que haja pessoas tolerantes, que saibam perdoar. A representação do Estado devia reunir na eventualidade de uma situação análoga. Aquilo que passei foi um revés tendo em vista apagar-se a democracia. Apesar disso, fiz um trabalho visível para o desenvolvimento de Nacala.
Canal - A “guerra de água” que se vivia em Nacala, onde assistimos a completa escassez do líquido e o Governo imputando responsabilidade à edilidade, terá influenciado os resultados da eleição em que saiu derrotado?
MS: Não é em pouco tempo que será resolvida a questão da falta de água em Nacala. Agora sei que há um projecto, que ficou congelado porque não queriam que fosse a Renamo a implementá-lo. A cidade precisa de água. Ela tem muitas fontes, que poderiam ser bem aproveitadas. Houve erros graves na dimensão das tubagens e por isso a capacidade de resposta não é boa.
Não merecemos a devida atenção do Conselho Constitucional
Canal - Atendendo a que Nacala foi berço da oposição, o que acha que levou à mudança repentina dos eleitores, que preteriram a Renamo e Manuel dos Santos em favor da Frelimo e Ossufo Chale?
MS: Eu não diria que foi a população que determinou as mudanças, mas sim as imposições políticas. Houve um trabalho que deu a entender que a população foi quem decidiu. Fizemos demarches que provaram que houve fraude, mas não merecemos a devida atenção do Conselho Constitucional. Todo mundo sabe o que aconteceu. Tínhamos esperança que o Conselho Constitucional iria tomar a reclamação a peito. Eu percebi que na decisão do CC havia uma força maior que o obrigou a validar o resultado para que se entregasse Nacala à Frelimo. O que verifiquei é que a imposição é tal que se viveu um período de tensão muito grande em Nacala, para onde foram chamados tanques, armas. Não sei se aquilo se direccionava à população ou aos membros da Renamo. Achei que não podia dar espaço a isto. Quis evitar a guerra. Neste momento em que tanto se fala de paz no mundo, achei que não se poderia derramar sangue por causa do Conselho Municipal de Nacala. O poder é efémero. Passa e volta. Na minha consciência, contra todas as pressões contrárias, acabei entregando as chaves, porque quis salvar vidas. Ao fazer isto não fui compreendido: Fui um grande traidor do partido. Hão-de dizer que recebi dinheiro. Mas a história irá absolver-me. O partido deveria reverificar a minha posição, chamar-me. Ninguém quis saber de mim. Foram aos órgãos de comunicação social chamar-me traidor. Acabar me misturando com Dom Jaime, uma pessoa que pensa da sua maneira e tem as suas convicções.
Era contra a minha vontade que houvesse guerra
Canal - As suas relações com a Renamo esfriaram-se?
MS: Acho que sim. Cortaram-se todas as linhas de comunicação. Ao longo da transição mantinha contactos regulares com o presidente Dhlakama, com os deputados. Mas tudo eclipsou-se. Comuniquei-lhes a situação tensa na cidade, mas me diziam que deixasse como estava. Era contra minha vontade que não houvesse guerra. A cidade é pequena. Muita gente iria morrer. Os alvos já estavam identificados. Eu não sei dizer se a Renamo tinha lá seus homens armados. Seria uma chacina, uma limpeza, vamos dizer, étnica. Eu falei dos riscos todos, mas diziam que deixasse as coisas com eles. Iria haver mortos e depois alguém iria aparecer a dizer que no país não há democracia. Em Nacala as pessoas optaram por ficar em casa.
Dificuldade de Dhlakama
Canal - Depois da situação que descreveu, alguma vez tentou falar com Dhlakama?
MS: Eu conheço o presidente que tenho. Uma pessoa que foi muito chegada, amiga, mas que tem essa particularidade. Dificilmente consegue se aproximar dos seus subordinados, dizer, apesar de tudo que aconteceu, preciso falar consigo, dizer vem cá eu quero entender o que aconteceu. Se há uma chicotada, que me desse nessa altura.
Fiz o que se deve fazer em democracia
Canal - Dhlakama fechou-se?
MS: Sim, mas não sei porquê fez isso. Isto contribuiu muito para a queda de quadros, de pessoas. O dirigente é o pai de muitos. Ele tem que saber educar, relacionar, perdoar. Há noutros partidos gente que é repreendida e dão-lhes outras tarefas. O que estamos a verificar no meu partido, que já não sei se é o meu ou dos outros, quando uma pessoa falha põem-no de lado. Mas eu não falhei. Eu fiz o que devia ser feito. Democraticamente eu fiz o que devia fazer. Pode doer, mesmo a mim doeu perder o poder. Mas tinha que ser assim. Não era justo que morresse uma que fosse a pessoa para que eu sentasse no poder.
Já não sou querido na Renamo
Canal - Tem estado a equacionar se continua na Renamo ou vai para outro partido?
MS: Ainda é muito prematuro responder a essa pergunta. As coisas estão frescas. Há uma doença. Quando o bicho político entra na cabeça há-de sempre mexer com a cabeça dessa pessoa, que vai registando coisas erradas. Com certeza quando isso ocorrer vou-me juntar a um grupo que corresponde às minhas aspirações. Eu penso que devia continuar na Renamo, mas já não posso me agarrar num sítio onde já não sou querido. Lamento muito este tipo de procedimento.
Canal - Há quantos anos está filiado na Renamo?
MS: Desde 1981.
Canal - Pode nos dizer uma obra sua concreta, de que se sente orgulhoso?
MS: São as duas vias principais de Nacala, que no mandato anterior estavam esquecidas, obras na entrada do hospital, que era uma dor de cabeça. Fiz um centro de saúde a 20 kms da sede do município, uma escola, fizemos muito trabalho de protecção costeira, reposição de solos nas vias. Em termos de construção, abrimos espaço para que todo e qualquer um pudesse construir a sua casa. Se for a Nacala vai ver isso. Mas há mais coisas que deviam ser feitas, como duas obras de vias de acesso na cidade baixa. Nos outros tempos nunca foram mexidos. Comprámos uma máquina de “Pave’s”, tractores, carros de lixo, obras, máquinas bulldozer. Formámos quadros de nível superior, que não havia anteriormente.
Recebi ameaças de morte
Canal - Terá sido vítima de uma agressão ou recebido alguma ameaça?
MS: Não fui batido. felizmente ninguém me tocou. Recebi ameaças de morte. Uma mensagem que está no meu telefone celular, cujo teor é o seguinte: “Você entregou o Município de Nacala à Frelimo. Queremos o município de volta para a Renamo. Eu sou membro da Renamo, devolva o município. Se você não fizer isto nós vamos te matar.” Peguei no telefone e fiz uma chamada para a pessoa e ela respondeu: “De facto, é isso que você viu na mensagem.” Eu quis saber quem era ele e me respondeu que não “interessa saber. Eu sou membro da Renamo.” E desligou o telefone. Isto deu-se pouco depois de eu ter anunciado que entregaria as chaves ao vencedor da Frelimo, Ossufo Chalé.
Passados dias recebi em minha casa uma pessoa que disse ter sido mandatado pelos religiosos muçulmanos, o qual me dissera que não deveria entregar o município ao Chale, mesmo apesar de me ter comprometido nesse sentido.
Eu perguntei, se eu não entregar o que iria acontecer? Irá se responsabilizar pelas consequências daí advenientes? A pessoa se foi e nunca trouxe resposta. Mas eu já me tinha decido a entregar. Com certeza, acabei entregando. Antes disso, no dia anterior à a entrega, peguei no telefone e tentei falar com o presidente Dhlakama. Não consegui. Falei com um dos deputados da Renamo, e lhe pus ao corrente da situação. Este me recomendou a desaparecer, que deixasse tudo e sumisse daí. Me aconselhou a deixar a casa e o edifício do Conselho Municipal à disposição, ir para onde achava melhor, pois estava interdito de assistir à cerimónia de transição de poder. Achei ridículo. O presidente da Assembleia Municipal fê-lo tal como o recomendaram, mas no meu caso era diferente. Eu devia responder pelos fundos que entraram no município. Era muito dinheiro. Era da minha responsabilidade. Eu não podia abandonar naquela situação. Não seria prático abandonar, pegar o carro e desaparecer, quando estamos em paz. Foi por isso que procedi da maneira que se conhece. Aliás, no encontro que tive com o partido havia explicado as razões que me levariam a tal procedimento.
Apanhado na correlação de forças
Canal - Como é que olha o seu futuro político, depois de ser considerado traidor ?
MS: Um agricultor tem que saber perder. Um agricultor faz uma grande machamba. Tem esperança que vai produzir, mas depois não sabe se a chuva há-de cair. Ou o regadio não foi eficiente. Acaba não tendo nada, mas não significa que tem deixar de ir a machamba. Eu sinto que apesar desta frustração do meu partido, penso que foi uma acção programada. Porque primeiro sendo eu familiar de Daviz Simango, me interrogo se não teria sido apanhado nesta onda de correlação de forças. Segundo, as pessoas podem estar a pensar assim, mas de maneira nenhuma não posso cortar relação com Simango. Ademais temos em comum o facto de termos sido colegas. Terceiro, não sou impedido de ir a qualquer que seja o partido. A via não devia ser esta.
Afastaram-me quanto antes
Canal - Considera que está a ser forçado a deixar a Renamo?
MS: A percepção para eles é que a entrega das chaves sobrevinha a tudo o resto, com todas as consequências daí advenientes. A ideia é que não iria para nenhum partido, como também não ficaria na Renamo. Penso que também devem estar a pensar que depois de entregar o município fui para o MDM. Daí devem ter decido precipitar os acontecimentos, antes que eu manifeste a minha posição. Afastaram-me quanto antes. De toda a maneira estou ainda a pensar no meu futuro. Se eu achar que devo ir ao MDM vou, se achar que não, não.
Sempre falo com Daviz Simango
Canal - Já teria recebido um convite do MDM nesse sentido, depois que foi chamado traidor?
MS: Sempre falo com Daviz Simango. Mesmo que eu lá for não será nenhum pecado. Estou consciente, se alguém se quisesse aproveitar do meu pensamento, acção, já o teria dito. Eu não sei como um indivíduo deve ser compreendido, a democracia exige esforço.
Muita solidariedade em Moçambique
Canal - Terá recebido alguma solidariedade da parte dos embaixadores, comunidade internacional?
MS: Recebi telefonema de uma pessoa que já conhecia, da Suécia. Ligou-me a dar-me forças. Também recebi telefonema de uma outra pessoa que está naquele país que me saudou pela minha decisão. De Moçambique recebi muita solidariedade.
Estranha maneira da Renamo perder tudo
Canal - A Renamo perdeu todos os cinco municípios que detinha. Agora é essa questão melindrosa de Nacala, em que está envolvido. O que acha na sua óptica que está a falhar na Renamo?
MS: É estranha a maneira como nós perdemos. Logo os cinco municípios. Deveriam ter restado um ou dois sobre a nossa gestão. E perdemos outros, que considerávamos potencialmente nossos: dez, quinze, vinte. A nossa perspectiva para essas eleições era de atingirmos acima de trinta municípios. Mas à medida que fomos avançando para o período eleitoral vi muitas movimentações estranhas. Todo o membro da Renamo achava-se presidenciável. A própria direcção não conseguiu gerir isso. Nessa acção havia muita informação da base dirigida ao topo, intrigas, que fulano é isto, aquilo, aqueloutro. Fabricaram-se mentiras, sobre pseudo-conexões entre algum e outra vítima com a Frelimo. Isto desorientou a liderança, a cabeça do partido. Um dirigente tem que saber seleccionar as coisas, de contrário dá nisto. Vi um Conselho Nacional muito estranho na Renamo, em Quelimane. Para mim, aquilo não foi nenhum Conselho Nacional. Foi uma reunião que se convocou onde apenas falaram duas pessoas que disseram o que queriam. É esta falha que tem que ser corrigida. Quem estiver como cabeça tem que saber ouvir e tem que ouvir a pessoa acusada. Não se pode julgar a pessoa, à revelia. Deviam ouvir o Daviz, falar com ele, e ouvir da sua justiça. Para mim, Daviz Simango não fez nada. Ele me dizia que o seu compromisso era com a Renamo. Antes da sua expulsão vi que ele já tinha organizado material propagandístico com bandeiras da Renamo. Ele fê-lo com muita antecedência. E porquê o tomam por rebelde? Fabriaram mentiram, e se não for mentira alguém foi comprado para afastar o Daviz Simango do concurso às eleições autárquicas. A direcção do partido precisa de ser trabalhada. Há muita intriga na Renamo. Tenho muita pena. O povo tinha muita esperança na Renamo. Infelizmente desvaneceu. A Renamo demonstrou incapacidade. Na cabeça da Renamo há muita coisa que tem que ser mexida. Eu já assisti a um encontro em que se dizia que Daviz é uma criança. Mas afinal hoje nós somos pais. Levamos um filho ao colo. Educamo-lo, amanhã passados vinte anos, ele se forma, torna-se doutor e caminha com os seus próprios pés, tornando-se homem de amanhã. O que nós esperamos desse homem? O Daviz não é criança. Já bebeu muita política. Tem o seu pensamento. Não é justo que o tratemos dessa maneira. É ali onde a política da Renamo falha. Não considerar os seus quadros.
Depois de Daviz Simango sair da Renamo…
Canal - Depois que Daviz Simango foi expulso, acha que a Renamo perdeu a sua base de apoio?
MS: Perdeu muito. Noventa por cento. Não por ser Daviz. Podia ser uma outra pessoa qualquer. Mas aquele procedimento arriou com a Renamo. Isto que estou a dizer é bom que registe bem. Não por ser Daviz Simango, mas por se tratar de um político. Um político que fez um trabalho que toda gente viu e gostou. Valorizou outros municípios.
A Renamo caiu 90% por ter tirado o Daviz
Canal - Acredita que as expulsões que se tornaram uma prática dentro da Renamo há-de ter contribuído para a perda de fé na parte das bases que a suportavam?
MS: Isto não pode duvidar. Retirou.
Canal - A sua ilação é de que a Renamo não pode continuar a expulsar pessoa?
MS: Não pode fazer isto. A mim já me puseram fora. Ao Daviz Também. Mas se a Renamo quer ser um partido, que quer avançar, se a Renamo quer ser uma oposição credível, não pode continuar com esse procedimento. Tem que valorizar os seus quadros. A Renamo arriou noventa por cento por ter tirado o Daviz. Marcou-se passos para traz. Faltou seriedade. Isto é ambição do poder. Lá em cima. Sustenta-se que Daviz queria ser presidente do partido, o que duvido muito. Eu converso com Simango. Em nenhum momento ele me disse que estava interessado de deter a liderança do partido. O facto teve sua origem na imprensa que começou a tratar o Daviz Simango como alguém capaz de suceder a liderança da Renamo. Acho que a imprensa apenas viu o empenho do Daviz Simango. No meu lugar, ao invés de se chegar aonde se chegou, eu chamava o Daviz, dentro do espírito democrático, e punha-o como secretário-geral. Faltou conversa.
Dhlakama assustado com Daviz
Canal - A partir do momento que Daviz Simango começou a ter uma projecção nacional assustou a direcção da Renamo?
MS: Assustou a liderança, que acha que não podia ser outra pessoa se não ela. A certas coisas que deveriam ser feitas. Sacrificou-se a sobrevivência do partido, em benefício de vantagens pessoas. O que vai acontecer agora é que o partido deverá trabalhar muito para reaver o que perdeu. Não sei o que se deve fazer. Mas o partido deve trabalhar. Eu não estou contra o partido Renamo. Fui à Renamo por vontade própria. Deu o meu máximo. Os municípios que perdemos eram uma base importante para as eleições presidenciais. Não é fácil começar de zero.
Nunca falei com D. Jaime
Canal - A liderança da Renamo tomou o Arcebispo Dom Jaime Gonçalves como um traidor na mesma linha consigo e Daviz Simango. Já teve algum contacto com o Arcebispo Dom Jaime?
MS: Nunca falei com Dom Jaime Gonçalves.
Canal - Não terá recebido alguma pressão da Igreja Católica para entregar as chaves?
MS: Nem da Igreja católica nem da Igreja Protestante.
Estou de férias
Canal - Vai regressar às Águas de Nacala, agora que cessou as funções no Conselho Municipal?
MS: Estou de férias. Ainda não mexi nada. Eu preciso de férias. Na sei se eu volto para as Águas de Nacala. Quando sai para o Município fiz um pedido escrito nesse sentido.
(Adelino Timóteo) 22-04-2009
Fonte: Canal de Mocambique.
- Manuel dos Santos, ex-presidente do Município de Nacala em entrevista exclusiva ao «Canal de Moçambique»
“Era contra a minha vontade que houvesse guerra”. “Fiz o que se deve fazer em domocracia” Na entrevista o ex-edil da capital portuária do Norte critica frontalmente o método autocrático de Afonso Dhlakama e acusa-o de ter precipitado o futuro da “perdiz” para o abismo ao expulsar jovens quadros e figuras que haveriam de suportar e levar a Renamo à frente. Chegou mesmo a afirmar que depois da expulsão de Daviz Simango “a Renamo perdeu a sua base de apoio”. “Perdeu muito, perdeu noventa por cento. Não por ser Daviz. Podia ser uma outra pessoa qualquer. Mas aquele procedimento arreou com a Renamo”.
Beira (Canal de Moçambique) – A liderança da Renamo está a empurrar Manuel dos Santos para fora do partido em mais uma purga das várias que Afonso Dhlakama tem vindo a fazer. Foi o próprio que nos disse, em entrevista que concedeu em exclusivo ao «Canal de Moçambique», na sua residência, na Beira, onde se encontra de férias. Manuel dos Santos lamenta que “devido às intrigas inter-pessoais e a uma ambição desmedida de se manter no posto”, o presidente da Renamo esteja a “destruir” a organização que “era a esperança do povo moçambicano”.
O presidente cessante do Conselho Municipal de Nacala, Manuel dos Santos (MS), disse ainda que a liderança da Renamo cortou todas as relações com ele e está a empurrando para fora do partido porque “à revelia” de Afonso Dhlakama, decidiu entregar as chaves à Frelimo e ao seu sucessor, Ossufo Chalé.
Instado a traçar uma antevisão do futuro do movimento que forçou o reconhecimento dos Direitos Humanos, a consagração da democracia e o pluralismo multi-partidário, bem como outras liberdades e garantias na Constituição de Moçambique, entretanto transformado em partido após o Acordo Geral de Paz de Roma, e que ainda é o maior partido de oposição em Moçambique, Manuel dos Santos opinou que a Renamo “foi a esperança do povo moçambicano, mas o povo acabou se desiludindo com ela”.
Lei a seguir em discurso direito como foi a entrevista que Manuel dos Santos, ex-edil de Nacala-Porto, concedeu ao «Canal de Moçambique»
Canal - Qual é o balanço que faz, depois de cinco anos à frente do Município de Nacala?
Manuel dos Santos (MS): Durante a minha governação houve muitas barreiras, como é o caso da dupla administração que a Frelimo colocou. Com advento da governação da Renamo, a Frelimo colocou lá um encarregado do Governo no município, que tinha a missão de dificultar o meu trabalho, denegrindo o meu partido. No País democrático, deveria ter havido coordenação, ao invés do que aconteceu. Faltou compreensão da democracia. A democracia é cara, exige que haja pessoas tolerantes, que saibam perdoar. A representação do Estado devia reunir na eventualidade de uma situação análoga. Aquilo que passei foi um revés tendo em vista apagar-se a democracia. Apesar disso, fiz um trabalho visível para o desenvolvimento de Nacala.
Canal - A “guerra de água” que se vivia em Nacala, onde assistimos a completa escassez do líquido e o Governo imputando responsabilidade à edilidade, terá influenciado os resultados da eleição em que saiu derrotado?
MS: Não é em pouco tempo que será resolvida a questão da falta de água em Nacala. Agora sei que há um projecto, que ficou congelado porque não queriam que fosse a Renamo a implementá-lo. A cidade precisa de água. Ela tem muitas fontes, que poderiam ser bem aproveitadas. Houve erros graves na dimensão das tubagens e por isso a capacidade de resposta não é boa.
Não merecemos a devida atenção do Conselho Constitucional
Canal - Atendendo a que Nacala foi berço da oposição, o que acha que levou à mudança repentina dos eleitores, que preteriram a Renamo e Manuel dos Santos em favor da Frelimo e Ossufo Chale?
MS: Eu não diria que foi a população que determinou as mudanças, mas sim as imposições políticas. Houve um trabalho que deu a entender que a população foi quem decidiu. Fizemos demarches que provaram que houve fraude, mas não merecemos a devida atenção do Conselho Constitucional. Todo mundo sabe o que aconteceu. Tínhamos esperança que o Conselho Constitucional iria tomar a reclamação a peito. Eu percebi que na decisão do CC havia uma força maior que o obrigou a validar o resultado para que se entregasse Nacala à Frelimo. O que verifiquei é que a imposição é tal que se viveu um período de tensão muito grande em Nacala, para onde foram chamados tanques, armas. Não sei se aquilo se direccionava à população ou aos membros da Renamo. Achei que não podia dar espaço a isto. Quis evitar a guerra. Neste momento em que tanto se fala de paz no mundo, achei que não se poderia derramar sangue por causa do Conselho Municipal de Nacala. O poder é efémero. Passa e volta. Na minha consciência, contra todas as pressões contrárias, acabei entregando as chaves, porque quis salvar vidas. Ao fazer isto não fui compreendido: Fui um grande traidor do partido. Hão-de dizer que recebi dinheiro. Mas a história irá absolver-me. O partido deveria reverificar a minha posição, chamar-me. Ninguém quis saber de mim. Foram aos órgãos de comunicação social chamar-me traidor. Acabar me misturando com Dom Jaime, uma pessoa que pensa da sua maneira e tem as suas convicções.
Era contra a minha vontade que houvesse guerra
Canal - As suas relações com a Renamo esfriaram-se?
MS: Acho que sim. Cortaram-se todas as linhas de comunicação. Ao longo da transição mantinha contactos regulares com o presidente Dhlakama, com os deputados. Mas tudo eclipsou-se. Comuniquei-lhes a situação tensa na cidade, mas me diziam que deixasse como estava. Era contra minha vontade que não houvesse guerra. A cidade é pequena. Muita gente iria morrer. Os alvos já estavam identificados. Eu não sei dizer se a Renamo tinha lá seus homens armados. Seria uma chacina, uma limpeza, vamos dizer, étnica. Eu falei dos riscos todos, mas diziam que deixasse as coisas com eles. Iria haver mortos e depois alguém iria aparecer a dizer que no país não há democracia. Em Nacala as pessoas optaram por ficar em casa.
Dificuldade de Dhlakama
Canal - Depois da situação que descreveu, alguma vez tentou falar com Dhlakama?
MS: Eu conheço o presidente que tenho. Uma pessoa que foi muito chegada, amiga, mas que tem essa particularidade. Dificilmente consegue se aproximar dos seus subordinados, dizer, apesar de tudo que aconteceu, preciso falar consigo, dizer vem cá eu quero entender o que aconteceu. Se há uma chicotada, que me desse nessa altura.
Fiz o que se deve fazer em democracia
Canal - Dhlakama fechou-se?
MS: Sim, mas não sei porquê fez isso. Isto contribuiu muito para a queda de quadros, de pessoas. O dirigente é o pai de muitos. Ele tem que saber educar, relacionar, perdoar. Há noutros partidos gente que é repreendida e dão-lhes outras tarefas. O que estamos a verificar no meu partido, que já não sei se é o meu ou dos outros, quando uma pessoa falha põem-no de lado. Mas eu não falhei. Eu fiz o que devia ser feito. Democraticamente eu fiz o que devia fazer. Pode doer, mesmo a mim doeu perder o poder. Mas tinha que ser assim. Não era justo que morresse uma que fosse a pessoa para que eu sentasse no poder.
Já não sou querido na Renamo
Canal - Tem estado a equacionar se continua na Renamo ou vai para outro partido?
MS: Ainda é muito prematuro responder a essa pergunta. As coisas estão frescas. Há uma doença. Quando o bicho político entra na cabeça há-de sempre mexer com a cabeça dessa pessoa, que vai registando coisas erradas. Com certeza quando isso ocorrer vou-me juntar a um grupo que corresponde às minhas aspirações. Eu penso que devia continuar na Renamo, mas já não posso me agarrar num sítio onde já não sou querido. Lamento muito este tipo de procedimento.
Canal - Há quantos anos está filiado na Renamo?
MS: Desde 1981.
Canal - Pode nos dizer uma obra sua concreta, de que se sente orgulhoso?
MS: São as duas vias principais de Nacala, que no mandato anterior estavam esquecidas, obras na entrada do hospital, que era uma dor de cabeça. Fiz um centro de saúde a 20 kms da sede do município, uma escola, fizemos muito trabalho de protecção costeira, reposição de solos nas vias. Em termos de construção, abrimos espaço para que todo e qualquer um pudesse construir a sua casa. Se for a Nacala vai ver isso. Mas há mais coisas que deviam ser feitas, como duas obras de vias de acesso na cidade baixa. Nos outros tempos nunca foram mexidos. Comprámos uma máquina de “Pave’s”, tractores, carros de lixo, obras, máquinas bulldozer. Formámos quadros de nível superior, que não havia anteriormente.
Recebi ameaças de morte
Canal - Terá sido vítima de uma agressão ou recebido alguma ameaça?
MS: Não fui batido. felizmente ninguém me tocou. Recebi ameaças de morte. Uma mensagem que está no meu telefone celular, cujo teor é o seguinte: “Você entregou o Município de Nacala à Frelimo. Queremos o município de volta para a Renamo. Eu sou membro da Renamo, devolva o município. Se você não fizer isto nós vamos te matar.” Peguei no telefone e fiz uma chamada para a pessoa e ela respondeu: “De facto, é isso que você viu na mensagem.” Eu quis saber quem era ele e me respondeu que não “interessa saber. Eu sou membro da Renamo.” E desligou o telefone. Isto deu-se pouco depois de eu ter anunciado que entregaria as chaves ao vencedor da Frelimo, Ossufo Chalé.
Passados dias recebi em minha casa uma pessoa que disse ter sido mandatado pelos religiosos muçulmanos, o qual me dissera que não deveria entregar o município ao Chale, mesmo apesar de me ter comprometido nesse sentido.
Eu perguntei, se eu não entregar o que iria acontecer? Irá se responsabilizar pelas consequências daí advenientes? A pessoa se foi e nunca trouxe resposta. Mas eu já me tinha decido a entregar. Com certeza, acabei entregando. Antes disso, no dia anterior à a entrega, peguei no telefone e tentei falar com o presidente Dhlakama. Não consegui. Falei com um dos deputados da Renamo, e lhe pus ao corrente da situação. Este me recomendou a desaparecer, que deixasse tudo e sumisse daí. Me aconselhou a deixar a casa e o edifício do Conselho Municipal à disposição, ir para onde achava melhor, pois estava interdito de assistir à cerimónia de transição de poder. Achei ridículo. O presidente da Assembleia Municipal fê-lo tal como o recomendaram, mas no meu caso era diferente. Eu devia responder pelos fundos que entraram no município. Era muito dinheiro. Era da minha responsabilidade. Eu não podia abandonar naquela situação. Não seria prático abandonar, pegar o carro e desaparecer, quando estamos em paz. Foi por isso que procedi da maneira que se conhece. Aliás, no encontro que tive com o partido havia explicado as razões que me levariam a tal procedimento.
Apanhado na correlação de forças
Canal - Como é que olha o seu futuro político, depois de ser considerado traidor ?
MS: Um agricultor tem que saber perder. Um agricultor faz uma grande machamba. Tem esperança que vai produzir, mas depois não sabe se a chuva há-de cair. Ou o regadio não foi eficiente. Acaba não tendo nada, mas não significa que tem deixar de ir a machamba. Eu sinto que apesar desta frustração do meu partido, penso que foi uma acção programada. Porque primeiro sendo eu familiar de Daviz Simango, me interrogo se não teria sido apanhado nesta onda de correlação de forças. Segundo, as pessoas podem estar a pensar assim, mas de maneira nenhuma não posso cortar relação com Simango. Ademais temos em comum o facto de termos sido colegas. Terceiro, não sou impedido de ir a qualquer que seja o partido. A via não devia ser esta.
Afastaram-me quanto antes
Canal - Considera que está a ser forçado a deixar a Renamo?
MS: A percepção para eles é que a entrega das chaves sobrevinha a tudo o resto, com todas as consequências daí advenientes. A ideia é que não iria para nenhum partido, como também não ficaria na Renamo. Penso que também devem estar a pensar que depois de entregar o município fui para o MDM. Daí devem ter decido precipitar os acontecimentos, antes que eu manifeste a minha posição. Afastaram-me quanto antes. De toda a maneira estou ainda a pensar no meu futuro. Se eu achar que devo ir ao MDM vou, se achar que não, não.
Sempre falo com Daviz Simango
Canal - Já teria recebido um convite do MDM nesse sentido, depois que foi chamado traidor?
MS: Sempre falo com Daviz Simango. Mesmo que eu lá for não será nenhum pecado. Estou consciente, se alguém se quisesse aproveitar do meu pensamento, acção, já o teria dito. Eu não sei como um indivíduo deve ser compreendido, a democracia exige esforço.
Muita solidariedade em Moçambique
Canal - Terá recebido alguma solidariedade da parte dos embaixadores, comunidade internacional?
MS: Recebi telefonema de uma pessoa que já conhecia, da Suécia. Ligou-me a dar-me forças. Também recebi telefonema de uma outra pessoa que está naquele país que me saudou pela minha decisão. De Moçambique recebi muita solidariedade.
Estranha maneira da Renamo perder tudo
Canal - A Renamo perdeu todos os cinco municípios que detinha. Agora é essa questão melindrosa de Nacala, em que está envolvido. O que acha na sua óptica que está a falhar na Renamo?
MS: É estranha a maneira como nós perdemos. Logo os cinco municípios. Deveriam ter restado um ou dois sobre a nossa gestão. E perdemos outros, que considerávamos potencialmente nossos: dez, quinze, vinte. A nossa perspectiva para essas eleições era de atingirmos acima de trinta municípios. Mas à medida que fomos avançando para o período eleitoral vi muitas movimentações estranhas. Todo o membro da Renamo achava-se presidenciável. A própria direcção não conseguiu gerir isso. Nessa acção havia muita informação da base dirigida ao topo, intrigas, que fulano é isto, aquilo, aqueloutro. Fabricaram-se mentiras, sobre pseudo-conexões entre algum e outra vítima com a Frelimo. Isto desorientou a liderança, a cabeça do partido. Um dirigente tem que saber seleccionar as coisas, de contrário dá nisto. Vi um Conselho Nacional muito estranho na Renamo, em Quelimane. Para mim, aquilo não foi nenhum Conselho Nacional. Foi uma reunião que se convocou onde apenas falaram duas pessoas que disseram o que queriam. É esta falha que tem que ser corrigida. Quem estiver como cabeça tem que saber ouvir e tem que ouvir a pessoa acusada. Não se pode julgar a pessoa, à revelia. Deviam ouvir o Daviz, falar com ele, e ouvir da sua justiça. Para mim, Daviz Simango não fez nada. Ele me dizia que o seu compromisso era com a Renamo. Antes da sua expulsão vi que ele já tinha organizado material propagandístico com bandeiras da Renamo. Ele fê-lo com muita antecedência. E porquê o tomam por rebelde? Fabriaram mentiram, e se não for mentira alguém foi comprado para afastar o Daviz Simango do concurso às eleições autárquicas. A direcção do partido precisa de ser trabalhada. Há muita intriga na Renamo. Tenho muita pena. O povo tinha muita esperança na Renamo. Infelizmente desvaneceu. A Renamo demonstrou incapacidade. Na cabeça da Renamo há muita coisa que tem que ser mexida. Eu já assisti a um encontro em que se dizia que Daviz é uma criança. Mas afinal hoje nós somos pais. Levamos um filho ao colo. Educamo-lo, amanhã passados vinte anos, ele se forma, torna-se doutor e caminha com os seus próprios pés, tornando-se homem de amanhã. O que nós esperamos desse homem? O Daviz não é criança. Já bebeu muita política. Tem o seu pensamento. Não é justo que o tratemos dessa maneira. É ali onde a política da Renamo falha. Não considerar os seus quadros.
Depois de Daviz Simango sair da Renamo…
Canal - Depois que Daviz Simango foi expulso, acha que a Renamo perdeu a sua base de apoio?
MS: Perdeu muito. Noventa por cento. Não por ser Daviz. Podia ser uma outra pessoa qualquer. Mas aquele procedimento arriou com a Renamo. Isto que estou a dizer é bom que registe bem. Não por ser Daviz Simango, mas por se tratar de um político. Um político que fez um trabalho que toda gente viu e gostou. Valorizou outros municípios.
A Renamo caiu 90% por ter tirado o Daviz
Canal - Acredita que as expulsões que se tornaram uma prática dentro da Renamo há-de ter contribuído para a perda de fé na parte das bases que a suportavam?
MS: Isto não pode duvidar. Retirou.
Canal - A sua ilação é de que a Renamo não pode continuar a expulsar pessoa?
MS: Não pode fazer isto. A mim já me puseram fora. Ao Daviz Também. Mas se a Renamo quer ser um partido, que quer avançar, se a Renamo quer ser uma oposição credível, não pode continuar com esse procedimento. Tem que valorizar os seus quadros. A Renamo arriou noventa por cento por ter tirado o Daviz. Marcou-se passos para traz. Faltou seriedade. Isto é ambição do poder. Lá em cima. Sustenta-se que Daviz queria ser presidente do partido, o que duvido muito. Eu converso com Simango. Em nenhum momento ele me disse que estava interessado de deter a liderança do partido. O facto teve sua origem na imprensa que começou a tratar o Daviz Simango como alguém capaz de suceder a liderança da Renamo. Acho que a imprensa apenas viu o empenho do Daviz Simango. No meu lugar, ao invés de se chegar aonde se chegou, eu chamava o Daviz, dentro do espírito democrático, e punha-o como secretário-geral. Faltou conversa.
Dhlakama assustado com Daviz
Canal - A partir do momento que Daviz Simango começou a ter uma projecção nacional assustou a direcção da Renamo?
MS: Assustou a liderança, que acha que não podia ser outra pessoa se não ela. A certas coisas que deveriam ser feitas. Sacrificou-se a sobrevivência do partido, em benefício de vantagens pessoas. O que vai acontecer agora é que o partido deverá trabalhar muito para reaver o que perdeu. Não sei o que se deve fazer. Mas o partido deve trabalhar. Eu não estou contra o partido Renamo. Fui à Renamo por vontade própria. Deu o meu máximo. Os municípios que perdemos eram uma base importante para as eleições presidenciais. Não é fácil começar de zero.
Nunca falei com D. Jaime
Canal - A liderança da Renamo tomou o Arcebispo Dom Jaime Gonçalves como um traidor na mesma linha consigo e Daviz Simango. Já teve algum contacto com o Arcebispo Dom Jaime?
MS: Nunca falei com Dom Jaime Gonçalves.
Canal - Não terá recebido alguma pressão da Igreja Católica para entregar as chaves?
MS: Nem da Igreja católica nem da Igreja Protestante.
Estou de férias
Canal - Vai regressar às Águas de Nacala, agora que cessou as funções no Conselho Municipal?
MS: Estou de férias. Ainda não mexi nada. Eu preciso de férias. Na sei se eu volto para as Águas de Nacala. Quando sai para o Município fiz um pedido escrito nesse sentido.
(Adelino Timóteo) 22-04-2009
Fonte: Canal de Mocambique.
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