Por Pedro Nacuo
NA quarta-feira, estive mais uma vez no nosso minúsculo mas bonito e acolhedor aeroporto de Pemba, não para cumprir um dos rituais em pequenas cidades, que é exactamente ir ao aeroporto, porque é lá onde parece que vemos uma outra realidade, no aeroporto experimenta-se um outro ambiente e lá se encontram e reencontram pessoas para recordar velhas amizades ou fazer novas. Desta vez era para acompanhar uma colega de serviço, por sinal minha chefe.
Mas o aeroporto da quarta-feira passada tinha outra particularidade: estava cheio de pessoas de Cabo Delgado, vestidas da mesma maneira, cor e a falar a mesma linguagem, para além de emprestar ao ambiente aquele frenesim que quando o partido maioritário está encontrado deixa mostrar.
Eram quadros do partido no poder, que iam a Maputo reunir-se para e falar de como (de novo) vão ganhar as eleições que se avizinham e fartei-me de apresentar à minha chefe aqueles de quem provavelmente tivesse ouvido alguma vez falar, que vinham de todos os pontos da província e de Pemba. São tantos assim, os quadros que a Frelimo tem?
Esta pergunta, apresentada em jeito de brincadeira, chamou a resposta de um amigo, depois que o avião levantou o voo, que também brincou dizendo que “a maioria é ardósia”. A seguir convidou-me a ler o “notícias” da semana anterior, para ir à publicidade onde se convocavam assembleias gerais de algumas empresas. Apontou uma página onde havia anúncios assinados pelos presidentes dos Conselhos da Administração ou de Mesa da Assembleia. Eram irmãos, pelo menos em três anúncios.
Um aparecia em dois como presidente de Mesa da Assembleia Geral e outro numa só. E disse mais: estes são presidentes de mais de nove empresas, em Moçambique, quer seja do Conselho da Administração quer seja dos Conselhos Fiscais ou outros órgãos sociais, para além de serem muitas vezes directores e permanentemente representantes do povo na magna casa, onde também chefiam comissões. Estes é que são quadros deste país!
O meu confidente diz que quadros são aqueles ministros que, perante uma situação em que qualquer um dos colegas deixa de o ser, são chamados a acumular as pastas, que as juntam com as outras atribuições socioeconómicas e políticas que já têm desde muito tempo. Na opinião do meu contrário, não são tantos quadros assim, como os que vimos na quarta-feira!...
Diz que não há quadros que cheguem ao número de 112 que vimos a embarcar para uma reunião de todo o país e pediu-me que não confundisse um encontro de camaradas com uma reunião de quadros, porque “ num país os quadros são poucos, os outros são ardósias” e eles são definidos conforme as conveniências.
Diz que não seria num país cheio de quadros em que numa mesma pessoa cabe: a presidência do Conselho da Administração duma empresa pública, a direcção duma empresa pública, a direcção duma instituição do Estado, a chefia duma Comissão Parlamentar, a presidência de um Conselho Fiscal, a presidência duma modalidade desportiva e a presidência duma organização de conterrâneos…
Não é num país cheio de quadros onde hoje se é PCA duma determinada empresa pública e que terminado o mandato, fica-se de férias… até uma nova nomeação, desta feita, de novo PCA doutra empresa pública. A isso chama-se, falta de quadros!
É falta de quadros indicar dirigente político, na terra, quem dá aulas, umas vezes no Marte outras vezes no Neptuno e estudante no Urano. E se terra significar Moçambique, aí teremos muito poucos ainda, se bem que, são muito poucos os deputados que são apenas políticos. Eles são muita coisa junta. Há muito subemprego no país, visto que cada um ganha por teoricamente fazer muita coisa, mas não rende em nenhuma delas o mínimo aceitável.
Ganha-se por se ser oficial na reserva, por ser antigo combatente, por ser deputado, por ser presidente do conselho de administração, director duma empresa, adjunto em outras quatro empresas, financeiro de mais uma, assessor duma determinada firma, consultor numa ONG, presidente do Conselho Fiscal em mais outra associação. Tudo isso numa mesma pessoa, que volta e meia tem a papelada a tramitar visando a criação de mais empresas e sociedades. Esses, sim, são quadros, que conseguem fazer tudo o que seria feito por todos!
Fonte: Jornal Notícias
NA quarta-feira, estive mais uma vez no nosso minúsculo mas bonito e acolhedor aeroporto de Pemba, não para cumprir um dos rituais em pequenas cidades, que é exactamente ir ao aeroporto, porque é lá onde parece que vemos uma outra realidade, no aeroporto experimenta-se um outro ambiente e lá se encontram e reencontram pessoas para recordar velhas amizades ou fazer novas. Desta vez era para acompanhar uma colega de serviço, por sinal minha chefe.
Mas o aeroporto da quarta-feira passada tinha outra particularidade: estava cheio de pessoas de Cabo Delgado, vestidas da mesma maneira, cor e a falar a mesma linguagem, para além de emprestar ao ambiente aquele frenesim que quando o partido maioritário está encontrado deixa mostrar.
Eram quadros do partido no poder, que iam a Maputo reunir-se para e falar de como (de novo) vão ganhar as eleições que se avizinham e fartei-me de apresentar à minha chefe aqueles de quem provavelmente tivesse ouvido alguma vez falar, que vinham de todos os pontos da província e de Pemba. São tantos assim, os quadros que a Frelimo tem?
Esta pergunta, apresentada em jeito de brincadeira, chamou a resposta de um amigo, depois que o avião levantou o voo, que também brincou dizendo que “a maioria é ardósia”. A seguir convidou-me a ler o “notícias” da semana anterior, para ir à publicidade onde se convocavam assembleias gerais de algumas empresas. Apontou uma página onde havia anúncios assinados pelos presidentes dos Conselhos da Administração ou de Mesa da Assembleia. Eram irmãos, pelo menos em três anúncios.
Um aparecia em dois como presidente de Mesa da Assembleia Geral e outro numa só. E disse mais: estes são presidentes de mais de nove empresas, em Moçambique, quer seja do Conselho da Administração quer seja dos Conselhos Fiscais ou outros órgãos sociais, para além de serem muitas vezes directores e permanentemente representantes do povo na magna casa, onde também chefiam comissões. Estes é que são quadros deste país!
O meu confidente diz que quadros são aqueles ministros que, perante uma situação em que qualquer um dos colegas deixa de o ser, são chamados a acumular as pastas, que as juntam com as outras atribuições socioeconómicas e políticas que já têm desde muito tempo. Na opinião do meu contrário, não são tantos quadros assim, como os que vimos na quarta-feira!...
Diz que não há quadros que cheguem ao número de 112 que vimos a embarcar para uma reunião de todo o país e pediu-me que não confundisse um encontro de camaradas com uma reunião de quadros, porque “ num país os quadros são poucos, os outros são ardósias” e eles são definidos conforme as conveniências.
Diz que não seria num país cheio de quadros em que numa mesma pessoa cabe: a presidência do Conselho da Administração duma empresa pública, a direcção duma empresa pública, a direcção duma instituição do Estado, a chefia duma Comissão Parlamentar, a presidência de um Conselho Fiscal, a presidência duma modalidade desportiva e a presidência duma organização de conterrâneos…
Não é num país cheio de quadros onde hoje se é PCA duma determinada empresa pública e que terminado o mandato, fica-se de férias… até uma nova nomeação, desta feita, de novo PCA doutra empresa pública. A isso chama-se, falta de quadros!
É falta de quadros indicar dirigente político, na terra, quem dá aulas, umas vezes no Marte outras vezes no Neptuno e estudante no Urano. E se terra significar Moçambique, aí teremos muito poucos ainda, se bem que, são muito poucos os deputados que são apenas políticos. Eles são muita coisa junta. Há muito subemprego no país, visto que cada um ganha por teoricamente fazer muita coisa, mas não rende em nenhuma delas o mínimo aceitável.
Ganha-se por se ser oficial na reserva, por ser antigo combatente, por ser deputado, por ser presidente do conselho de administração, director duma empresa, adjunto em outras quatro empresas, financeiro de mais uma, assessor duma determinada firma, consultor numa ONG, presidente do Conselho Fiscal em mais outra associação. Tudo isso numa mesma pessoa, que volta e meia tem a papelada a tramitar visando a criação de mais empresas e sociedades. Esses, sim, são quadros, que conseguem fazer tudo o que seria feito por todos!
Fonte: Jornal Notícias
12 comentários:
Amigo Reflectindo, estou a estranhar que nem voce, nem Carlos Serra (os mais activos propagandistas do MDM) nos estejam a dar noticias da viagem de Daviz a Machaze. Nao me digam que o fracaco foi tal que nem daa para noticiar.
Aguardamos ansiosamente os resultados das actividades do leader.
Alfredo Langa
Senhor Langa, porque não procura notícias sobre o MDM no Notícias, Domingo, RM e TVM? Esses orgãos de propaganda da Frelimo tambem deveriam divulgar as actividades do MDM!
Para que o Senhor Langa não alimente falsas expectativas, fique a saber que já há muito
tempo que o MDM trabalha nos distritos e que a sua mensagem está a ter grande aceitação.
Caro Alfredo Langa
Mais um desvio do assunto. O tema neste artigo de autoria de Pedro Nacuo é sobre quadros. Não é?
E nunca vais me dizer que te interessa o assunto do MDM porque nunca te vi a debater a não ser que usas um outro nome ou anonimato. Ao menos que comecasses por comentar este tema para introduzires algo do que perguntas ter-me-ias dado algum sinal de interesse ao debate sobre o MDM.
Do resto me deves muito lá no Diário de um sociólogo. Pedi-te dados que exiges aos outros.
"Vamos continuar a implementar o nosso lema de 'Mocambique para Alguns', por isso votem em nos, de modo a prosseguirmos com o saque aos recursos do pais"!
(Excerto do discurso de Guebuza na setima conferencia de Quadros! O que apareceu na imprensa oficiosa, foi uma versao censorizada!)
E nos do MDM vamos tentar implementar o nosso lema, Moçambique para os frustrados, ambiciosos ou os colonialistas como o José, que massacravam o povo Moçambicano. Por isso, a nossa primeira tarefa será ir a Europa e dizer aos patrões que estamos em processo de implantação e aproveitar pedir subsídios. Igualmente informo que a nossa comissão politica será maioritariamente composta por Brancos e Ndaus.
(Excerto do discurso do Daviz na Assembleia Constituinte do MDM, o que apareceu na imprensa foi versão censorizada!)
Caro Alfredo Langa,
Não te preocupes, já começou a derrocada do MDM. Brevemente teremos desenvolvimentos.
Orgulhosamente Moçambicano
Nuno Amorim
Nuno tens perguntas para responder em temas anteriores. É precisamente sobre Beira e Jó Capece. Este tema diz outra coisa que devias comentar.
Mas gosto de saber que lês sempre o que escrevemos na blogsfera.
O troglodita que por vezes se chama de Amorim, resolveu saír da sua caverna depois de uma longa ausência em que certamente se entreteu a lamber as feridas causadas pelas bagunças da Frelimo.
Numa postagem que fazia referência a quadros, eu esperava que este ave rara aproveitasse o tema para nos explicar o que está acontecendo com a frelimo na Beira. A sua opinião seria muito importante para mim pois este Amorim profetizou recentemente que a Frelimo iria dar lições de democracia na Beira. Em que ficamos, orgulhosamente confusionista?
Em vez de nos explicar as peripécias das aventuras frelimistas na Beira, e não só, este visionário vem atacar o MDM e aproveita a boleia para me insultar, chamando-me de colonialista. Em que se baseia para me atacar? De onde me conhece? Conhece as minhas credenciais de democrata e anti-racista? Eu nem sequer me vou dar ao trabalho de repudiar este dislate, prefiro seguir o preceito bíblico de que não se deve "dar pérolas a porcos".
Ao fazer afirmações temerárias, o troglodita deixou caír a máscara: sabíamos que ele é tribalista e agora ficamos a saber que também é racista. Este espertalhão de esgoto descobriu a minha raça, bem visível no meu perfil para provocar os racistas, e fez o que muitos cobardes fazem quando não teem argumentos convincentes: usam a cartada racial.
Amorim, as suas manobras estão bem identificadas e não passarão!
Orgulhosamente democrata,
José
Vai ficando cada vez mais claro quem estaa com o MDM, caro Amorim. Sao aqueles que diziam que o governo da Frelimo nao duraria 6 meses. Nem sequer desfizeram as malas laa onde se foram refugiar, na esperança dum regresso rápido. Frustraram-se naquela altura! Voltarão a frustrar-se em Outubro porque há coisas que a historia nunca premiou. Vamos manter alguns trunfos para serem usados na campanha. Nós conhecemos as coisas que o moçambicano odeia. E o MDM está a rodear-se desse tipo de coisas que irritam instintivamente o nosso povo.
Carlos Baloi
Daqui há pouco tratei dos racistas e tribalistas com a capa da Frelimo. De princípio eu podia retirar os comentários deles deste meu blog, mas deixo-os porque são importantes para os outros membros da Frelimo que se envergonham dos racistas e tribalistas usando uasando aquele partindo.
Não pensem que usam o anonimato em blogs de outros.
O Amorim Bila, ao inves de nos falar do "Mocambique para Alguns" que Pedro Nacuo de forma elucidativa nos revelou, vem aqui desviando o assunto, atacando pessoas e falando de colonialistas!!
Nao existe pior coisa que um colonialista negro, qual "senhor de escravos", maltratando os seus proprios irmaos a troco de "quinquilharias", como a Frelimo faz!!
Este Amorim Bila, e' um exemplo classico da mediocridade a que este partido chegou!! Que Amorim Bila e' um mediocre, todo o pais sabe! Alias, o seu proprio partido o escorracou, para evitar mais vergonha na STV! E' que, o individuo nao tem capacidade mesmo!
Mas, o quev muita gente nao sabe e' que este Amorim, depois de ter despoletado a crise na ex-UFICS (UEM), com tons abertamente racistas e, na posse do seu bacharelato, foi-lhe atribuido como "premio" uma bolsa para a Inglaterra em que, apos 2 anos, volta como "Mestrado" (uma versao "experimental" dos graduados que o padre Couto quer produzir na UEM). Por que primo ou sobrinho de Henrique Cossa (ex-vice ministro das obras publicas), volta e e' admitido como "assessor do ministro do interior"! Em vez de aparecer aqui a falr-nos de onde de crimes, dizer-nos onde esta Anibalzinho que se escapuliu pela 3a vez da cadeia "de maxima seguranca" ou dada a sua mediocridade, pedir ajuda a blogosfera para que a sua "assessoria" seja efectiva, este Amorim passa aqui a desvirtuar os debates, nao responder as questoes levantadas e fazer ataques sem significada!
Afinal, voce e' pago com o dinheiro dos nossos impostos para fazer trabalho de partidos politicos???????
Vem agora falar de "iminente derrocada do MDM"! Afinal, nao foi voce que andou aqui a propalar que o MDM nao era nada?? Como e' que se "derroca" nada?? Afinal estas preocupado, ne?? Em vez de aprender com se combate o crime, passa a vida a procurar destruir partidos politicos!!
Voce e' um exemplo classico da mediocridade a que chegou a Frelimo! Um individuo reconhecidamente sem capacidade (a ponto do seu proprio partido o expulsar da STV) e' assessor do "Ministro do Interior"!! Que crime e' que voce vai ajudar a combater!!
Aprenda a debater e responda as perguntas que te colocam!! Doutra maneira, poupe-nos da tua presenca!! E' realmente insuportavel estar aqui a lidar com tanta burrice!!
E, se nao tiveres respostas, como e' habitual, podes evocar "ataques pessoais" para te evadires, como e' caracteristico!!
Caros Reflectindo, Jonathan e José,
So estava a transcrever o discurso do Daviz na Assembleia Constituinte do MDM, tal como o Jonathan transcreveu o discurso do Guebuza na sétima reunião de quadros da Frelimo.
Afinal a sátira dói quando é contra nós!!!!!????????
Não chorem.
Orgulhosamente Moçambicano
Nuno Amorim
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