“Achamos que fica mal excluir os adolescentes mandando-os sair da sala de debates sobre o aborto alegando que o assunto não lhes diz respeito”, André Macauze, activista dos «Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens»
(Maputo) Os «Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens», do «Programa de Saúde Sexual e Reprodutivas para Adolescentes e Jovens», do «Hospital Central de Maputo» tem estado a orientar debates sobre a legalização ou não do aborto no país, bem como o uso do preservativo. Participam nesses eventos, tal como o «Canal de Moçambique» testemunhou a semana passada, para além de jovens, adolescentes ainda menores, com idades entre 13 a 15 anos. Há dias perguntámos à organização desses debates, quão lícita seria a participação de miúdos em debates sobre o aborto, que diga-se, é um problema que afecta pessoas de maior idade.
Segundo André Macauze, activista dos «Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens», “o facto de se discutir a legalização do aborto no país perante miúdos prende-se com o facto de se querer levar este grupo de faixa etária da adolescência a estar consciente do que é o aborto, principalmente o aborto clandestino que é um crime no país e que pode ter como consequência imediata a morte”.
“É necessário que fique claro que discutir o aborto perante os miúdos não é por falta de conhecimento de que os adolescentes ainda não estejam, talvez, em altura de discutir este tipo de assunto. Todos nós sabemos que hoje em dia já existem adolescentes que aparecem grávidas e na sua maioria não sabem por que é que isso terá acontecido”, disse Macauze e acrescentou: “Aqui os adolescentes estão a ouvir sobre quando e por que é que isso acontece”.
“Também achamos que fica mal excluir os adolescentes mandando-os sair da sala de debates sobre o aborto alegando que o assunto não lhes diz respeito. Estaríamos a violar as razões para as quais esta instituição foi criada, que é de fornecer aos adolescentes, assim como aos jovens, a escolha de caminhos a seguir com base nos aconselhamentos feitos por pessoas formadas e preparadas para atender vários assuntos de saúde sexual e reprodutiva de que a instituição dispõe para estas duas faixas etárias”. O mesmo interlocutor acrescentaria que “no fim, os adolescentes e jovens ficam mais habilitados a saber escolher o melhor caminho a seguir perante o que ouvem aqui e lá fora por intermédio da rádio, livros da escola, televisão e até mesmo entre os amigos”.
André Macauze, activista dos «Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens» não deixou de apontar o dedo acusador às mães. Segundo ele as mães não cultivam o diálogo com as filhas para melhor lhes falar da sexualidade e da reprodução e “deviam fazê-lo”.
(Emildo Sambo)
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